Aaron Sorkin prepara A Rede Social: Parte II — e promete mostrar o lado sombrio do império Facebook

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Em 2010, A Rede Social chegou aos cinemas como um soco elegante e preciso, revelando ao mundo os bastidores turbulentos da criação do Facebook. Era o retrato de uma geração que trocou dormitórios por escritórios, amizades por ações, e emoções por algoritmos. Agora, quase 15 anos depois, Aaron Sorkin está pronto para retomar essa história — mas com um olhar muito mais crítico, ácido e, talvez, necessário.

Segundo o Deadline, o roteirista vencedor do Oscar assumirá também a direção de A Rede Social: Parte II, em parceria com a Sony Pictures. Mas atenção: apesar do nome provisório, não se trata de uma sequência tradicional, daquelas que apenas atualizam o status dos personagens. O novo filme será uma “continuação” — um salto narrativo e moral — inspirado nos impactos reais que o Facebook provocou no mundo.

De startup genial a gigante polêmico

Lembra de quando o Facebook parecia só um site azul onde reencontrávamos amigos do ensino médio? Pois é. O mundo virou outra coisa — e a rede social também. Nos últimos anos, o Facebook passou a ser associado a escândalos envolvendo manipulação de dados, influência em eleições, colapso de privacidade, crises de saúde mental e até violência política.

O novo roteiro de Sorkin tem como ponto de partida as revelações bombásticas da série de reportagens The Facebook Files, publicada pelo Wall Street Journal em 2021. Os artigos trouxeram à tona documentos internos e relatos de ex-funcionários que mostravam como a empresa sabia, com precisão cirúrgica, dos efeitos nocivos de suas próprias práticas — e ainda assim, optava por não agir.

Sorkin, que por anos hesitou em escrever uma continuação por não encontrar “o momento certo”, revelou em entrevistas passadas que os eventos de 6 de janeiro de 2021 (a invasão do Capitólio nos EUA) foram um estopim criativo. Embora o novo filme não seja sobre esse episódio específico, ele deve abordar o clima de tensão e desinformação que envolveu as eleições americanas de 2020 — e o papel central das redes sociais nesse processo.

Não é apenas sobre Zuckerberg — é sobre todos nós

Se no primeiro filme vimos Jesse Eisenberg construir um império digital em meio a traições, egos e processos judiciais, o novo capítulo promete um foco menos biográfico e mais sistêmico. Segundo fontes ligadas à produção, a história vai explorar o efeito da rede social sobre adolescentes e pré-adolescentes, a proliferação de discursos de ódio e os impactos do Facebook em comunidades fora dos EUA — especialmente em países onde a plataforma se tornou praticamente sinônimo de internet.

É uma mudança de escopo e de tom. Agora, o protagonista parece ser o próprio mundo, à mercê de algoritmos que decidem o que vemos, sentimos e até votamos.

Aaron Sorkin na direção: um novo olhar sobre a mesma fera

Dessa vez, David Fincher — responsável pela estética fria e cortante do primeiro filme — fica de fora. Aaron Sorkin, que desde então dirigiu títulos como Os 7 de Chicago e A Grande Jogada, assume as rédeas também por trás das câmeras. E com isso, a expectativa é de um filme mais carregado de política, dilemas éticos e críticas sociais afiadas.

Sorkin nunca escreveu apenas sobre tecnologia — ele escreve sobre poder, sobre as falhas humanas por trás das grandes ideias. E se o primeiro filme nos mostrou o gênio, agora parece a hora de encarar o monstro.

E o elenco? Velhos conhecidos ou novos rostos?

Ainda não há confirmação oficial de quem retorna. Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake e Armie Hammer marcaram presença no original, mas o novo foco da narrativa pode abrir espaço para novos nomes, novos rostos e novos protagonistas. Afinal, esta não é mais apenas a história de Zuckerberg — é sobre os efeitos colaterais de seu legado.

A nova era exige um novo roteiro

Se antes o Facebook era a promessa de um mundo mais conectado, hoje ele é símbolo das contradições digitais: aproxima e afasta, informa e manipula, acolhe e adoece. Aaron Sorkin parece entender que a continuação de A Rede Social não precisa apenas mostrar o que aconteceu — mas questionar o que estamos nos tornando.

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