
Derry está de volta — mais sombria, silenciosa e ameaçadora do que nunca. Durante o aguardado painel da San Diego Comic-Con 2025, a HBO revelou o primeiro teaser oficial de sua nova série de terror: “Bem-vindo a Derry” (Welcome to Derry), baseada no universo criado por Stephen King em seu clássico IT – A Coisa. Prevista para estrear em outubro, a produção original chega ao canal HBO e à plataforma HBO Max com a promessa de ser mais do que uma simples prequela. Trata-se de uma viagem aterrorizante às origens do medo em sua forma mais pura — aquela que se esconde sob o riso de um palhaço, nas esquinas de uma cidade e nos traumas não resolvidos da infância.
Um retorno às origens do medo
Bem-vindo a Derry não pretende apenas contar uma nova história, mas ampliar e aprofundar o universo já conhecido pelos fãs dos filmes IT (2017) e IT: Capítulo Dois (2019). Ambientada décadas antes dos eventos que colocaram o Clube dos Otários frente a frente com Pennywise, a série explora a gênese da maldição que assombra a cidade de Derry. O mal, aqui, não é só uma figura monstruosa, mas uma presença silenciosa, que contamina ambientes, pessoas e memórias. O teaser divulgado impressiona pela sua carga atmosférica: cenas que evitam sustos fáceis, mas que mergulham o espectador em uma sensação de desconforto crescente.
A escolha por mostrar menos e sugerir mais reforça o aspecto psicológico do horror. Um balão vermelho, uma bicicleta que gira sozinha, uma parede que respira — tudo isso é mostrado sem explicações, deixando ao público a sensação de que algo muito errado está prestes a acontecer. Ao final do teaser, o som inconfundível da risada de Pennywise deixa claro: o medo está de volta, e dessa vez, pode ser mais antigo e profundo do que jamais imaginamos.
Um elenco promissor e diverso
A HBO reuniu um elenco sólido e diverso para dar vida aos habitantes de Derry. Jovan Adepo, que brilhou em Watchmen, assume um dos papéis centrais, ao lado de Chris Chalk (Perry Mason) e Taylour Paige, aclamada por sua performance em Zola. Completam o time James Remar, Stephen Rider, Madeleine Stowe e Rudy Mancuso, que adiciona um toque de surpresa à produção. Mas o maior destaque vai para Bill Skarsgård, que retorna ao papel de Pennywise — papel que marcou sua carreira e se tornou uma das figuras mais icônicas do terror moderno.
A decisão de Skarsgård em voltar ao personagem foi recebida com entusiasmo pelo público e também pelos produtores. O ator revelou que foi conquistado pela abordagem mais sombria e psicológica da série. “É uma história sobre o surgimento do medo, sobre traumas enraizados. Pennywise é menos uma criatura e mais um reflexo do pior que existe nas pessoas e na cidade”, disse ele. A expectativa em torno da sua performance é alta, e tudo indica que veremos um Pennywise ainda mais aterrorizante — e, paradoxalmente, mais humano.
Bastidores e expectativas
Desenvolvida por Andy Muschietti, Barbara Muschietti e Jason Fuchs, a série carrega o DNA criativo dos dois longas-metragens que revitalizaram a obra de Stephen King para uma nova geração. Andy Muschietti não apenas produziu, como também dirigirá múltiplos episódios, o que garante uma continuidade estética e tonal em relação aos filmes. Jason Fuchs, que escreveu o episódio piloto, divide a função de showrunner com Brad Caleb Kane, responsável por séries como Fringe e Moonhaven.
As gravações aconteceram em locações no Canadá, especialmente em Toronto e Port Hope, cidade que já havia servido de cenário para os filmes anteriores. A escolha por locais reais, e não cenários em estúdio, reforça a ambientação sombria e palpável da narrativa. A equipe de produção também optou por construir ambientes fechados com iluminação natural, criando uma estética que remete aos anos 60 e 70 — décadas que serão retratadas ao longo da temporada.
Um novo olhar sobre o horror de Derry
Enquanto os filmes mostravam Derry nos anos 80 e 2010, a série volta ainda mais no tempo, explorando o período entre os anos 1960 e 1970. Esse salto temporal permite que a narrativa aborde eventos históricos, sociais e políticos que também ajudam a moldar a atmosfera opressora da cidade. Entre os elementos prometidos pela produção, estão desaparecimentos misteriosos, linchamentos comunitários encobertos, transtornos mentais negligenciados, além de crimes nunca resolvidos — tudo costurado sob a presença invisível, mas constante, de Pennywise.
A série também pretende discutir como o medo se manifesta de forma diferente para pessoas com histórias de vida diversas. Temas como racismo estrutural, discriminação, violência familiar e repressão sexual devem aparecer com força nos episódios, reforçando o caráter metafórico de Pennywise como representação dos horrores reais que as pessoas vivem no cotidiano. Bem-vindo a Derry é, assim, uma narrativa de terror, mas também um retrato social enraizado em feridas históricas.
Um palhaço que já entrou para a história
Desde sua criação por Stephen King em 1986, Pennywise se tornou mais do que um vilão: tornou-se um ícone cultural. A versão original interpretada por Tim Curry na minissérie dos anos 90 marcou gerações. Mas foi com a chegada de Bill Skarsgård ao papel, em 2017, que o personagem ganhou uma nova dimensão. Sua interpretação trouxe uma fisicalidade única ao palhaço, misturando ternura dissimulada com selvageria incontrolável. O olhar torto, o sorriso quebrado e a voz distorcida se tornaram marcas registradas de uma atuação que assombrou as telas de cinema em todo o mundo.
Ao todo, os dois filmes IT arrecadaram mais de US$ 1,1 bilhão nas bilheteiras, tornando-se as adaptações de terror mais lucrativas da história do cinema. O sucesso de público e crítica confirmou o apelo universal da obra de Stephen King, e consolidou Pennywise como uma das entidades mais assustadoras já retratadas na ficção. Agora, com a série, Skarsgård tem a chance de explorar novas camadas do personagem — quem sabe até revelar traços de sua origem e motivações mais profundas.
Outubro será o mês do medo
A escolha de lançar Bem-vindo a Derry em outubro não é aleatória. Trata-se do mês de Halloween, período em que o público tradicionalmente consome mais obras do gênero. A HBO pretende ocupar um espaço estratégico na programação, lançando os episódios semanalmente e mantendo a audiência presa à narrativa por nove semanas consecutivas. A exibição simultânea na HBO Max também garante acessibilidade global, transformando a estreia em um evento multiplataforma.
















