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Se você, como eu, cresceu ouvindo histórias de vampiros que misturam mistério, medo e um toque sombrio de romance, a notícia de um novo filme do Drácula sempre causa aquele frio na espinha — mas também aquela curiosidade quase irresistível. Em 2025, o diretor francês Luc Besson resolveu revisitar a lendária figura do conde Drácula, trazendo para as telas sua visão de uma história que se propõe ser mais do que um simples filme de terror: é, na intenção, uma “história de amor eterno”.

Porém, para além das expectativas que um clássico pode despertar, a chegada desse novo Drácula trouxe uma mistura de empolgação, decepção e um debate pesado que vai muito além da telona — afinal, o nome de Besson também está envolvido em controvérsias que não podemos ignorar. Então, que tal a gente conversar com calma sobre essa obra que tem dado o que falar? Vou contar tudo: os pontos altos, as falhas, o contexto, o elenco e o que essa adaptação representa — ou não — para a mitologia vampírica.

Luc Besson no comando

Antes de falar sobre o filme, vamos combinar: falar de Luc Besson é falar de uma figura que mexe com paixões, seja por seu estilo marcante, seja pelas polêmicas que o acompanham nos últimos anos.

Besson não é nenhum novato. Ele já dirigiu clássicos cult, como “O Quinto Elemento” e “Nikita”, filmes que marcaram a cultura pop e conquistaram fãs ao redor do mundo com sua estética visual ousada e personagens carismáticos. Mas nos últimos tempos, seu nome também tem sido associado a acusações sérias, especialmente relacionadas a agressões sexuais. E isso pesa — e muito — na forma como o público e a crítica recebem seus trabalhos.

É uma discussão importante: será que dá para separar a obra do artista? Não existe uma resposta única, mas é inegável que a sombra dessas acusações deixa um gostinho amargo e dificulta assistir ao filme sem pensar no que está por trás das câmeras.

Qual é a proposta do filme?

Dito isso, vamos para o que o filme entrega. Logo no início, fica claro que essa não é uma versão tradicional do Drácula. Aqui, o personagem principal, interpretado por Caleb Landry Jones, não é aquele monstro sedento por sangue e medo. Ele é um vampiro melancólico, atormentado, que parece mais um anti-herói romântico do que um vilão assustador.

O filme tenta construir uma narrativa onde Drácula é alguém que sofre, que busca redenção e até amor. Esse tom é refletido no subtítulo escolhido para a produção: Uma História de Amor Eterno.

A ideia até tem seu charme e poderia funcionar muito bem se o roteiro fosse mais sólido e as emoções fossem realmente transmitidas para o espectador. Mas, infelizmente, a execução não acompanha essa ambição.

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Roteiro fraco e personagens apagados

Um dos principais problemas da produção é justamente o roteiro, que não consegue sustentar a proposta de forma convincente. A trama é confusa, cheia de buracos e algumas escolhas parecem até contraditórias.

Os personagens clássicos da história, como Mina, Jonathan Harker e Van Helsing, aparecem de forma muito superficial, praticamente como meros figurantes. Zoë Bleu, que vive Elisabeta/Mina, tem pouco espaço para desenvolver sua personagem, e o mesmo acontece com o Jonathan, que mal é mencionado.

Já Van Helsing, interpretado por Christoph Waltz, é um padre caçador de vampiros que poderia ser o contraponto ideal para Drácula. Porém, sua presença não é tão marcante quanto se espera, e a relação entre ele e o vampiro nunca ganha a complexidade ou a tensão necessárias.

Quebra de regras e falta de coerência

Se você é fã do universo vampírico, provavelmente já sabe que há regras básicas que não podem ser violadas — ou pelo menos, não sem uma boa justificativa. Uma das mais famosas é a vulnerabilidade dos vampiros à luz do sol.

Em Uma História de Amor Eterno, essa regra é ignorada várias vezes. Em uma cena, o sol pode matar Drácula, e em outra, ele simplesmente caminha tranquilamente à luz do dia, sem nenhum dano aparente. Isso não só irrita o espectador que entende o universo, mas também enfraquece a credibilidade da história.

As atuações: O que salva no meio do caos

Apesar das falhas, o elenco tenta entregar o melhor possível. Caleb Landry Jones traz para Drácula uma interpretação interessante, mostrando um vampiro mais vulnerável e humano, o que rende algumas cenas que funcionam emocionalmente.

Christoph Waltz, mesmo com um personagem limitado pelo roteiro, mantém sua presença imponente. Zoë Bleu tem potencial, mas o roteiro não lhe dá espaço para brilhar.

No geral, as atuações são um dos poucos pontos positivos da produção, mostrando que, quando há talento, mesmo uma história fraca pode ser parcialmente resgatada.

O legado de Drácula e as dificuldades de reinvenção

Adaptar uma obra clássica é sempre um desafio. Drácula, em particular, é uma história que já ganhou centenas de versões no cinema, teatro, televisão e literatura. Cada nova tentativa precisa encontrar um jeito de respeitar a fonte e, ao mesmo tempo, trazer algo novo.

Muitos diretores conseguiram isso, fazendo do vampiro não só um símbolo do horror, mas também uma figura complexa, cheia de camadas e mistérios. Alguns exploraram o romance, outros o terror, e alguns, o psicológico.

Vale a pena assistir?

Se você é fã de filmes de terror e vampiros, pode valer a pena assistir a Drácula – Uma História de Amor Eterno só para formar sua própria opinião e experimentar essa visão alternativa do personagem.

Mas vá preparado: não espere o horror gótico clássico, nem um romance arrebatador. O filme exige paciência e, talvez, um olhar indulgente.

Se quiser um bom filme de Drácula, pode ser melhor recorrer a outras versões mais tradicionais ou inovadoras — mas que consigam equilibrar roteiro, personagens e atmosfera.

Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.

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