
Nesta segunda-feira, 4 de agosto de 2025, a TV Globo quebra o padrão leve da tradicional Sessão da Tarde para exibir um drama profundo e sensível. “Paternidade” (Fatherhood), filme estrelado por Kevin Hart, mergulha em uma história real sobre perda, superação e o amor incondicional entre um pai e sua filha recém-nascida.
Segundo o AdoroCinema, o filme é inspirado no livro de memórias Two Kisses for Maddy, de Matthew Logelin, e acompanha a comovente trajetória de um homem que, apenas um dia após se tornar pai, perde sua esposa de forma inesperada. Em meio ao luto profundo e à insegurança, ele se vê diante do maior desafio de sua vida: criar a filha sozinho — uma missão para a qual nenhum manual, conselho ou preparação emocional seria suficiente.
Um novo Kevin Hart — mais humano, mais vulnerável
Conhecido mundialmente por seu humor acelerado e papéis cômicos, Kevin Hart surpreende ao mostrar um lado mais contido e emocional. No papel de Matthew, ele abandona as piadas fáceis para entregar uma atuação comovente, sincera e profundamente humana. Seu olhar diz tanto quanto suas falas, e cada gesto revela um homem tentando ser forte quando tudo ao seu redor desaba.
Ao seu lado, a pequena Melody Hurd (Maddy) conquista o público com naturalidade. A química entre os dois — pai e filha na tela — é o coração do filme. Já a veterana Alfre Woodard, no papel da sogra de Matthew, entrega uma atuação poderosa, representando o outro lado da dor: o da mãe que perde a filha e teme que a neta não tenha o cuidado necessário.
Da dor à reconstrução: uma história que nasceu da vida real
O longa vai além da ficção. A história de Matthew Logelin é real — e por isso, tão potente. Em 2008, um dia após o nascimento da filha, Liz, sua esposa, faleceu de uma embolia pulmonar. Sem chão, Matthew encontrou força na própria filha para continuar. E decidiu contar essa história ao mundo. Primeiro, por meio de um blog. Depois, em um livro. Agora, nas telas.
A versão cinematográfica, dirigida por Paul Weitz (de “Um Grande Garoto”), trata esse enredo com a sensibilidade que ele exige. O roteiro, assinado por Weitz em parceria com Dana Stevens, evita exageros ou fórmulas prontas. Aqui, o drama está nos detalhes do cotidiano: a troca de fraldas feita entre lágrimas, as madrugadas solitárias, o primeiro dia de escola. E, principalmente, os silêncios — aqueles que só quem já perdeu alguém conhece.

Da Netflix para a Globo
Mas não é só a trama que chama atenção. A exibição do filme na emissora da família Marinho também marca um momento inédito na história da Globo: o longa, lançado originalmente pela Netflix em 2021, chega à emissora mesmo com exclusividade da plataforma de streaming.
Produzido pela Columbia Pictures, o filme teve sua distribuição negociada diretamente com a Globo — com o aval da própria Netflix. É mais um passo no movimento crescente de integração entre televisão aberta e plataformas digitais. E uma nova forma de levar histórias emocionantes para públicos que, muitas vezes, não têm acesso fácil ao streaming.
Antes dele, produções como “Cabras da Peste” já haviam seguido um caminho semelhante. Mas o filme é uma das primeiras obras internacionais da Netflix exibidas na maior emissora do Brasil. Um marco simbólico da nova era de consumo de conteúdo audiovisual — onde as barreiras entre plataformas se tornam cada vez mais fluidas.
O retrato possível (e real) da paternidade solo
Em “Paternidade”, não há super-heróis. Não há soluções mágicas. O que vemos é um homem tentando fazer o seu melhor todos os dias. Errando, aprendendo, tentando de novo. E isso é o que o torna tão comovente. Matthew não sabe amarrar o laço do vestido da filha. Não entende de cólicas, brinquedos ou penteados. Mas sabe acolher, ouvir, estar presente. Sabe transformar a ausência em presença. E isso, por si só, já é um ato de heroísmo. Em um mundo onde a responsabilidade pelos filhos ainda recai, em sua maioria, sobre as mães, filmes como esse mostram que o afeto paterno pode — e deve — ser ativo, sensível e fundamental.
Representatividade importa — e emociona
Mais do que uma história de superação, a trama é um filme sobre presença. E é poderoso ver um homem negro ocupando esse lugar de protagonista amoroso, vulnerável e comprometido com a filha. Kevin Hart falou sobre isso em diversas entrevistas: “Eu queria mostrar um pai real. Alguém que ama, que falha, que insiste. Mostrar que homens também sentem, também choram, também educam.” Essa representação é importante. E necessária. Em um cenário cinematográfico onde a masculinidade ainda é, muitas vezes, retratada como fria ou distante, filmes como “Paternidade” ajudam a reconfigurar imaginários — e, quem sabe, inspirar novas formas de ser pai.
Crítica e recepção
Lançado em junho de 2021, o longa-metragem recebeu críticas positivas por sua sensibilidade e pelo bom equilíbrio entre emoção e humor leve. No Rotten Tomatoes, mantém 67% de aprovação da crítica e 71% do público. O consenso é de que, embora não traga grandes surpresas narrativas, o longa emociona com honestidade e atuações sólidas.
















