
Na próxima sexta, 15 de agosto de 2025, o público de Vale Tudo, novela exibida pela TV Globo, vai assistir a um dos capítulos mais intensos e emocionantes desta nova versão do clássico. Heleninha (Paolla Oliveira), uma das personagens mais complexas e sensíveis da trama, decide encarar de frente uma batalha que vinha travando silenciosamente há anos: o alcoolismo.
A cena central, que se passa em uma reunião do Alcoólicos Anônimos (A.A.), marca não apenas um ponto de virada para a personagem, mas também um momento raro na teledramaturgia, em que um tema delicado é tratado com profundidade, realismo e respeito.
O peso de uma história marcada pela dor
Heleninha é artista plástica, mãe de Tiago, e sempre foi retratada como uma mulher sensível, intensa e, muitas vezes, vulnerável. Seu vício no álcool não surgiu de repente, mas como consequência de uma dor profunda: a perda do irmão gêmeo, Leonardo. Esse luto, vivido desde a juventude, moldou seu comportamento e a levou a buscar refúgio em taças de vinho e doses de bebida que, pouco a pouco, se tornaram parte de sua rotina.
A dependência, que começou aos 16 anos, foi se agravando com o tempo. E, como acontece na vida real, não foi percebida imediatamente como um problema — nem por ela, nem por muitos que estavam ao seu redor. O estigma em torno da doença e a ideia equivocada de que “beber para relaxar” é inofensivo contribuíram para que ela se afundasse ainda mais.
Agora, no ponto atual da narrativa, o público vê Heleninha chegar ao limite. O relacionamento com o filho começa a sofrer consequências mais sérias, e o medo de perdê-lo se torna a faísca para que ela procure ajuda.
A chegada ao A.A. — e o impacto de ouvir outras histórias
Acompanhada por Afonso, um dos poucos que se mantém ao seu lado com paciência e afeto, Heleninha entra em uma sala simples, onde um círculo de cadeiras aguarda os participantes. Ali, cada pessoa é livre para falar sobre sua experiência com o álcool, sem julgamentos, sem interrupções, apenas com a escuta atenta dos outros.
No início, ela permanece calada, observando. Ouve relatos que falam de perdas, recaídas, reconciliações e recomeços. Cada depoimento é um espelho de partes de sua própria história — e também um lembrete de que, apesar de se sentir sozinha, ela não é a única a enfrentar esse tipo de luta.
Quando chega sua vez, Heleninha hesita. Respira fundo, segura as lágrimas e começa a falar. Admite que o álcool apareceu como um anestésico para a dor de perder o irmão, mas que, com o tempo, deixou de ser um alívio e se transformou em uma prisão. As palavras saem trêmulas, mas carregadas de honestidade. Ao olhar para as outras pessoas presentes, percebe compreensão, e não julgamento.
Bastidores: o mergulho de Paolla Oliveira no papel
Para dar vida a essa sequência com a maior veracidade possível, Paolla Oliveira se preparou de forma intensa. Além de estudar relatos, participar de reuniões reais do A.A. e conversar com especialistas em dependência química, a atriz também se aprofundou na compreensão emocional de quem vive essa batalha.
“Não é só interpretar o vício, é entender a solidão, a vergonha, o medo de não conseguir sair dele. Eu queria que o público sentisse que estava olhando para alguém real, não para uma personagem de novela”, contou Paolla em entrevista à imprensa.
Segundo membros da produção, as cenas foram gravadas com mínima interferência técnica, permitindo que a atriz tivesse liberdade para criar momentos espontâneos. Alguns olhares, pausas e gestos que veremos no ar não estavam no roteiro, mas surgiram durante a gravação — e foram mantidos por transmitirem verdade.
Representatividade e responsabilidade social
Ao abordar o alcoolismo de forma tão cuidadosa, Vale Tudo reforça uma de suas marcas históricas: trazer debates relevantes para o horário nobre. Desde a versão original, exibida em 1988, a novela se destacou por colocar na tela temas espinhosos e por provocar conversas fora da ficção.
Agora, em 2025, o olhar é mais atualizado e sensível. A parceria com o Alcoólicos Anônimos não apenas garante fidelidade aos procedimentos e linguagem da instituição, mas também amplia a visibilidade da causa.
Especialistas lembram que o alcoolismo é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica que pode afetar qualquer pessoa, independentemente de gênero, idade ou condição social. No Brasil, estima-se que mais de 3% da população sofra de dependência alcoólica, mas o número real pode ser maior, já que muitos casos não são diagnosticados ou não chegam a tratamento.
A importância de mostrar o processo
Diferente de muitas produções que retratam a superação de vícios como algo rápido, Vale Tudo propõe acompanhar o processo de forma realista. A entrada de Heleninha no A.A. não é o “fim feliz” da trama, mas o início de uma jornada repleta de altos e baixos.
Nos próximos capítulos, o público verá suas tentativas de manter a sobriedade, os gatilhos que ameaçam puxá-la de volta e, sobretudo, a importância da rede de apoio que começa a se formar ao seu redor. Amigos, família e colegas de reunião terão papel fundamental nessa caminhada.
Para a roteirista responsável pelo núcleo da personagem, mostrar essa evolução é essencial: “O tratamento não é linear, e é importante que o público entenda isso. Queremos que as pessoas vejam que recaídas não significam fracasso, e que pedir ajuda, mesmo depois de errar, é um ato de coragem.”
O olhar do público — e a identificação
As primeiras chamadas e teasers divulgados pela emissora já geraram repercussão nas redes sociais. Muitos internautas compartilharam histórias pessoais ou de familiares que passaram por situações semelhantes, agradecendo por ver o tema tratado com respeito e profundidade.
“Eu sou filha de um alcoólatra e nunca tinha visto uma novela mostrar tão bem o lado humano da doença. Não é só sobre beber demais, é sobre tudo que está por trás disso”, comentou uma espectadora no X (antigo Twitter).
A expectativa é que, após a exibição, o capítulo gere ainda mais conversas — e, possivelmente, encoraje pessoas a procurarem ajuda.
A atuação de Paolla Oliveira
A performance de Paolla já é apontada como uma das mais marcantes de sua carreira. Colegas de elenco relatam que a atriz se manteve no estado emocional de Heleninha mesmo fora do “ação” e “corta” durante as filmagens dessas cenas.
















