
A Netflix revelou recentemente o trailer de bastidores da aguardada minissérie brasileira Pssica, uma produção que reúne alguns dos maiores nomes do cinema nacional, entre eles o aclamado diretor Fernando Meirelles, responsável por obras icônicas como Cidade de Deus (2002). Com estreia marcada para 20 de agosto de 2025, a série já causa expectativa por sua proposta ousada e narrativa envolvente, que une elementos de suspense, realismo social e mitologia amazônica.
A trama é uma minissérie original da Netflix que adapta o romance homônimo do escritor paraense Edyr Augusto, autor conhecido por retratar a riqueza e as tensões da Amazônia em suas obras. O projeto conta com direção de Fernando Meirelles, em parceria com Quico Meirelles, diretor experiente e filho do cineasta, que traz uma sensibilidade especial para a direção de cenas de tensão e ação na floresta.
O roteiro é assinado por Bráulio Mantovani — indicado ao Oscar pelo roteiro de Cidade de Deus — junto com Fernando Garrido e Stephanie Degreas, trazendo uma narrativa que equilibra poesia e violência, explorando temas como tráfico humano, conflitos territoriais e forças sobrenaturais.
A história gira em torno de Janalice (Domithila Cattete), uma jovem que é raptada por uma rede de tráfico humano na Amazônia e precisa lutar para sobreviver em meio aos perigos dos rios e da floresta. Paralelamente, o personagem Preá (Lucas Galvino) lidera uma gangue de “ratos d’água”, criminosos que controlam as rotas fluviais da região, enfrentando dilemas morais e os fantasmas de seu passado.
Outro núcleo importante é a busca de Mariangel (Marleyda Soto) por vingança após a morte de sua família. Ela enfrenta uma entidade misteriosa conhecida como “pssica” — uma espécie de maldição que persegue e destrói aqueles que cruzam seu caminho, misturando o sobrenatural com o cotidiano de violência.
Segundo o diretor Fernando Meirelles, “a série é um mergulho na alma da Amazônia, onde o real e o mítico se confundem e a luta pela sobrevivência ganha contornos poéticos e sombrios”. A produção promete explorar as nuances culturais e sociais da região, sem esquecer da tensão e do drama humano.
O peso do elenco na construção da narrativa
O elenco da minissérie é formado majoritariamente por atores brasileiros, muitos deles estreantes ou vindos do teatro regional, garantindo um frescor e autenticidade aos personagens. A protagonista Domithila Cattete, que interpreta Janalice, é uma jovem atriz que vem se destacando em produções independentes.
Além dela, Lucas Galvino vive Preá, trazendo intensidade para o papel do líder de gangue em conflito. Marleyda Soto, conhecida por seu trabalho em teatro e cinema periférico, dá vida à vingativa Mariangel, que encara a maldição “pssica” com coragem e dor.
Complementam o elenco nomes como Claudio Jaborandy, Wesley Guimarães, Ademara, Bruno Goya, Luca Dan, Ricardo Teodoro, Sandro Guerra, Welket Bungué, Felipe Rocha, Andrés Castañeda e Fátima Macedo, que enriquecem a trama com personagens que trazem diferentes perspectivas e histórias de vida na Amazônia.
A diversidade do elenco reforça o compromisso da produção com a representatividade regional e cultural, apresentando vozes e rostos pouco vistos nas produções nacionais de grande alcance.
Bastidores e produção: uma jornada desafiadora
A minissérie é uma produção da O2 Filmes, com Andrea Barata Ribeiro e Fernando Meirelles na produção executiva, além de Cristina Abi como co-produtora. A escolha de filmar em locações na própria Amazônia adiciona uma camada de desafio à realização, devido às condições climáticas e logísticas.
O trailer de bastidores divulgado pela Netflix revela parte do processo intenso de gravação em meio à floresta, com cenas em rios e áreas remotas que exigiram uma equipe técnica altamente especializada. O cuidado em preservar o ambiente natural, sem perder a qualidade cinematográfica, foi um dos compromissos da produção.
Fernando Meirelles comentou sobre a importância de retratar a Amazônia de forma realista, “não apenas como cenário, mas como personagem central, viva e pulsante, que influencia cada decisão dos personagens e o desenrolar da história”.
Além das dificuldades naturais, a equipe teve que lidar com questões sociais da região, buscando incluir no roteiro elementos que dialogassem com a realidade das comunidades ribeirinhas, indígenas e das populações vulneráveis afetadas pelo tráfico e pelo crime organizado.
O impacto cultural e social da minissérie
A série chega em um momento em que a produção audiovisual brasileira tem se fortalecido internacionalmente, com séries e filmes que conquistam espaço nas plataformas digitais. A aposta em um enredo que dialoga com questões amazônicas, tão pouco exploradas em produções de grande público, é um diferencial que pode ampliar a visibilidade dos problemas e da cultura da região.
A obra também propõe reflexões importantes sobre violência, desigualdade e a presença constante do mito na construção das identidades locais. Ao trazer a maldição “pssica” como elemento central, a série transita entre o suspense psicológico e o folclore regional, resgatando narrativas populares e dando-lhes novo significado.
Para a crítica de cinema e cultura, Helena Fonseca, “a minissérie tem potencial para romper com clichês sobre a Amazônia, mostrando uma faceta complexa, multifacetada, onde a brutalidade e a beleza coexistem, e onde o ser humano se confronta com forças além de sua compreensão.”
Expectativas do público e da crítica
A divulgação do trailer de bastidores da série gerou grande repercussão nas redes sociais, com fãs do diretor Fernando Meirelles, admiradores da literatura amazônica e entusiastas do audiovisual brasileiro manifestando ansiedade pela estreia.
Especialistas do setor audiovisual destacam que “Pssica” pode ser uma das grandes apostas nacionais da Netflix em 2025, capaz de trazer um novo olhar para a produção local e atrair público internacional com uma narrativa original e ambientação exótica.
O envolvimento de profissionais renomados como Bráulio Mantovani, diretor criativo de peso, também adiciona credibilidade e qualidade ao projeto, prometendo diálogos e roteiros que respeitam a profundidade dos personagens e das tramas.
Fernando Meirelles: um retorno ao universo brasileiro
Para o diretor Fernando Meirelles, “Pssica” representa um retorno ao seu universo de origem, depois de trabalhos internacionais de grande repercussão. Conhecido por sua sensibilidade para contar histórias brasileiras que dialogam com o mundo, Meirelles aposta na minissérie para ampliar a narrativa do país, mostrando suas contradições, beleza e tragédias.
Em entrevista recente, ele afirmou: “Este projeto é uma viagem de autoconhecimento, um desafio para traduzir em imagens o que está no livro de Edyr Augusto, que é a alma da floresta e das pessoas que vivem nela.”
Além disso, ele destaca a importância de valorizar talentos regionais e dar voz a histórias que muitas vezes ficam à margem das grandes produções comerciais
















