O silêncio da noite. O som de folhas secas se movendo. Um passo atrás de você. O frio na espinha. Quem cresceu assistindo filmes de terror nos anos 80 e 90 sabe exatamente o que essas imagens evocam: Jason Voorhees está próximo. E agora, mais de quatro décadas depois de sua primeira aparição, o vilão mascarado retorna com força total em um novo projeto.

O curta-metragem Sweet Revenge — ou “Doce Vingança” — acaba de ser lançado gratuitamente no YouTube, oferecendo 13 minutos de puro clima de slasher e nostalgia. O vídeo traz não apenas o retorno de Jason (interpretado por Schuyler White), mas também sinaliza uma movimentação maior dos detentores dos direitos da franquia, que há anos se encontrava paralisada por batalhas judiciais. Para os fãs, o recado é claro: Jason está de volta, e não pretende largar seu facão tão cedo.

Um presente para os fãs

A escolha de lançar filme gratuitamente não foi por acaso. Depois de anos em que a saga ficou presa a disputas legais, o público começou a perder as esperanças de ver algo novo e oficial de Sexta-Feira 13. Muitos se contentaram com fanfilms, jogos independentes e homenagens pontuais. Agora, com este curta de acesso livre, os produtores mostram que estão prontos para abrir as portas de Crystal Lake novamente.

Apesar de curto, o projeto não economiza na atmosfera clássica que consagrou Jason: o lago silencioso, a floresta isolada, a sensação constante de que alguém está prestes a ser caçado. É um aperitivo, mas um que deixa um gosto forte de “quero mais”.

Por que Jason ficou tanto tempo longe?

Para entender a importância deste lançamento, é preciso voltar um pouco no tempo. O primeiro Sexta-Feira 13, lançado em 1980, foi um fenômeno inesperado. Com um orçamento de apenas 500 mil dólares, faturou quase 60 milhões pelo mundo e ajudou a moldar o gênero slasher. Mas junto com o sucesso vieram as continuações, os crossovers e, inevitavelmente, as brigas pelos direitos autorais.

O roteirista original, Victor Miller, e o diretor Sean S. Cunningham travaram uma longa batalha na justiça sobre quem poderia produzir novos conteúdos envolvendo Jason. Essas disputas travaram qualquer projeto oficial por mais de uma década. Nesse meio tempo, a franquia sobreviveu na base de relançamentos, referências em outros filmes e a devoção dos fãs.

O anúncio do curta-metragem marca não apenas a volta de Jason às telas, mas também um aceno de que as portas para novos filmes, séries e até jogos podem finalmente estar destrancadas.

O futuro: Crystal Lake, a série prelúdio

E por falar em novos projetos, os fãs não vão precisar viver só de curtas. Já está em produção Crystal Lake, uma série que promete revisitar o passado do vilão. Diferente dos filmes, que sempre focaram na matança desenfreada, a série deve mergulhar mais fundo na história de Pamela Voorhees, mãe de Jason e a verdadeira assassina do primeiro filme.

Pamela será interpretada por Linda Cardellini, conhecida por trabalhos como Scooby-Doo e Dead to Me. Ao seu lado, Callum Vinson, que brilhou na série Chucky, dará vida ao jovem Jason. Ainda há muito mistério em torno da trama, mas a promessa é de explorar eventos anteriores ao primeiro massacre no acampamento, revelando a relação entre mãe e filho e o que levou Pamela a se tornar uma figura tão implacável.

Bastidores turbulentos

Apesar do entusiasmo dos fãs, Crystal Lake passou por um caminho tortuoso para sair do papel. Encomendada pela Peacock em 2022, a série originalmente teria Bryan Fuller (Hannibal) como showrunner. Contudo, após reuniões internas, executivos da A24 decidiram demitir Fuller e seu parceiro Jim Danger Gray. Segundo apurado pelo site The Wrap, eles não concordaram com a proposta de reimaginar os quatro primeiros filmes da franquia, dedicando uma temporada para cada um.

Essa decisão pegou muita gente de surpresa, já que diretores renomados como Kimberly Peirce (Meninos Não Choram) e Vincenzo Natali (O Cubo) já estavam envolvidos, assim como Kevin Williamson (Pânico), responsável por alguns roteiros. Até estúdios no Canadá haviam sido reservados para uma filmagem de oito meses. No lugar de Fuller, Brad Caleb Kane (It: Bem-Vindo a Derry) assumiu o comando. Com isso, o rumo da série mudou, e boa parte do material já desenvolvido foi descartada.

O peso de uma máscara de hóquei

É impossível falar de Jason sem mencionar o impacto cultural de sua imagem. Curiosamente, o personagem nem sequer usava a icônica máscara de hóquei no primeiro filme — ela só apareceu na terceira parte, em 1982. Antes disso, Jason era mostrado como uma figura deformada, usando um saco de estopa na cabeça (Part 2).

A máscara, no entanto, se tornou um dos símbolos mais reconhecíveis do cinema de terror. Hoje, mesmo quem nunca assistiu aos filmes sabe que ela representa perigo, morte e um facão afiado à espreita. Jason também ajudou a consolidar um subgênero de terror que segue vivo até hoje: o slasher. Filmes como Pânico, Halloween (nas suas várias versões) e até produções mais recentes, como X – A Marca da Morte, devem muito ao formato estabelecido em Sexta-Feira 13: jovens isolados, perseguição silenciosa e mortes criativas.

Um ícone que nunca morre

Parte do fascínio por Jason vem do fato de ele ser praticamente imortal. Nos filmes, ele já foi afogado, enforcado, queimado, decapitado, explodido e até mandado para o espaço. E sempre volta.

Essa “invencibilidade” o transforma em algo mais do que um simples assassino humano: ele é uma força da natureza, inevitável, imparável e, de certo modo, eterna. Isso o coloca ao lado de outras figuras do terror como Freddy Krueger e Michael Myers, mas com uma característica única: Jason raramente fala. Ele não negocia, não ameaça verbalmente. Apenas aparece — e mata.

O que esperar daqui para frente

Com o lançamento de, a expectativa é que mais conteúdos oficiais com Jason comecem a aparecer. Há rumores de novos jogos, de um possível reboot cinematográfico e até de crossovers inéditos (os fãs sonham com um encontro entre Jason e Michael Myers, por exemplo).

O sucesso ou fracasso da série Crystal Lake também deve influenciar bastante o futuro da franquia. Se o público abraçar a proposta, é possível que a história seja expandida para além da infância de Jason, talvez até mostrando sua primeira matança sob o ponto de vista da mãe.

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