
Em meio a uma rotina médica tantas vezes marcada por diagnósticos difíceis e decisões complexas, surge uma narrativa diferente — feita de escuta, acolhimento e presença. O documentário brasileiro Uma Boa Notícia – o conforto sob a tempestade acaba de chegar ao catálogo do Globoplay, oferecendo ao público uma rara e tocante imersão no universo dos Cuidados Paliativos no Brasil.
Fruto de uma colaboração entre o A.C.Camargo Cancer Center, o Instituto Ana Michelle Soares e o canal Futura, o filme é o primeiro sobre o tema a ser disponibilizado de forma gratuita na plataforma de streaming da Globo. Mais do que um conteúdo informativo, a produção se propõe a provocar reflexão — e, acima de tudo, humanidade.
Quando o cuidado é mais que tratamento
Durante seus pouco mais de 50 minutos, o documentário acompanha profissionais da saúde, pacientes e familiares que convivem diariamente com o câncer e com outras doenças graves. Mas engana-se quem espera uma narrativa centrada na dor ou na despedida. O que “Uma Boa Notícia” mostra é justamente o contrário: o poder do cuidado ativo, sensível e contínuo, que busca aliviar sofrimentos e valorizar o tempo de vida com dignidade e escuta atenta.
No centro do filme está a rotina dos profissionais do A.C.Camargo Cancer Center, referência nacional em oncologia, e um dos primeiros no país a adotar a abordagem dos Cuidados Paliativos de forma integrada ao tratamento desde o início da jornada do paciente.
“Cuidados Paliativos não são o fim”
A frase escolhida como slogan do filme – “Cuidados Paliativos não são o fim, são apenas o começo” – resume bem a proposta da obra. Muito além do estigma da terminalidade, o documentário reforça que esse tipo de cuidado não significa desistência, mas sim uma virada de chave no modo como a medicina e a sociedade enxergam o sofrimento humano.
A abordagem paliativista se concentra em aliviar sintomas físicos, dores emocionais, angústias existenciais e até questões sociais que afetam o bem-estar do paciente e de quem está ao seu lado. Trata-se de uma prática que reconhece a pessoa em sua integralidade — e não apenas a doença que a acomete.
Histórias que tocam, vidas que inspiram
Com um olhar sensível e respeitoso, a produção se aproxima de histórias reais de pacientes que enfrentam o câncer com coragem, vulnerabilidade e, muitas vezes, bom humor. Através de depoimentos comoventes e momentos de acolhimento, o documentário revela que o cuidado paliativo também pode ser sinônimo de esperança, mesmo em cenários complexos.
Ao lado desses relatos, o público também conhece o dia a dia de médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais que atuam como pontes entre o sofrimento e o alívio possível. Profissionais que, mesmo diante de situações difíceis, oferecem conforto — físico, emocional e até espiritual.
Da ideia ao streaming: uma construção coletiva
Dirigido por Flávio Vieira, que também assina o roteiro ao lado de Tom Almeida e da jornalista Juliana Dantas, o projeto nasceu da vontade de ampliar o debate público sobre um tema ainda cercado de tabus. Com o apoio do canal Futura e o envolvimento direto do Instituto Ana Michelle Soares — criado em homenagem à médica paliativista que se tornou símbolo da humanização no cuidado —, o documentário ganha força não só como conteúdo audiovisual, mas como ferramenta de conscientização.
Segundo os realizadores, a ideia foi mostrar que, mesmo em contextos adversos, é possível construir uma jornada de cuidado marcada por sentido, presença e autonomia.
Acesso gratuito e necessário
O documentário já está disponível gratuitamente para todos os assinantes do Globoplay, incluindo no plano aberto com login. É uma oportunidade rara de conhecer uma parte fundamental da medicina que, muitas vezes, permanece invisível para o grande público.
















