Jay Kelly | Netflix revela trailer de novo drama com George Clooney e Adam Sandler

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Foto: Reprodução/ Internet

A Netflix lançou na manhã desta terça, 5 de agosto, o aguardado primeiro trailer de Jay Kelly, novo longa-metragem escrito e dirigido por Noah Baumbach, com estreia limitada nos cinemas marcada para 20 de novembro de 2025 e lançamento global na plataforma para 5 de dezembro. Estrelado por George Clooney e Adam Sandler, o drama promete ser uma das obras mais sensíveis e maduras da temporada, refletindo sobre identidade, afeto, paternidade e o peso invisível que a fama pode carregar ao longo do tempo. Abaixo, confira o vídeo:

O longa, coescrito por Baumbach e Emily Mortimer, é uma viagem — literal e emocional — por paisagens europeias e memórias fragmentadas. Jay Kelly, interpretado por Clooney, é um astro de cinema em fase de declínio, cuja imagem pública já não acompanha seu esgotamento pessoal. Ao lado de Ron (Sandler), seu empresário e confidente há décadas, ele embarca em uma turnê promocional que se transforma, pouco a pouco, em uma travessia existencial sobre o que ficou para trás — e o que ainda pode ser resgatado.

A desconstrução do ícone: um astro sob a luz e à sombra

Clooney, conhecido por interpretar homens carismáticos, articulados e quase sempre no controle das situações, mergulha aqui em um papel mais introspectivo e emocionalmente desgastado. Jay Kelly não é apenas um ator em busca de reaparecer para o público, mas alguém que precisa, antes de tudo, reaparecer para si mesmo. Ao seu lado, Ron (Sandler) serve como espelho, suporte e, por vezes, espinho — representando o passado fiel, mas também cúmplice de silêncios e omissões.

O que poderia ser apenas uma road trip entre dois amigos se revela, sob o olhar refinado de Baumbach, uma meditação sobre as consequências de vidas dedicadas à imagem e ao controle da narrativa. Jay foi, durante décadas, o protagonista não só de filmes, mas também de sua própria mitologia. Agora, aos poucos, esse mito precisa ser desmontado para que o homem por trás dele possa emergir — mesmo que já tarde demais para certos reparos.

Baumbach e sua poética da crise silenciosa

Noah Baumbach, que construiu sua carreira escavando os desconfortos íntimos de famílias e casamentos disfuncionais (A Lula e a Baleia, História de um Casamento), parece dar um novo passo com Jay Kelly. Se antes seus personagens eram definidos por embates diretos e diálogos afiados, aqui o conflito se mostra mais sutil, mais contido — mas não menos devastador.

O diretor se interessa, mais uma vez, pelos homens em ruínas emocionais, por aqueles que sustentaram durante muito tempo papéis públicos enquanto deixavam suas relações pessoais desmoronarem. Jay Kelly, nesse sentido, é irmão de tantos outros personagens do universo de Baumbach — mas com uma camada adicional: o peso do estrelato, da celebridade e da necessidade de manter uma narrativa externa coerente mesmo quando tudo dentro está em colapso.

Foto: Reprodução/ Internet

Um filme sobre o que não foi dito

A força do roteiro, segundo declarações do próprio Baumbach, está menos nos grandes acontecimentos e mais nos silêncios que os cercam. As imagens divulgadas mostram Jay e Ron circulando por hotéis luxuosos, salas de entrevista, ruas vazias, trens europeus — sempre acompanhados de uma melancolia que parece envolver tudo ao redor. O passado não retorna em flashbacks, mas nos olhares, nos gestos contidos, nas conversas interrompidas.

É nesse tempo suspenso entre o glamour e a decadência que o filme constrói seu espaço. Ron, vivido com contenção por Adam Sandler, é o típico personagem que está sempre presente, mas raramente visto. Ele não apenas administra a carreira de Jay — ele também gerenciou, por anos, seus silêncios, suas ausências como pai, marido e ser humano.

Estreia dupla de Clooney e Sandler no mundo de Baumbach

Apesar de já terem flertado com o drama em outras ocasiões, Clooney e Sandler entram aqui em terreno inédito. É a primeira vez que trabalham sob a direção de Baumbach, e ambos parecem encontrar na contenção exigida pelo roteiro um campo fértil para atuações profundas e dolorosamente humanas.

George Clooney, que nos últimos anos tem se dedicado mais à direção e produção, retorna à frente das câmeras com um personagem que parece dialogar diretamente com sua própria trajetória pública. Jay Kelly carrega não apenas a exaustão do personagem, mas também uma autoconsciência melancólica de quem sabe que está interpretando um tipo de versão distorcida de si mesmo.

Adam Sandler, por sua vez, volta a explorar seu lado dramático — já revelado em Joias Brutas (2019) e Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (também de Baumbach). Ron é discreto, mas emocionalmente carregado. Sua fidelidade a Jay, ao longo dos anos, é tão genuína quanto inquietante.

Elenco de apoio como extensão da psique de Jay

O restante do elenco funciona como peças de um quebra-cabeça emocional que Jay não consegue mais montar. Laura Dern, uma das parceiras recorrentes de Baumbach, deve interpretar uma figura central do passado afetivo de Jay — talvez uma ex-esposa ou uma antiga colaboradora que carrega feridas ainda abertas.

Riley Keough e Eve Hewson aparecem como filhas distantes ou mulheres que cruzaram a vida de Jay sem que ele tivesse realmente estado presente. A presença de nomes como Billy Crudup, Patrick Wilson, Jim Broadbent e Isla Fisher sugere uma colcha de retalhos emocional, onde cada personagem traz um pedaço do que Jay foi — ou fingiu ser.

Emily Mortimer, coautora do roteiro, também atua no filme. Sua participação tem sido mantida em sigilo, o que alimenta a especulação de que ela seja a âncora emocional da trama — talvez a única capaz de confrontar Jay com um espelho verdadeiro.

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