
Na madrugada deste sábado, 26 de julho de 2025, o Cinema na Madrugada da Band exibe o filme As Excluídas (The Outskirts, no título original), uma comédia norte-americana que propõe uma divertida, porém reflexiva, jornada sobre aceitação, amizade e revolta juvenil contra as normas rígidas da popularidade escolar. Lançado originalmente em 2017, o longa ganha nova exibição na TV aberta e pode surpreender quem busca mais do que piadas colegiais: há aqui um olhar afiado sobre o papel de quem não se encaixa e como o poder pode facilmente corromper — mesmo quando vem com boas intenções.
Uma guerra declarada contra os padrões do ensino médio
Dirigido por Peter Hutchings e roteirizado por Dominique Ferrari e Suzanne Wrubel, As Excluídas mergulha na estrutura clássica das high schools norte-americanas: cheerleaders, jogadores de futebol americano, clubes científicos, góticos e artistas performáticos convivendo em corredores que funcionam quase como uma versão adolescente da sociedade capitalista. Nesse universo, Jodi (Victoria Justice) e sua melhor amiga Mindy (Eden Sher) são as típicas “nerds” que sobrevivem à margem da popularidade — até que se tornam vítimas de um bullying cruel orquestrado pela rainha da escola, Whitney (Claudia Lee).
O que poderia ser apenas mais uma comédia colegial sobre vingança se transforma quando Jodi e Mindy decidem fazer algo inusitado: unificar todos os “excluídos”, os chamados outcasts, para uma revolução social dentro da escola. Assim surge um movimento inesperado que questiona as estruturas sociais escolares e coloca à prova a hierarquia que define quem pode ou não ter voz.
Elenco carismático e diversidade de arquétipos
Victoria Justice, conhecida por seu papel em Brilhante Victória da Nickelodeon, assume o protagonismo com carisma e uma entrega sincera que dá camadas à personagem de Jodi. Eden Sher, lembrada pelo papel de Sue em The Middle, brilha com seu timing cômico e traz coração à jornada de Mindy, que, em meio à revolução social escolar, começa a questionar o verdadeiro preço da popularidade e até mesmo da própria amizade.
Além delas, o elenco é recheado de jovens talentos da televisão americana. Ashley Rickards (de Awkward) interpreta Virginia, uma artista excêntrica com um passado obscuro, enquanto Peyton List (de Jessie e Cobra Kai) dá vida à impassível Mackenzie. Avan Jogia, que também já contracenou com Justice, aparece como Dave, interesse amoroso de Jodi, e ajuda a ilustrar como o romance adolescente pode ser tanto um alívio cômico quanto uma armadilha emocional.
Claudia Lee encarna Whitney com precisão cirúrgica: a típica “mean girl” que, embora estereotipada em alguns momentos, serve como símbolo das pressões e ilusões criadas pela busca incessante por status e controle social.
Mais do que comédia: um comentário social disfarçado
Ainda que envolto em cores vivas, figurinos extravagantes e situações cômicas, As Excluídas propõe uma análise bastante atual sobre as dinâmicas de poder nas instituições. O colégio, aqui, é tratado como uma miniatura do mundo adulto: quem detém poder, influência ou beleza dita as regras, enquanto quem se desvia do padrão precisa encontrar maneiras alternativas de existir — ou lutar para mudar o jogo.
A proposta de unir todos os “desajustados” ecoa movimentos sociais reais, ainda que com uma abordagem leve. Góticos, nerds, LGBTs, artistas, alunos com deficiências, entre outros, se unem por uma causa comum. A metáfora da união das minorias frente ao poder hegemônico é evidente, e embora o roteiro se mantenha superficial em suas críticas, há mensagens importantes sendo transmitidas, especialmente para um público jovem.
O filme também fala sobre identidade: como adolescentes (e adultos também) moldam sua autoestima a partir de como são vistos pelos outros. Jodi e Mindy percebem que o poder pode ser tão sedutor quanto destrutivo — e que liderar uma revolução pode significar também abrir mão da essência de quem você é.
O risco da inversão dos papéis
Um dos grandes acertos do filme é quando ele começa a mostrar as consequências imprevistas da ascensão dos excluídos ao topo. A aliança entre os grupos antes marginalizados começa a apresentar rachaduras e, lentamente, Jodi e Mindy percebem que estão se tornando aquilo que criticavam. A narrativa, nesse ponto, dá uma guinada interessante: será que inverter a pirâmide social realmente resolve os problemas ou apenas perpetua o ciclo de opressão, com novos rostos nos velhos cargos de poder?
Essa reflexão, mesmo que suavemente tocada, dá profundidade ao longa e o distancia de outras comédias adolescentes rasas. O roteiro, embora pontuado por exageros e situações caricatas, encontra espaço para explorar dilemas morais e questionar os limites da popularidade conquistada.
Direção funcional e estética pop
A direção de Peter Hutchings é funcional e ágil, mantendo o ritmo leve e dinâmico. Os 94 minutos passam rapidamente, com uma montagem que alterna bem entre cenas cômicas, momentos emocionais e algumas viradas surpreendentes — ainda que previsíveis para o gênero. Visualmente, o filme aposta em uma estética pop: cores vibrantes, trilha sonora energética e figurinos que contrastam deliberadamente os grupos sociais representados.
Nova York serve de cenário para as gravações, mas o ambiente escolar genérico poderia ser em qualquer lugar — uma decisão que, de certa forma, reforça o caráter universal da história. A luta por pertencimento, o desafio de se encaixar (ou rejeitar o sistema) e a descoberta de quem realmente somos são dilemas comuns a jovens do mundo todo.
Uma boa pedida para a madrugada e além
Ao exibir As Excluídas, a Band aposta em um título que mistura entretenimento e leve crítica social, atingindo tanto o público nostálgico que cresceu assistindo a comédias colegiais quanto os jovens que ainda vivem os dilemas retratados no filme. É uma oportunidade para rir, se identificar e, quem sabe, repensar certos rótulos que persistem até hoje — tanto nas escolas quanto nas redes sociais e ambientes profissionais.
Além disso, o filme está disponível no Prime Video, o que facilita para quem quiser assisti-lo novamente ou recomendar a amigos. Com um elenco jovem e carismático, uma narrativa acessível e uma mensagem que ainda ressoa em tempos de cancelamento, bullying virtual e busca por pertencimento, As Excluídas se revela mais do que um passatempo adolescente: é um lembrete de que o mundo pode (e deve) ser mais inclusivo — mesmo que a revolução comece nos corredores da escola.
















