
Quase quatro décadas após a primeira aparição do lendário caçador alienígena nas telonas, a saga Predador ganha um novo fôlego com Terras Selvagens, que estreia em 6 de novembro de 2025. No centro da nova trama está Elle Fanning, uma escolha ousada, interpretando Thia — uma sintética da Weyland-Yutani Corporation que, ao lado de um jovem Predador exilado, luta para sobreviver em um planeta tão hostil quanto enigmático. Abaixo, confira o trailer do filme:
O novo trailer, que você pode conferir logo abaixo, deixou fãs e críticos em alerta: o que parecia mais uma continuação, talvez seja, de fato, o ponto de reinvenção mais corajoso da franquia até agora.
De monstros a aliados: uma nova narrativa nasce
A história se passa em um futuro distante, em um planeta remoto, onde Thia desperta após um pouso forçado. Ela é uma androide criada para servir — mas com falhas de sistema que a tornaram “demasiado humana”. É nesse mundo inóspito que ela conhece um jovem Predador (interpretado por Dimitrius Schuster-Koloamatangi), que, como ela, foi rejeitado por aqueles que o criaram.
Essa premissa, que mistura ficção científica, ação e drama psicológico, é conduzida com sensibilidade pelo diretor Dan Trachtenberg (Rua Cloverfield, 10), conhecido por extrair tensão com poucas palavras e muito ambiente. Ao contrário dos filmes anteriores, onde o Predador era o inimigo, aqui ele se torna um espelho — e isso muda tudo.
Elle Fanning: vulnerável, intensa, inesperada
Ao longo da carreira, Elle Fanning tem provado que é capaz de habitar personagens com uma força silenciosa, como em The Neon Demon ou The Great. Em Terras Selvagens, ela se despede dos papéis clássicos de princesas ou vítimas e mergulha numa figura complexa: uma inteligência artificial em busca de propósito, empatia e sobrevivência.
Thia não luta como uma soldado. Ela pensa, hesita, observa. E quando age, o faz com uma mistura de instinto e cálculo. Sua relação com o Predador cresce sem palavras, apenas com gestos, olhares e escolhas compartilhadas. Juntos, eles não enfrentam apenas inimigos externos — mas os próprios sistemas que os consideram descartáveis.
O Predador de Dimitrius: juventude, exílio e dignidade
Dimitrius Schuster-Koloamatangi traz um Predador que carrega uma juventude que nunca vimos antes na franquia. Ele não é o guerreiro lendário, o caçador implacável. Ele é um pária. Frágil, hesitante, mas com sede de honra — e de pertencimento.
Seu traje é menos elaborado, seu corpo mais esguio. O olhar, porém, transmite algo raro para uma criatura até então vista como um monstro: dúvida. É um Predador que aprende. Que escolhe não matar, mas proteger. E essa escolha custa caro — tanto para ele quanto para Thia.
A selva do futuro: estética brutal, beleza decadente
O planeta onde tudo se passa foi construído com uma estética decadente e orgânica, que remete às ruínas de civilizações perdidas misturadas a florestas alienígenas, cavernas de cristais e tempestades ácidas. A fotografia aposta em tons ferrugem, esmeralda e cinza, numa paleta que mistura a decadência de mundos esquecidos com a beleza selvagem do desconhecido.
O som é outro personagem do filme. O silêncio domina, cortado apenas por ruídos naturais ou o zumbido ameaçador de tecnologias alienígenas. A trilha sonora é sutil, mas cresce nos momentos de confronto emocional — mais do que físico.
O passado que moldou o presente: a evolução de uma franquia de culto
1987: o nascimento do mito
Tudo começou em 1987. No auge dos filmes de ação musculosos, Predador foi lançado com Arnold Schwarzenegger liderando uma tropa de elite enviada à selva da América Central para resgatar reféns. O que parecia um thriller militar clássico logo revelou sua verdadeira natureza: um filme de horror e ficção científica sobre a sobrevivência diante do desconhecido.
O monstro, interpretado por Kevin Peter Hall, era algo novo. Com mandíbulas expostas, tecnologia de invisibilidade, visão térmica e um código de honra, o Predador não era apenas uma ameaça. Era um ritualista. Um caçador. Um guerreiro. Diferente de qualquer vilão alienígena que o cinema já tinha visto.
1990: o Predador urbano
Predador 2 levou o monstro para Los Angeles em plena guerra de gangues. Danny Glover substituiu Schwarzenegger como protagonista e a caçada se tornou urbana. O filme foi menos celebrado à época, mas introduziu elementos importantes para o universo expandido, como a nave dos Predadores e a famosa cena em que um crânio de xenomorfo (de Alien) aparece — dando origem aos crossovers futuros.
2004–2007: os crossovers com Alien
Alien vs. Predador (2004) e Aliens vs. Predador: Requiem (2007) dividiram opiniões. Se por um lado eram emocionantes para os fãs que queriam ver essas duas criaturas icônicas em confronto, por outro, sofriam com roteiros frágeis e pouco desenvolvimento de personagens. Ainda assim, foram sucessos de bilheteria e consolidaram a relação entre as duas franquias.
2010: o respiro de “Predadores”
Produzido por Robert Rodriguez, Predadores (2010) voltou ao conceito original: humanos sendo caçados em um planeta desconhecido. Com Adrien Brody no papel principal, o filme trouxe novas variações da espécie e uma tentativa de retomar a tensão e o mistério do primeiro longa. Foi bem recebido, mas não revitalizou a franquia como esperado.
2018: o tropeço de O Predador
O Predador (2018), dirigido por Shane Black, tentou misturar comédia, ação e ficção científica com uma trama confusa sobre engenharia genética. Apesar do elenco promissor, o tom do filme destoou do legado da franquia e não agradou nem ao público nem à crítica.
2022: a surpresa de Predador: A Caçada
Foi só em 2022, com Predador: A Caçada, que a franquia voltou a surpreender. Situado no século XVIII, o longa acompanhava uma jovem indígena, Naru, enfrentando um Predador com arco, flecha e inteligência. A abordagem intimista, quase artesanal, e o foco na cultura nativa americana renderam elogios e um novo respeito à marca.
Terras Selvagens – o passo mais ousado
Predador: Terras Selvagens é, talvez, o filme mais arriscado da franquia. Não por trazer algo “inédito”, mas por se afastar do confronto violento como única proposta. Aqui, a sobrevivência é emocional, filosófica. É sobre o que nos torna dignos de existir — mesmo que sejamos um robô com falhas ou uma criatura caçada pelo próprio povo.
Dan Trachtenberg entrega um filme que não tem pressa. Ele quer que a floresta seja sentida. Que o perigo seja latente. Que a amizade entre Thia e o jovem Predador surja com dor, hesitação e confiança conquistada com sacrifício.
















