
Na madrugada desta sexta-feira, 15 de agosto, o público do Conversa com Bial terá a oportunidade de ver um lado pouco conhecido de Alexandre Nero. Longe da força dos personagens marcantes que o consagraram na televisão — vilões magnéticos, protagonistas complexos e figuras cheias de nuances —, o ator se abre de maneira sincera e humana, revelando o homem por trás das câmeras.
O encontro com Pedro Bial transforma-se rapidamente em mais do que uma entrevista tradicional: é uma viagem pela memória e pela introspecção, um exercício de autoconhecimento diante de milhões de espectadores. Nero fala sobre temas que marcaram profundamente sua vida, desde a morte precoce dos pais até os desafios da paternidade e da construção do amor ao longo dos anos.
O luto e o humor como escudo
Ao relembrar a perda de seus pais ainda jovem, Nero compartilha a estratégia que adotou para lidar com a dor: o humor. Durante décadas, ele desviava das perguntas sobre o tema com piadas rápidas, um mecanismo para se proteger da tristeza. “Fazer piada era um jeito de não me deixar cair num buraco”, confessa. Hoje, aos 55 anos, reconhece que não há necessidade de escapar: enfrentar a dor é parte do processo de cura.
O relato revela como a vida de Nero foi marcada por experiências que exigiram resiliência e criatividade emocional. Mesmo sendo um ator capaz de mergulhar nas contradições de seus personagens, ele admite que nenhum papel preparou-o para lidar com perdas reais. O humor, que tantos anos serviu como escudo, tornou-se uma ferramenta de sobrevivência e aprendizado.
Relações, amor e paternidade
A conversa com Bial evolui naturalmente para as relações afetivas que Nero construiu ao longo da vida. Ele admite ter passado grande parte da juventude e da vida adulta descrente no amor. Para ele, os relacionamentos pareciam capítulos fadados ao fim, histórias sem final feliz. “Eu vivi muitos anos achando que não poderia ser amado”, confessa com honestidade.
O ponto de virada surge com a chegada de Karen Brusttolin, sua esposa, e, posteriormente, dos filhos Noá e Inã. A paternidade se revela uma experiência transformadora, abrindo um território emocional inexplorado. “Meu filho foi o maior convite para eu entender que o amor não precisa ir embora”, revela. Nos olhos das crianças, Nero encontrou um sentimento de pertencimento e continuidade, algo que ele confessa nunca ter sentido de forma plena antes.
Essa mudança, segundo o ator, não aconteceu de forma instantânea. É um processo contínuo de desconstrução de medos antigos, de enfrentar a vulnerabilidade e de aprender a se entregar sem reservas. O casamento e a paternidade mostram que o amor exige coragem, mas também oferece a possibilidade de reconstrução e plenitude emocional.
Da música ao teatro: a formação de um artista
Apesar da fama na televisão, a trajetória de Alexandre Nero começou muito antes dos estúdios e câmeras. Natural de Curitiba, ele construiu sua carreira nos palcos e na música, fundando associações culturais, integrando bandas, compondo, cantando e tocando. O teatro funcionou como seu laboratório criativo, um espaço seguro para experimentar, errar e aprender com diferentes linguagens e papéis.
Na TV, Nero consolidou-se como um ator que foge da previsibilidade. Do verdureiro Vanderlei, em A Favorita (2008), ao icônico Comendador José Alfredo, em Império (2014), passando pelo dúbio Romero Rômulo, em A Regra do Jogo (2015), ele construiu uma reputação de intérprete capaz de mergulhar nas contradições humanas. Premiações, elogios da crítica e até uma indicação ao Emmy Internacional atestam a coragem que Nero tem de assumir riscos e de se entregar de corpo e alma a cada personagem.
O artista e o homem comum
O que impressiona na entrevista é a capacidade de Nero transitar entre o artista e o homem comum com naturalidade. Ele fala sobre seu trabalho com a mesma franqueza com que aborda questões íntimas. Já viveu tipos agressivos, cômicos, sedutores e sombrios, mas nenhum deles o preparou para os desafios da vida real — seja lidar com a ausência dos pais ou com a responsabilidade de criar filhos em um mundo cada vez mais desafiador. Nesse contexto, o bate-papo revela algo profundo: a sensibilidade que ele leva para a ficção está enraizada em experiências vividas. Cada personagem, cada emoção transmitida, carrega fragmentos de sua própria história, de momentos marcados por dor, aprendizado e descobertas sobre o amor.
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