Karen Dió retorna ao Brasil para show solo em São Paulo e abre turnê do Avenged Sevenfold

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Foto: Reprodução/ Internet

Na vida de alguns artistas, há momentos que funcionam como rachaduras: pequenas fraturas que deixam escapar a luz de uma nova identidade. Para Karen Dió, 2025 é esse instante de revelação. Após anos de transformações internas, mudanças geográficas e rupturas criativas, a cantora e compositora paulista está prestes a viver um reencontro poderoso com o público brasileiro. O motivo? O anúncio de seu primeiro show solo no Brasil, marcado para o dia 7 de outubro, na Casa Rockambole, em São Paulo.

Os ingressos já começaram a ser vendidos pelo site da Eventim, e o show integra a agenda da 30e, maior empresa brasileira de entretenimento ao vivo. Mas o retorno de Karen ao país vai além da capital paulista: ela também foi escalada para abrir os dois shows da banda Avenged Sevenfold no Brasil, em Curitiba (2/10) e São Paulo (4/10). Para quem acompanha sua trajetória desde os tempos da banda Violet Soda, esse é um marco. Para quem ainda não a conhece, talvez seja a hora de prestar atenção.

Uma jornada que atravessa oceanos e redescobre raízes

A história recente de Karen Dió é uma narrativa sobre deslocamento — não apenas físico, mas emocional, artístico e até existencial. Em 2022, ela deixou o Brasil e se mudou para o Reino Unido, não como fuga, mas como movimento de imersão e reconexão com aquilo que, por muito tempo, ficou encoberto pelo ruído da rotina, das expectativas e da pressão criativa.

“Eu precisava de silêncio para entender o que ainda era meu”, disse em entrevista à revista britânica NME. “Não queria me reinventar. Queria me enxergar.”

Foram dois anos de hiato, experimentação e desconstrução. Uma pausa corajosa — e dolorosa — que daria origem à artista que hoje começa a brilhar com mais potência do que nunca.

Violet Soda: o início de tudo

Karen começou sua caminhada na cena musical com a Violet Soda, banda que fundou em 2018. O grupo trazia uma mistura vigorosa de punk, garage e um quê de irreverência pop. Com ela nos vocais e guitarra, ao lado de Murilo Benites, André Dea e Tuti AC, o som da banda logo conquistou espaço no circuito independente nacional.

Foram quatro anos intensos de turnês, gravações e vivências. Mas a chama que move Karen é inquieta. O fim da Violet Soda não foi apenas o fim de uma banda — foi o começo de um chamado interno que ela decidiu escutar. E assim, com a mala na mão e a coragem no peito, ela embarcou rumo a Londres, onde daria os primeiros passos em sua fase mais autoral.

My World: o EP que grita (e dança)

Em 2024, já mais centrada, mais crua e mais conectada com sua essência, Karen lançou “My World”, seu primeiro EP solo. O trabalho marcou também sua entrada no selo norte-americano Hopeless Records, conhecido por revelar nomes como Neck Deep, PVRIS e a própria Avenged Sevenfold. Não foi pouca coisa.

“My World” apresenta uma artista que não está tentando agradar ninguém — está, sim, jogando luz sobre suas sombras. Faixas como “Sick Ride” e “Stupid” traduzem dores modernas em melodias agressivas, com guitarras afiadas, refrões que ecoam raiva e vulnerabilidade, e performances visuais que beiram o ritual.

A estética do EP, aliás, é um capítulo à parte. Em vez de suavizar suas angústias para se tornar mais palatável, Karen as amplifica. Usa a moda, o corpo, a luz e o palco como extensão da própria mensagem. É arte de verdade — intensa, imperfeita, honesta.

Do palco underground ao Download Festival

Com o EP recém-lançado, não demorou para que os olhos da cena punk internacional se voltassem para ela. E o ponto alto dessa escalada aconteceu em junho de 2025, quando Karen subiu ao Palco Avalanche do Download Festival, na Inglaterra.

O festival, um dos maiores do gênero na Europa, é conhecido por lançar luz sobre artistas emergentes ao lado de grandes nomes. A apresentação de Karen foi intensa, suada, emocional e inesperadamente catártica. “Ela entrou como uma promessa e saiu como realidade”, escreveu o portal britânico Soundsphere, que ainda destacou o pedido do público por um show mais longo em 2026.

A performance serviu como um selo de aprovação não só para o que Karen representa musicalmente, mas para a honestidade com que ela traduz sua trajetória em som. E esse eco positivo não parou por aí.

Reconhecimento global e festivais europeus

Poucos meses depois, o nome de Karen apareceu na lista NME 100, que destaca os artistas mais promissores do ano. Foi a consagração de um processo que começou em silêncio e agora reverbera nos palcos do mundo.

Além do Download, Karen passou por festivais como Xtreme Fest e Festival de La Mer, na França, e Burn It Down, no Reino Unido. Em todos, sua presença foi descrita como visceral, orgânica e transformadora. Nada ali parece ensaiado demais. Há falhas. Há lágrimas. Há verdade.

A volta para casa: o show na Casa Rockambole

No dia 7 de outubro, Karen sobe ao palco da Casa Rockambole, em São Paulo, para aquele que será, sem dúvida, um dos shows mais emocionantes de sua carreira. O local, conhecido por receber nomes alternativos em um ambiente intimista e vibrante, foi escolhido a dedo.

“Voltar pro Brasil nesse momento tem um peso emocional enorme pra mim”, disse em suas redes sociais. “É como se eu estivesse pronta para me encontrar com quem eu fui — e apresentar quem eu sou agora.”

O show promete mesclar faixas do EP, releituras de sua fase com a Violet Soda e algumas surpresas que ainda não vieram a público. Não será apenas um espetáculo musical. Será uma entrega, uma partilha, um reencontro.

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