A franquia Invocação do Mal se tornou uma grande referência do terror moderno, graças à combinação de narrativas envolventes, personagens complexos e sustos construídos com precisão. Desde o primeiro filme, a série equilibra elementos sobrenaturais com drama humano, criando experiências memoráveis para o público. Ao longo dos anos, incluindo spin-offs e derivados, nem todas as produções mantiveram a mesma força narrativa: algumas se apoiaram mais na reputação da marca do que na criação de cenas realmente impactantes.

Recuperando a esperança: Um encerramento satisfatório

Após Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021), a sensação predominante foi de desgaste. O terror perdeu parte de seu impacto, a carga emocional se diluiu e a narrativa parecia sustentada apenas pelo prestígio da marca. Era difícil acreditar que um novo capítulo poderia resgatar a força inicial da saga. Entretanto, O Último Ritual surpreende positivamente. Embora não alcance a intensidade e originalidade do primeiro filme, o longa apresenta um encerramento mais consistente e atmosférico, oferecendo uma experiência satisfatória para os fãs que aguardavam um desfecho digno.

Ed e Lorraine Warren: O coração da saga

O destaque central permanece no casal Ed e Lorraine Warren, interpretado por Patrick Wilson e Vera Farmiga. A dupla, que se consolidou como coração da franquia, traz humanidade e profundidade emocional ao caos sobrenatural. A química entre os dois é convincente e envolvente, permitindo que o público se conecte com os personagens para além dos sustos, valorizando a narrativa com uma carga afetiva que mantém o interesse durante todo o filme. Em uma franquia marcada por fenômenos sobrenaturais e terror, essa dimensão humana continua sendo o diferencial que sustenta a série.

Fórmula desgastada e ritmo irregular

Apesar de seus méritos, O Último Ritual evidencia que a fórmula está desgastada. Com duração pouco superior a duas horas, o filme se torna pesado em alguns trechos, sobretudo devido a subtramas que envolvem duas famílias cujas histórias não se desenvolvem adequadamente. O espaçamento irregular entre os momentos de tensão compromete o ritmo e, em certos pontos, gera sensação de arrasto. Um corte mais enxuto poderia ter conferido maior fluidez, garantindo que o desfecho fosse mais coeso e impactante.

Direção de Michael Chaves

A direção de Michael Chaves, embora seja seu trabalho mais competente na franquia, ainda não alcança o nível criativo de James Wan, responsável pelos dois primeiros filmes. Wan demonstrava domínio absoluto sobre a tensão, equilibrando expectativa e revelação, explorando o imaginário do público antes de revelar o terror de forma precisa e eficaz. Essa habilidade, ausente em grande parte do quarto filme, faz falta, embora Chaves consiga criar momentos de destaque. A cena do espelho, em particular, se destaca como uma das mais bem-executadas da série, demonstrando que, mesmo em um capítulo marcado por limitações, a direção consegue surpreender em pontos específicos.

A estética visual da franquia permanece consistente. A fotografia com contrastes marcantes, os enquadramentos cuidadosos e a iluminação estratégica contribuem para gerar medo e desconforto sem depender de sustos previsíveis. Essa atenção ao visual garante continuidade à identidade da série, reforçando a sensação de que o longa é parte integrante de uma narrativa cuidadosamente construída ao longo de mais de uma década.

Despedida digna, mas sem grandeza

No geral, o longa-metragem funciona como uma despedida: elegante, nostálgico e respeitoso com a franquia. No entanto, como obra final, o filme cumpre seu papel sem atingir a grandeza que a série poderia alcançar. A impressão que fica é a de esgotamento criativo, similar ao que se percebeu em Sobrenatural após a saída de James Wan. O terror, que antes provocava medo genuíno, agora se mostra menos impactante, refletindo uma maturidade da franquia que chega ao limite da fórmula.

Invocação do Mal 4: O Último Ritual encerra a saga de forma segura, oferecendo uma conclusão decente, visualmente cuidada e emocionalmente envolvente, mas sem grandes surpresas. O filme preserva a identidade da franquia e honra o legado dos filmes anteriores, mas deixa claro que os recursos narrativos da série já foram amplamente explorados. Para fãs de longa data, é um desfecho satisfatório; para espectadores em busca de sustos inéditos e impacto genuíno, o filme cumpre o papel sem empolgar completamente.

Avaliação geral
Nota do crítico
Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.
critica-invocacao-do-mal-4-tem-despedida-digna-mas-sem-assustar-como-antesInvocação do Mal 4: O Último Ritual encerra a franquia com segurança, entregando um desfecho mais consistente do que o filme anterior, mas sem alcançar a intensidade do original. O casal Ed e Lorraine Warren continua sendo o ponto forte, com atuações convincentes que sustentam a carga emocional da história. Apesar de momentos memoráveis, como a sequência do espelho, o filme evidencia desgaste da fórmula, ritmo irregular e subtramas pouco desenvolvidas. A direção de Michael Chaves é competente, mas não atinge a inventividade de James Wan, e o terror, embora presente, perde parte de seu impacto.

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