
Sabe quando dois mundos colidem e o resultado é pura harmonia? Neste sábado (12 de julho), o Altas Horas vira palco de um encontro improvável — e absolutamente necessário — entre o rock nacional e o sertanejo de raiz (com distorção, sim senhor!). Sob o comando sempre atento e apaixonado de Serginho Groisman, a atração propõe mais que um crossover musical: uma viagem entre gerações, influências e histórias que explicam por que a música brasileira nunca se limita a um só estilo.
Guitarra na roça: o dia em que Evidências virou rock rural
É impossível falar de fusão sem citar Chitãozinho & Xororó, que, muito antes do sertanejo universitário, já flertavam com arranjos ousados. “Foi procurando um som mais pesado que chegamos à gravação de ‘Evidências’”, entrega Chitãozinho, como quem solta sem querer um segredo de Estado. A dupla, sempre afinada, leva ao palco sucessos que dispensam legenda — Fogão a Lenha, Sinônimos — e, de quebra, passa o bastão para os filhos Enrico e Allison, que não só carregam o DNA, como imprimem personalidade. Um no teatro, o outro navegando entre country e rock, os dois provam que tradição e reinvenção podem, sim, dividir o mesmo palco.
Quando a MPB veste couro e a guitarra chora moda de viola
Se você acha que Vanessa da Mata é feita só de suavidade, prepare-se para uma versão roqueira (e inédita) de Vá pro Inferno com Seu Amor, com direito a distorção e homenagem aos sertanejos que embalam corações há décadas. No backstage, uma confissão: Mick Jagger já assistiu a um de seus shows. E ela jura que estava mais nervosa com isso do que no palco do Altas Horas.
Chico Chico, com seu timbre rasgado e herança de Cássia Eller, presta tributo a Rita Lee com a bela Menino Bonito, e deixa claro: ele não está ali só pelo sobrenome — é talento bruto mesmo. E como se não bastasse, temos a beleza do contraste entre o folk de Tiago Iorc e a voz potente de Paula Fernandes, que relembra sua fase roqueira nos bares com covers de Alanis Morissette (!) e até Iron Maiden (!!).
Punk de raiz e pop sem frescura: a playlist ao vivo que você não sabia que queria
Dos becos do punk dos anos 80 para o palco mais eclético da televisão, Clemente (Inocentes e Plebe Rude) mostra que o rock brasileiro tem memória e discurso. Em uma aula-relâmpago de história musical, ele conecta Patife Band ao sertanejo com naturalidade, e canta Flores como quem sabe de onde veio — e pra onde vai.
Beto Bruno (Cachorro Grande) e Egípcio (Tihuana) representam os roqueiros com rodagem e estrada. Em comemoração aos 25 anos de seus grupos, ambos antecipam o clima das turnês, com direito a tributo a Erasmo Carlos e promessas de shows cheios de energia no The Town.
Ritchie, o gringo mais brasileiro do pop nacional, revive Menina Veneno e surpreende com sua declaração de amor à country music — e ao sertanejo, que segundo ele, “tem todo o sabor do interior com alma universal”.
Quando a lembrança canta mais alto: Chorão eterno no Memória Altas Horas
E pra fechar, aquele nó na garganta que vem com carinho: o quadro Memória Altas Horas relembra participações emblemáticas do Charlie Brown Jr. e de Chorão, com imagens raras e momentos que provam por que ele ainda ecoa em tantas playlists, tatuagens e refrões gritados com o coração.
O Brasil tem muitos ritmos. O Altas Horas tem todos eles.
O programa deste sábado não é só um show. É uma aula — de história, de música e de afeto. É sobre guitarras que choram ao lado de violas, sobre gerações que se encontram pelo som, e sobre como o palco de Serginho Groisman continua sendo o lugar onde todo mundo cabe.





