
Poucos filmes conseguem unir entretenimento de massa, virtuosismo técnico e paixão esportiva de forma tão eletrizante quanto F1. Um dos lançamentos mais esperados do ano, o longa estreia acelerando no máximo e não tira o pé do acelerador por dois intensos atos. A abertura, impactante e sensorial, já entra para a lista das melhores sequências de início dos últimos anos. E o que vem depois só confirma: F1 não é apenas sobre corridas — é sobre como fazer cinema com potência total.
Uma experiência de pista para dentro do cinema
A grande sacada de F1 está em sua forma. Ao mesclar cenas reais da Fórmula 1 com uma trama ficcional, o filme alcança um nível de realismo raramente visto em produções esportivas. E essa fusão é feita com um primor técnico impressionante. Os ângulos de câmera inovadores — muitos deles filmados diretamente dos carros, a centímetros do asfalto — colocam o espectador dentro do cockpit. No IMAX, o efeito é ainda mais avassalador: cada curva, frenagem e ultrapassagem é sentida como se você estivesse no volante.
A montagem é precisa como um pit stop cronometrado. O design de som traz cada ronco de motor com uma clareza quase tátil. E sim, você ouve até o guincho dos freios nas primeiras voltas — um detalhe minucioso que mostra o cuidado da produção.
Hans Zimmer no comando da trilha: emoção em cada nota
Compositor de trilhas icônicas, Hans Zimmer retorna aos holofotes com uma partitura pulsante, emocional e épica. A trilha de F1 é quase um personagem à parte: ela conduz o ritmo da narrativa, amplia a tensão das corridas e oferece respiros dramáticos nos momentos mais humanos. É Zimmer no auge de sua potência criativa. Facilmente, uma das melhores trilhas do ano — e talvez da carreira recente do compositor.
Javier Bardem rouba a cena (de novo)
Interpretando um dirigente carismático e controverso, Javier Bardem brilha com seu habitual magnetismo. Com um pé na ficção e outro na realidade do universo da F1, o ator entrega um personagem que transita entre o mentor, o estrategista e o showman — sempre com charme e uma pitada de ironia. Sua presença em cena é tão magnética que ele poderia estar apenas lendo os regulamentos da FIA e ainda assim prenderia nossa atenção.
Clichês? Sim. Mas são os melhores.
A trama de F1 abraça arquétipos clássicos do cinema esportivo: rivalidades acirradas, heróis improváveis, reviravoltas emocionais. Mas faz isso com tanto estilo e sinceridade que o clichê vira virtude. “Plano C significa caos” e “Ele vai tentar derrubar Verstappen!” são frases que já nascem antológicas — e que traduzem bem o espírito do filme: exagerado na medida certa, divertido quando precisa, e empolgante o tempo todo.
Sim, a ausência de um Grande Prêmio em Mônaco pode decepcionar os fãs mais puristas. Mas é uma ausência sentida apenas porque o restante do filme entrega tanto que você quer ver ainda mais.
Mais do que um filme de carros
F1 não é apenas sobre corridas. É uma celebração da velocidade, da competição, da emoção em alta rotação. É cinema para ser sentido no peito, como um motor V8 rugindo a mil por hora. Com seu visual arrebatador, sua trilha explosiva e uma entrega total à experiência, o longa estabelece um novo padrão para produções automobilísticas.
É, sem dúvida, o Top Gun: Maverick das pistas — só que sem a nostalgia. E talvez por isso vá dividir opiniões. Mas para quem ama o cinema grandioso, técnico, visualmente envolvente e emocionalmente direto, F1 é uma vitória incontestável.
















