
O fim de uma era está próximo para os fãs de Heartstopper. Nesta semana, a Netflix anunciou oficialmente o término das filmagens de Heartstopper Forever, o tão aguardado filme que encerrará a trajetória de amor entre Charlie Spring (Joe Locke) e Nick Nelson (Kit Connor). A produção é baseada no Volume 6 da graphic novel escrita por Alice Oseman, criadora da história que conquistou leitores e espectadores ao redor do mundo com uma narrativa sensível, realista e profundamente humana sobre o amor jovem LGBTQIA+.
O anúncio foi feito com uma foto simbólica: a claquete de filmagens, marcada pela palavra “Wrap” (encerrado), nos bastidores do set. Simples, mas poderosa, a imagem rodou as redes sociais e, em poucos minutos, os nomes de Heartstopper Forever, Alice Oseman e dos atores protagonistas já figuravam entre os assuntos mais comentados do Twitter (atual X).
Embora a data de estreia ainda não esteja confirmada, a Netflix informou que o lançamento será em algum momento de 2026, selando com emoção e expectativa a última etapa dessa história que mudou o panorama da representatividade LGBTQIA+ nas telas nos últimos anos.
A despedida começa nos bastidores
Para quem acompanha a série desde sua estreia em abril de 2022, o anúncio do término das filmagens vem como um lembrete agridoce: o fim está chegando, mas ainda há uma última história a ser contada. E não será qualquer história.
O filme, intitulado Heartstopper Forever, será baseado no Volume 6 da obra original de Alice Oseman, ainda em publicação nos Estados Unidos, o que torna o longa-metragem uma espécie de presente antecipado e audiovisual aos leitores. Oseman, que também é roteirista da série, tem sido reconhecida por manter extrema fidelidade ao tom e aos temas centrais dos quadrinhos — algo que deverá se repetir no longa.
“O título ‘Forever’ diz muito”, escreveu Alice em uma postagem no Instagram. “É sobre o fim e sobre aquilo que permanece. Espero que os fãs se sintam abraçados por esse encerramento. Foi feito com muito amor.”
Um fenômeno construído com afeto e representatividade
Quando Heartstopper chegou à Netflix, em abril de 2022, ninguém imaginava que aquela delicada história sobre dois adolescentes britânicos se apaixonando mudaria tanta coisa. Criada, escrita e ilustrada por Alice Oseman — que também assumiu o roteiro da série — a obra não apenas encontrou uma audiência fiel, como se transformou em uma voz poderosa dentro da ficção adolescente contemporânea.
Diferente de tantos dramas teens carregados de sofrimento, Heartstopper apostou em algo radicalmente transformador: a leveza. Sim, há momentos de angústia, bullying, conflitos familiares e inseguranças existenciais. Mas o que sustenta a narrativa é o amor, o acolhimento e o crescimento pessoal e coletivo dos personagens.
A história gira em torno de Charlie Spring, um estudante do ensino médio que já saiu do armário, mas ainda vive as cicatrizes do bullying homofóbico. Quando ele conhece Nick Nelson, um jogador de rúgbi gentil e popular, começa uma conexão que desafia convenções, preconceitos e até o próprio entendimento de Nick sobre sua sexualidade.
Com uma paleta de cores suave, diálogos naturais e inserções visuais inspiradas nos quadrinhos, Heartstopper conseguiu o feito raro de adaptar uma HQ com estilo e autenticidade, criando um universo em que o público se sente acolhido.
O elenco que conquistou o mundo
Parte do sucesso arrebatador da série se deve ao seu elenco carismático e diverso. Joe Locke, como Charlie, trouxe uma vulnerabilidade comovente ao personagem. Já Kit Connor, como Nick, foi amplamente elogiado por sua entrega emocional e pela forma honesta com que conduziu o arco de autodescoberta de seu personagem — o que, inclusive, gerou debates intensos quando o próprio ator foi pressionado a rotular sua sexualidade na vida real.
Outros nomes que compõem o coração da série incluem William Gao (Tao), Yasmin Finney (Elle), Corinna Brown (Tara), Kizzy Edgell (Darcy), Tobie Donovan (Isaac), Jenny Walser (Tori), Sebastian Croft (Ben), Rhea Norwood (Imogen), além da ilustre Olivia Colman como Sarah, a mãe de Nick.
O elenco foi escolhido não apenas por talento, mas por uma preocupação clara com representatividade. Yasmin Finney, por exemplo, é uma atriz trans negra e se tornou uma das vozes mais importantes da nova geração. Seu papel como Elle Argent trouxe uma camada essencial à narrativa: o olhar de uma jovem trans em processo de autoconhecimento, sem reduzir sua existência ao sofrimento.
Heartstopper como espaço seguro para uma geração
Mais do que uma série de romance adolescente, Heartstopper tornou-se um refúgio emocional para milhões de jovens ao redor do mundo. Em uma era marcada por discursos de ódio, retrocessos nos direitos LGBTQIA+ e ansiedades sociais crescentes, a série ofereceu algo quase revolucionário: esperança.
Nas escolas, professores relataram um aumento na procura por HQs LGBTQIA+ após o sucesso da série. Psicólogos apontaram como a representatividade positiva pode impactar a saúde mental de adolescentes queer. E o público respondeu com arte, cosplay, fanfics e uma enxurrada de mensagens de agradecimento.
A série não fugiu de temas delicados: depressão, ansiedade, autolesão, disforia de gênero, homofobia internalizada. Mas fez isso com um cuidado raro, sem explorar o sofrimento como espetáculo. Cada dor trazia também um acolhimento. Cada crise, um espaço de escuta.
O último capítulo: o que esperar de Heartstopper Forever
Embora detalhes da trama do filme estejam sendo mantidos em sigilo, já se sabe que Heartstopper Forever seguirá os eventos do Volume 6 da HQ — que, segundo a própria Alice Oseman, é um fechamento emocional para a jornada de Charlie e Nick. Os dois agora enfrentam questões típicas da transição para a vida adulta: vestibular, escolha de carreiras, saúde mental, planos para o futuro — juntos e separados.
“O filme é sobre crescer, mas também sobre permanecer”, disse Oseman em uma entrevista recente. “É sobre como o amor pode sobreviver ao tempo, à distância e às mudanças. É sobre como os adolescentes se tornam adultos — e como as conexões formadas na juventude podem, sim, durar para sempre.”
Heartstopper Forever será dirigido novamente por Euros Lyn, que comandou a primeira temporada da série e ajudou a consolidar sua estética sensível. A fotografia, os cenários e o cuidado com os gestos mais sutis — um toque de mãos, um olhar, um sorriso — deverão continuar sendo marcas registradas da produção.
Um marco no audiovisual LGBTQIA+
Ao longo de três temporadas e um filme em produção, Heartstopper se firmou como uma das produções LGBTQIA+ mais importantes da década. Enquanto muitas séries queer são canceladas prematuramente, negligenciadas ou relegadas ao nicho, Heartstopper ganhou renovação rápida, investimento da Netflix, prêmios e espaço no mainstream.
O impacto cultural é palpável: discussões sobre bissexualidade, afeto entre meninos, amor adolescente, aceitação familiar e saúde mental entraram na casa de milhões de pessoas, com naturalidade e empatia.
E para além do entretenimento, Heartstopper é um lembrete do poder das histórias bem contadas. Mostra que jovens LGBTQIA+ não precisam morrer no final. Que suas dores merecem ser vistas, mas seus amores também. Que há beleza, leveza e profundidade nas vidas queer. E que o amor — ainda que adolescente — pode ser sincero, transformador e eterno.
O legado de Alice Oseman e o futuro da representatividade
Autora da HQ, roteirista da série e produtora executiva do filme, Alice Oseman é hoje um nome central na literatura e audiovisual LGBTQIA+ mundial. Com apenas 30 anos, ela construiu uma carreira sólida, sempre com a missão de retratar experiências queer com autenticidade e carinho.
Seu trabalho em Heartstopper criou um padrão de qualidade e humanidade que influencia toda uma nova geração de criadores, leitores e espectadores. E mesmo que Heartstopper Forever marque o fim da história de Charlie e Nick, o legado que ela deixa está longe de terminar.
Fãs se preparam para o adeus
Enquanto o filme não estreia, o fandom já se mobiliza nas redes sociais para revisitar episódios, reler os quadrinhos e preparar homenagens. Muitos afirmam que Heartstopper os ajudou a sair do armário, a entender sua sexualidade ou simplesmente a se sentir menos sozinhos.
















