
Enquanto o novo Superman ainda chama atenção dos fãs nas salas do cinema, James Gunn já mira no futuro do herói. O diretor revelou recentemente que concluiu o tratamento – um esboço detalhado do roteiro – para a sequência da saga que dará continuidade à história iniciada com o novo filme do Homem de Aço. Embora o diretor ainda mantenha em segredo os detalhes específicos do próximo longa-metragem, ele garante que a narrativa será uma evolução direta da trama atual, aprofundando personagens, relações e desafios inéditos para Clark Kent e a Liga da Justiça.
Segundo Gunn, o tratamento está “muito bem estruturado”, com arcos claros para todos os personagens principais. Ele comentou que David Corenswet, que interpreta Superman, sabe que fará parte da sequência, mas ainda não conhece o conteúdo completo do roteiro. “Ele sabe que faz parte disso, mas não sabe exatamente o que é”, explicou Gunn em entrevista ao Omelete, mostrando como o planejamento da nova fase do DCU combina surpresa, estratégia narrativa e desenvolvimento gradual da mitologia do personagem.
David Zaslav, CEO da Warner Bros. Discovery, reforçou a visão do diretor ao confirmar que Gunn estará à frente do próximo capítulo da Super-Família, garantindo coesão e continuidade. O planejamento meticuloso busca criar um universo interligado, em que cada filme se conecta ao anterior, mas também pode ser apreciado isoladamente, algo que a Warner pretende consolidar como marca do novo DCU.
O anúncio da sequência chega pouco depois do sucesso de Superman, lançado em 11 de julho, e estrelado por David Corenswet, Rachel Brosnahan e Nicholas Hoult. O longa-metragem marca o início do Capítulo 1: Deuses e Monstros, encerrando a fase do Universo Estendido DC (DCEU) que perdurou entre 2013 e 2023, e abrindo uma nova era de narrativas conectadas, emocionantes e contemporâneas.
Um Superman jovem e humano
Diferente das versões anteriores, o filme apresenta Clark Kent com 25 anos, três anos após iniciar sua carreira como herói. O filme explora sua vida como repórter em Metrópolis e os desafios de manter sua identidade secreta enquanto protege a humanidade. David Corenswet entrega uma performance que combina força física e sensibilidade emocional, mostrando um herói jovem, porém confiante, e ao mesmo tempo vulnerável, diante das pressões de um mundo que espera perfeição dele.
A trama se inicia com Clark intervindo em um conflito internacional entre Borávia, aliada dos Estados Unidos, e seu país vizinho, Jarhanpur. O bilionário Lex Luthor manipula os acontecimentos nos bastidores, usando um clone chamado Ultraman para incriminar Superman, o que desencadeia uma série de eventos que colocam o herói em uma posição delicada diante da opinião pública. Ferido e emocionalmente abalado, Superman recua para a Fortaleza da Solidão, apenas para descobrir que Luthor roubou mensagens deixadas por seus pais kryptonianos e as distorceu para parecer que Kal-El planejava dominar a Terra.
Essa abordagem mostra uma versão do herói mais complexa do que muitas anteriores, explorando não apenas a força física de Superman, mas também sua ética, vulnerabilidade emocional e responsabilidade moral. Ao enfrentar a manipulação de Luthor e a hostilidade do público, Clark é forçado a se reinventar, reafirmando valores de coragem, altruísmo e integridade que definem o personagem.
Rachel Brosnahan assume o papel de Lois Lane com uma abordagem moderna e empoderada. Sua versão da jornalista não é apenas interesse amoroso ou espectadora da ação; Lois é protagonista, investigativa e parte fundamental na resolução da trama. Ela trabalha para expor os planos de Luthor, ajudando Superman a limpar seu nome e garantindo que a verdade venha à tona.
A parceria entre Clark e Lois é apresentada de forma profunda e colaborativa. Eles compartilham confiança mútua e um vínculo que vai além do romance, mostrando que a heroína tem papel ativo na narrativa, influenciando diretamente o desenrolar dos acontecimentos. Essa abordagem respeita a tradição das HQs, mas adiciona nuances contemporâneas, refletindo uma sociedade mais consciente sobre representatividade e protagonismo feminino.
Nicholas Hoult entrega uma interpretação de Lex Luthor intensa e sofisticada. O vilão do novo DCU é astuto, carismático e, ao mesmo tempo, ameaçador. Luthor não se limita a planos de dominação; ele manipula emoções, eventos globais e a opinião pública, tornando Superman alvo de desconfiança e questionamento ético.
A escolha de Hoult se mostrou acertada por Gunn, que buscava um antagonista com presença física e capacidade de criar tensão real, sem perder a complexidade emocional. Lex Luthor do DCU não é apenas rival físico do herói; ele representa um desafio moral e intelectual, questionando as decisões e princípios de Clark Kent, e tornando a narrativa mais densa e envolvente.
A Liga da Justiça e novos aliados
O filme apresenta vários novos membros da Liga da Justiça, expandindo o universo de forma orgânica e preparando o terreno para futuras produções. Entre eles estão Kendra Saunders / Mulher-Gavião (Isabela Merced), Guy Gardner / Lanterna Verde (Nathan Fillion), Michael Holt / Senhor Incrível (Edi Gathegi) e Rex Mason / Metamorfo (Anthony Carrigan). Essa diversidade de personagens cria oportunidades para explorar diferentes tipos de conflitos, alianças e dinâmicas de equipe, ao mesmo tempo em que fortalece o papel de Superman como líder moral da Liga.
A interação entre os heróis vai além da ação e do combate: há diálogos que exploram dilemas éticos, o valor da confiança e a importância de trabalhar em equipe. A narrativa consegue equilibrar momentos de leveza, tensão e heroísmo, proporcionando uma experiência completa para o público, tanto veterano dos quadrinhos quanto novos espectadores.
A visão de Gunn para o Homem de Aço
James assumiu o comando criativo após se tornar co-CEO da DC Studios em novembro de 2022. Desde então, ele se concentrou em criar uma versão de Superman que respeitasse o legado do personagem, mas que também refletisse a modernidade e os dilemas contemporâneos. Gunn enfatizou que a prioridade era desenvolver uma narrativa que fosse acessível, emocionalmente rica e que pudesse servir como base sólida para todo o DCU.
David Corenswet passou por uma rigorosa transformação física para interpretar Superman, sob orientação do especialista em fitness Paolo Masciti. A intenção era refletir um herói que fosse imponente, mas também jovem e em início de carreira, equilibrando força, agilidade e presença cênica.
A inspiração principal veio da HQ All-Star Superman (2005–2008) de Grant Morrison e Frank Quitely, mas Gunn também incorporou elementos de Superman for All Seasons (1998), criando um equilíbrio entre nostalgia e inovação. Assim, a narrativa consegue manter a essência clássica do personagem, enquanto adiciona elementos inéditos e complexos, que dialogam com o público moderno.
Filmagens e cenografia
As filmagens ocorreram entre março e julho de 2024, inicialmente no Trilith Studios em Atlanta, e depois em locações de Ohio. A direção de fotografia de Henry Braham trouxe estética vibrante, equilibrando cenas grandiosas de ação com momentos mais íntimos, como as interações de Clark com seus pais adotivos na fazenda Kent ou reflexões na Fortaleza da Solidão.
A cenografia combina elementos futuristas da tecnologia kryptoniana com a estética urbana de Metrópolis, criando contraste entre a origem alienígena do herói e sua vida terrestre. Essa fusão visual reforça a narrativa, mostrando tanto a grandiosidade quanto a humanidade do Superman.
Recepção crítica e pública
Desde a estreia no TCL Chinese Theater, o Homem de Aço recebeu elogios de críticos e público. A narrativa equilibrada, que combina ação, drama e humor, foi destacada, assim como o desenvolvimento de personagens complexos e relacionáveis. David Corenswet e Rachel Brosnahan foram particularmente elogiados pela profundidade emocional de suas performances, enquanto Nicholas Hoult conquistou reconhecimento pela interpretação de um vilão multifacetado e intimidador.
Críticos também destacaram a reinvenção do vilão Lex Luthor e a introdução de novos membros da Liga da Justiça, apontando que o filme consegue equilibrar nostalgia, inovação e construção de universos, preparando o terreno para futuras histórias do DCU.
O futuro do DCU
O tratamento de Gunn para a sequência indica que o DCU continuará com arcos conectados, desenvolvendo a Super-Família e seus aliados de maneira planejada. David Corenswet deve retornar como Superman, consolidando sua presença na franquia, enquanto novos personagens e vilões são aguardados para enriquecer o universo cinematográfico. Com o recente lançamento, James Gunn e Peter Safran estabelecem um novo padrão para os filmes da DC, mostrando que é possível atualizar personagens clássicos sem perder sua essência, equilibrando ação, emoção, representatividade e continuidade narrativa.
















