
O corpo de Abel (Tony Ramos) mal foi velado, e a fábrica de lingerie que ele ergueu com décadas de trabalho já sente os primeiros ventos de uma tempestade. No capítulo desta segunda-feira, 11 de agosto, de Dona de Mim, o luto dá lugar à tensão, quando Jaques (Marcello Novaes) aproveita o vazio deixado pelo patriarca para impor mudanças drásticas, mexendo no coração da empresa e despertando revolta entre os trabalhadores.
Sem perder tempo, Jaques convoca uma reunião de emergência no salão principal da sede. O ar está pesado, como se todos já pressentissem que a notícia não seria boa. E não é. Diante de olhares ansiosos, ele anuncia, com frieza calculada, que cortará custos — e que isso significará demissões em massa. A decisão não poupa sequer os nomes mais antigos e respeitados da casa, transformando o que era um encontro de rotina em um verdadeiro abalo sísmico para a equipe.
O advogado Ricardo (Marcos Pasquim) surge ao lado do vilão com uma pasta nas mãos. Lá dentro, uma lista meticulosamente preparada para atingir principalmente os funcionários com salários mais altos. Jaques, com a impassibilidade de quem vê pessoas como números, tenta justificar: são “medidas duras, mas necessárias” para, segundo ele, “garantir o futuro da empresa”. Para quem dedicou anos àquela fábrica, porém, as palavras soam como um insulto à memória de Abel e à história construída ali.
Entre os que recebem a notícia de forma mais amarga está Danilo (Felipe Simas), que há pouco tempo se integrou à equipe administrativa. Com desconforto estampado no rosto, ele é incumbido de entregar a relação de cortes a Natara (Carol Marra), supervisora querida e figura de confiança no chão de fábrica. Ao ler os nomes, Natara sente um peso no estômago — não é apenas a demissão de colegas, mas o início de um rompimento com tudo o que a fábrica representa.
O clima se deteriora rápido. Nos corredores, entre o barulho das máquinas e o cheiro de tecido novo, a indignação se espalha. Pam (Haonê Thinar), sempre combativa, levanta a voz: se as demissões seguirem, a produção vai parar. A palavra “greve” passa a ecoar pelos refeitórios, ganhando força a cada conversa sussurrada.
Do outro lado da trama, Samuel (Juan Paiva) acompanha o crescimento dessa insatisfação e entende que é hora de agir. Sabe que Jaques não vai ceder diante de protestos isolados, então decide recorrer a alguém que o vilão respeite — ou, ao menos, tema: sua avó, Rosa (Suely Franco). A matriarca não precisa pensar duas vezes. De luto, mas firme, ela segue para a fábrica.
Sua entrada é um momento de pura presença. Rosa atravessa o saguão com passos firmes, os netos ao lado, e encara Jaques diretamente. Não grita, não gesticula. Sua força está no tom sereno, mas irrefutável, com que afirma que não vai permitir que o patrimônio de Abel seja dilapidado por decisões precipitadas e egoístas. A sala inteira sente o peso das palavras, mas Jaques reage com ironia, tentando desviar: pergunta se a própria mãe planeja destituí-lo da presidência.
Mais do que um embate familiar, é o choque entre dois modos de enxergar o mundo: de um lado, a lógica fria do lucro a qualquer custo; do outro, a defesa de um legado construído com respeito e humanidade. O momento também expõe o quanto luto e negócios podem se misturar de maneira explosiva, abrindo feridas profundas.
















