Nesta quarta-feira, 3 de setembro, o The Noite com Danilo Gentili recebe um dos personagens mais inusitados do futebol brasileiro: Carlos Kaiser, o jogador que conquistou fama sem praticamente entrar em campo. Conhecido como o maior “falso jogador” da história do esporte, Kaiser conta suas histórias recheadas de truques, polêmicas e humor, relembrando como passou por grandes clubes sem disputar partidas oficiais.

Com 43 anos de carreira fictícia, Carlos Kaiser se tornou um verdadeiro ícone do malandro brasileiro no futebol, conquistando a atenção da mídia e de fãs por seu jeito único de driblar a fiscalização e criar sua própria narrativa dentro do esporte. No programa, sob comando de Danilo Gentili, o ex-jogador relembra momentos hilários, explicando seus métodos e mostrando que, mesmo sem talento técnico, era capaz de manter contratos com clubes de prestígio.

A carreira que quase não existiu

Carlos Henrique Raposo, mais conhecido como Carlos Kaiser (Porto Alegre, 2 de julho de 1963), atuava como meia e centroavante, mas nunca desenvolveu habilidades compatíveis com um jogador profissional. Mesmo assim, durante mais de 20 anos, conseguiu se infiltrar em clubes de destaque, como Botafogo, Flamengo, Bangu, Fluminense, Vasco da Gama, America-RJ, além de experiências no exterior, incluindo Puebla (México), El Paso Patriots (EUA) e Louletano (Portugal).

Seu segredo? Um misto de estratégia, carisma e improviso. Carlos sabia que bastava manter a imagem de atleta em forma, enquanto evitava qualquer confronto em campo. Ele relatava lesões inexistentes, simulava dores musculares e manipulava situações para escapar de treinos intensos ou partidas oficiais. “Minha estratégia para não jogar era simples: primeiro, você tinha que ter na cabeça que era uma época sem internet e sem exame de ressonância magnética. Então eu simulava lesões em treinos…”, contou em entrevistas, explicando como enganava clubes e médicos.

O apelido Kaiser: entre futebol e cerveja

O apelido que se tornou seu símbolo de fama também carrega curiosidade. Oficialmente, ele era comparado a Franz Beckenbauer, o lendário jogador alemão conhecido como “Kaiser” (Imperador). No entanto, o documentário sobre sua vida revela outra versão: o apelido teria surgido pela semelhança de Carlos com uma garrafa de cerveja da marca Kaiser, uma ironia que combina perfeitamente com sua trajetória.

Independentemente da origem, o nome reforçou a aura de jogador importante que ele sempre cultivou, criando uma imagem de prestígio que o ajudou a permanecer nos clubes mesmo sem jogar.

Truques para enganar os clubes

Carlos Kaiser dominava a arte da persuasão e da encenação. Ele assinava contratos curtos, alegava estar fora de forma e passava semanas em treinamentos físicos sem se expor ao jogo. Quando precisava treinar com outros jogadores, simulava lesões, conseguia atestados médicos fraudulentos ou usava contatos para criar narrativas convincentes.

Além disso, cultivava relações com jornalistas que ajudavam a criar histórias sobre seu suposto sucesso, como um gol inesquecível no Puebla ou convites para jogar pela seleção mexicana. Ele até utilizava telefones de brinquedo, simulando conversas em línguas estrangeiras e recusando ofertas inexistentes, para manter a imagem de atleta cobiçado.

Verdade e ficção

Embora muitas histórias de Kaiser pareçam absurdas, algumas têm respaldo de outros jogadores, como Renato Gaúcho, Ricardo Rocha, Bebeto e o falecido Carlos Alberto Torres. Segundo registros, ele disputou 12 partidas pelo América-RJ e 1 pelo Bangu, mas grande parte de sua trajetória é cercada de mitos e lendas.

Entre os episódios mais curiosos estão a suposta conquista do Mundial de Clubes pelo Independiente e uma briga com torcedores do Bangu, que segundo Kaiser, resultou em expulsão sem sequer ter entrado em campo. Pesquisas históricas e entrevistas com ex-jogadores e técnicos, no entanto, mostram que esses episódios não aconteceram como ele descreveu, reforçando a fama de malandro que o acompanhou por toda a carreira.

Outro caso curioso envolve sua alegada passagem pelo Gazélec Ajaccio, na França, que nunca ocorreu. Ele conheceu um brasileiro que jogava no clube, conseguiu fotos com o uniforme e falsificou documentos, consolidando sua reputação de jogador internacional sem jamais pisar em solo europeu para jogar.

Vida pessoal e legado

Hoje, após pendurar as chuteiras (ou melhor, após nunca realmente ter jogado), Carlos Kaiser atua como personal trainer, mantendo-se ligado ao esporte de forma legítima. Ele também é tio do jogador Hyuri, autor de um dos gols mais bonitos da história do Botafogo, eleito em enquete pelo Globo Esporte em 2020.

A trajetória de Kaiser é lembrada como exemplo de criatividade, persuasão e humor no futebol, além de servir como lição sobre o impacto da narrativa e da imagem pública na construção de carreiras, reais ou fictícias.

Humor e polêmicas

No The Noite, Carlos Kaiser promete encantar o público com histórias inéditas e detalhes engraçados sobre sua vida nos bastidores do futebol. Entre risadas e revelações, ele relembra partidas que nunca jogou, contratos que assinou e episódios que se tornaram lendas do esporte brasileiro.

Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.

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