
Neste domingo, 3 de agosto de 2025, o Cinemaço da TV Globo traz uma produção nacional carregada de tensão, ação e sentimentos brutos: Cano Serrado, drama com clima de faroeste moderno dirigido por Erik de Castro. A história coloca o espectador dentro de uma espiral de vingança e erro de identidade que poderia muito bem ter saído de um clássico do gênero western, mas se passa em solo brasileiro — com direito a caminhões na estrada, clima seco do interior e muita raiva reprimida.
Uma bala carregada de dor e justiça
O protagonista da história é Sebastião, interpretado com intensidade por Rubens Caribé. Sargento aposentado, Sebastião está devastado pela morte do irmão, um caminhoneiro brutalmente assassinado em circunstâncias misteriosas. Tomado pelo luto e pela sede de justiça — ou talvez de vingança — ele decide investigar por conta própria e punir os responsáveis. Mas como costuma acontecer nas boas histórias de faroeste, nada sai como o planejado.
Ao se deparar com dois policiais locais, Manuel (vivido por Paulo Miklos) e Marcos Sá (interpretado por Fernando Eiras), Sebastião comete um engano fatal: os toma como suspeitos do crime. A partir daí, a situação foge completamente do controle. O que era uma investigação solitária se transforma em uma caçada desenfreada, colocando toda uma cidade no meio do fogo cruzado.
Quando o interior vira palco de tensão
Com produção da Globo Filmes em parceria com a BSB Cinema Produções, Cano Serrado mistura a atmosfera quente e carregada do sertão com um visual sujo e realista. A fotografia de Edu Felistoque e Willian Pacini capta com maestria esse ambiente seco, quase sufocante, onde as emoções dos personagens parecem evaporar com o calor do asfalto.
A trilha sonora de Patrick De Jongh contribui para o clima western contemporâneo, misturando regionalismo com acordes tensos e introspectivos. O silêncio também tem papel importante: muitas vezes, o que não é dito pesa tanto quanto os confrontos armados.
Quem faz parte do elenco?
O elenco do filme reúne nomes conhecidos do cinema, da televisão e da música, entregando performances intensas e multifacetadas. Rubens Caribé (Os Matadores, A Casa de Alice) interpreta o sargento Sebastião com raiva contida e uma dor que beira o insuportável. Paulo Miklos (É Proibido Fumar, Estômago) dá vida ao policial Manuel, num papel silencioso e cheio de nuances. Fernando Eiras (O Cheiro do Ralo, Dom) interpreta Marcos Sá, parceiro de Manuel, completando a dupla que é confundida com os assassinos e acaba no centro da tempestade. Milhem Cortaz (Tropa de Elite, Carandiru) vive o explosivo Rico, enquanto Jonathan Haagensen (Cidade de Deus, Irmandade) interpreta Luca, um jovem envolvido na rede de suspeitas.
A força feminina vem com Naruna Costa (Sintonia, Todas as Flores), que vive Roberta, e Silvia Lourenço (Hoje, Nome Próprio), como Sílvia. O elenco ainda conta com Rodrigo Brassoloto (Ferrugem, Estômago) como Romão, Sérgio Cavalcante (Polícia Federal – A Lei é para Todos) como Flavio, Ronaldo Lampi (Onde Está a Felicidade?) como Manerveres, Cesário Augusto (Cheiro do Ralo) como Raimundo, Mariana Molina (Malhação, Além da Ilusão) como Isabel, Mauricio Witczak (Entre Nós, O Filme da Minha Vida) como João, Antonio do Rosário (Nada a Declarar) como Fulgêncio, Cibele Amaral (Do Outro Lado do Paraíso) como Francisca, e André Araujo (O Pastor e o Guerrilheiro) como Juvenal. As informações são do Gshow.
Faroeste à brasileira? Sim, e com personalidade
O longa não esconde suas inspirações no gênero do faroeste. Há um justiceiro solitário, uma cidade abalada, autoridades confusas, tiroteios e até trilha sonora com toques de western. Mas o que o filme faz de interessante é abrasileirar essa fórmula, inserindo elementos regionais, ambientações que fogem do estereótipo norte-americano e dilemas morais bem locais.
Aqui, o “bang bang” não acontece em saloons, mas em postos de gasolina, nas estradas poeirentas e nos becos das pequenas cidades do interior. A lei é falha, o luto é pesado e a violência parece ser a única linguagem que os personagens conhecem.
Justiça ou vingança?
O grande motor do filme é a ambiguidade entre justiça e vingança. Sebastião não é exatamente um herói. Seu desejo de justiça é legítimo, mas seus métodos são extremos. Ele erra, e seus erros custam caro. Ao confundir os policiais com os assassinos de seu irmão, ele coloca vidas inocentes em risco e embaralha ainda mais as linhas entre certo e errado.
Uma produção feita com garra
A ficha técnica do filme mostra o esforço coletivo de artistas e técnicos que acreditaram na proposta da trama. Com produção executiva de Christian de Castro e Edu Felistoque, o filme ganhou força mesmo com orçamento modesto. A montagem ágil, assinada por Gab Felistoque, contribui para a tensão crescente, e a direção de arte de Luiza Conde constrói um mundo palpável, onde a violência está sempre à espreita.
















