
Na próxima sexta-feira, 5 de setembro de 2025, o público terá um encontro raro e emocionante no Conversa com Bial: pai e filho lado a lado para falar de música, atuação e da força da relação familiar. Tony Tornado, ator e cantor consagrado, e Lincoln Tornado, jovem artista que trilha sua própria carreira, vão dividir o palco do programa em uma conversa que promete unir passado, presente e futuro da cultura brasileira.
Não se trata apenas de uma entrevista, mas de um momento simbólico. De um lado, um dos pioneiros da black music no Brasil, ícone da televisão e da resistência artística. Do outro, um herdeiro que carrega no sobrenome uma história de luta, mas que busca construir sua trajetória com autenticidade. O que o público pode esperar é um diálogo íntimo, cheio de histórias, risadas e reflexões sobre como a arte atravessa gerações.
Tony Tornado: o pioneiro que abriu caminhos
Nascido em Presidente Prudente, em 1930, Antônio Viana Gomes, o Tony Tornado, viveu uma infância marcada por dificuldades. Ainda menino, fugiu de casa e foi para o Rio de Janeiro, onde sobreviveu como vendedor ambulante e engraxate. Essas experiências moldaram sua força de caráter e o tornaram um artista que nunca se afastou da realidade popular.
Antes de se tornar famoso, Tony passou por diferentes experiências. Serviu como paraquedista no Exército, viveu em Nova York durante cinco anos e teve contato direto com o movimento soul e funk que agitava os Estados Unidos nos anos 60. Foi nessa época que conheceu Tim Maia e se aproximou do universo que mudaria sua vida.
Em 1970, Tony escreveu seu nome na história da música brasileira ao vencer o V Festival Internacional da Canção com “BR-3”, defendida ao lado do Trio Ternura. O impacto foi imediato: nascia um dos grandes símbolos da soul music e do funk no país. Inspirado por James Brown, Tony introduziu um estilo que não apenas trouxe novas sonoridades, mas também abriu espaço para a valorização da identidade afro-brasileira.
Da música para a TV: um artista múltiplo
Ao mesmo tempo em que revolucionava a música, Tony também conquistava espaço na televisão. Estreou em novelas nos anos 70 e, desde então, sua presença se tornou marcante. Papéis como o capataz Rodésio em Roque Santeiro e Gregório Fortunato na minissérie Agosto ficaram gravados na memória do público.
Esses personagens não foram apenas interpretações. Eles representaram um avanço em uma televisão que, durante muito tempo, deixou de oferecer espaço digno a artistas negros. Tony, com seu carisma e talento, quebrou barreiras e se tornou referência para novas gerações de atores e atrizes.
Mesmo com tantas conquistas na TV, Tony nunca deixou de lado a música. Nos palcos, segue levando sua voz potente e suas canções emblemáticas, muitas vezes acompanhado de seu filho Lincoln.
O herdeiro que trilha seu caminho
Se o pai abriu caminhos com força e ousadia, Lincoln Tornado representa a continuidade dessa história, mas com novos contornos. Cantor e ator, Lincoln já mostrou versatilidade e talento em diferentes produções.
Na televisão, deu vida ao personagem Enzo na novela A Infância de Romeu e Julieta (SBT/Prime Video, 2024), onde conquistou o público jovem e provou sua habilidade para papéis dramáticos. No cinema, se prepara para estrear em As Aparecidas (2025), interpretando o Padre Sélvio, papel que marca sua chegada às telonas.
Lincoln não nega o peso do sobrenome, mas encara isso como inspiração. Ao falar de sua carreira, costuma destacar que sua busca é por autenticidade. Quer honrar o legado de Tony Tornado, mas também construir algo próprio, com sua voz, sua música e sua forma de atuar.
O que esperar do Conversa com Bial
O programa deve trazer ao público não apenas curiosidades de bastidores ou lembranças da carreira de Tony Tornado. O grande atrativo é o encontro de gerações. Pedro Bial deve conduzir a conversa explorando as memórias do veterano, mas também dando espaço para que Lincoln apresente sua visão sobre o futuro da arte no Brasil.
















