
Julho chegou e, com ele, a promessa de histórias que arrebatam, que fazem pensar, suspirar, se emocionar — ou simplesmente esquecer do mundo por duas horas escuras e acolhedoras dentro de uma sala de cinema. Nesta quinta-feira, dia 3 de julho, as estreias misturam o épico com o íntimo, o selvagem com o sensível, a ação eletrizante com o silêncio cortante dos dramas familiares.
De dinossauros que podem salvar vidas humanas a mães que precisam aprender a deixar seus filhos voarem, passando por descobertas afetivas à beira do mar e sonhos embalados por arte e juventude em uma Paris dos anos 80, os filmes da semana desenham um retrato multifacetado da vida — real ou imaginada, mas sempre pulsante.

🦖 Jurassic World: Recomeço
Quando a cura da humanidade repousa nos ombros de gigantes extintos
Esqueça o zoológico jurássico ou a ideia de dinossauros domesticados. O novo capítulo da franquia, “Jurassic World: Recomeço”, não é sobre controle — é sobre sobrevivência. E reverência. Cinco anos após o colapso causado pelos experimentos da humanidade, os poucos dinossauros restantes vivem isolados em pontos equatoriais do planeta, onde o clima imita os tempos pré-históricos.
É nesse cenário que um grupo de cientistas e aventureiros embarca em uma missão que parece impossível: coletar DNA das três criaturas mais colossais dos tempos antigos — do céu, do mar e da terra. Mas o que está em jogo vai além da biotecnologia: a missão pode ser a última esperança da medicina moderna de curar doenças incuráveis.
Com Scarlett Johansson, Jonathan Bailey e Mahershala Ali nos papéis principais, e direção do visionário Gareth Edwards (Godzilla, Rogue One), o filme mistura ação de alto nível com uma pergunta sutil, mas poderosa: será que merecemos essa segunda chance com a natureza?
Prepare o coração e a pipoca: essa jornada selvagem também é uma expedição moral.

🌊 Hot Milk
Quando o cuidado vira prisão — e o amor precisa aprender a soltar
Sofia acompanha sua mãe Rose numa viagem quase mística ao sul da Espanha, em busca de uma cura para uma doença rara que os médicos ainda não conseguiram explicar. A rotina entre exames, clínicas alternativas e esperas dolorosas começa a asfixiar a jovem. Até que ela conhece uma garota misteriosa que a convida para experimentar o mundo fora da sombra da doença, fora da sombra da mãe.
Hot Milk, da diretora e roteirista Rebecca Lenkiewicz, não é um filme sobre diagnósticos, mas sobre fronteiras emocionais. É sobre onde termina o cuidado e começa o controle. Sobre o corpo — e tudo que ele pode carregar além da carne: pressões, desejos, ausências.
Emma Mackey (de Sex Education) entrega uma performance delicada e feroz como Sofia, ao lado da sempre brilhante Fiona Shaw (de Killing Eve), numa narrativa que aquece devagar, como leite no fogão, até quase ferver.

🧩 Pedaço de Mim
Um amor tão grande que precisa aprender a se diminuir
Imagine uma casa silenciosa, um pequeno apartamento onde tudo gira em torno de uma única relação: Mona, mãe solo, e seu filho adulto Joël, que vive com deficiência. Eles se entendem no olhar, no ritmo, na rotina. Até que algo escapa: o amor.
Joël está apaixonado por Océane, colega de trabalho. E ela está grávida. Mas Mona não sabe. E talvez não esteja pronta para saber.
Em Pedaço de Mim, a diretora Anne-Sophie Bailly conduz com ternura e honestidade brutal um drama que toca fundo em qualquer mãe, filho ou cuidador. É um filme sobre a coragem de soltar a mão de quem amamos, mesmo que essa mão ainda precise da nossa.
Com diálogos mínimos, mas expressões que dizem tudo, o longa é um lembrete de que nem todo sacrifício é saudável — e que todo amor maduro é, antes de tudo, amor por si mesmo.

🎭 Jovens Amantes
Paixão, teatro e os sonhos que só se têm aos vinte anos
Paris, final da década de 80. Um grupo de jovens apaixonados por teatro tenta entrar na prestigiada escola criada por Patrice Chéreau e Pierre Romans no lendário Théâtre des Amandiers, em Nanterre. Eles têm 20 anos, desejos à flor da pele, e um mundo inteiro prestes a se abrir — ou desmoronar.
Jovens Amantes é sobre a euforia da juventude, os primeiros palcos, os primeiros amores, as primeiras tragédias. Mas também é sobre uma geração marcada pela arte, pela ousadia e pela sensibilidade em tempos conturbados.
A câmera observa com delicadeza os momentos em que tudo parece eterno — até que não é mais. É nostalgia sem clichê. É juventude sem filtro. E é uma carta de amor ao teatro como modo de vida.
🍿 Entre dinossauros e dilemas, o que você vai ver primeiro?
Nesta semana, os cinemas não oferecem apenas histórias — oferecem experiências. Filmes que nos tiram do lugar comum, que nos lembram que o mundo pode ser tão vasto quanto um desfiladeiro jurássico ou tão íntimo quanto o silêncio entre mãe e filha.
Então, escolha seu refúgio. Sua emoção. Seu grito ou sua lágrima. E vá.
O cinema ainda é um dos poucos lugares onde a gente pode viver outra vida sem sair da nossa.
Nos encontramos na poltrona 12 da fileira do meio. 🌌
















