
O calendário do cinema em 2026 começa a ganhar forma, e um dos títulos que mais desperta curiosidade entre críticos e fãs é “Marty Supreme”, novo longa estrelado por Timothée Chalamet e dirigido por Josh Safdie, que acaba de ganhar trailer oficial e data de lançamento no Brasil. O filme chega aos cinemas nacionais em 8 de janeiro de 2026, pela Diamond Films, enquanto nos Estados Unidos e Canadá a estreia será antecipada para 25 de dezembro de 2025, sob distribuição da A24.
Trata-se de um projeto singular desde sua concepção: uma mistura de comédia dramática, aventura esportiva e observação social, que tem como protagonista um jovem prodígio do tênis de mesa tentando equilibrar talento, ambição e dilemas pessoais. Não é apenas mais um drama esportivo, mas um retrato inventivo sobre identidade e obsessão em meio ao caos de um esporte raramente explorado pelo cinema.
A ousadia de Josh Safdie
O nome de Josh Safdie está diretamente ligado a histórias frenéticas e personagens à beira do colapso. Ao lado do irmão Benny, ele dirigiu obras cultuadas como Good Time e Uncut Gems, ambas marcadas pelo ritmo alucinante e pela crueza estética. Mas em “Marty Supreme”, Josh assume sozinho a direção, algo que não acontecia desde The Pleasure of Being Robbed (2008). A expectativa em torno desse retorno é alta, já que o cineasta se une novamente ao roteirista Ronald Bronstein para construir um universo baseado na vida do lendário jogador de pingue-pongue Marty Reisman.
Embora inspirado nesse personagem real, o longa não é uma cinebiografia. O que Safdie entrega é uma história original, quase um conto moderno sobre obsessão esportiva e busca por identidade, em que a mesa de pingue-pongue se transforma em arena simbólica. O investimento da A24, que apostou até US$ 90 milhões na produção, comprova o peso do projeto: nunca o estúdio havia destinado tanto a um único filme, superando até mesmo Guerra Civil (2024).

Timothée Chalamet: estrela e coprodutor
Se há alguém em Hollywood capaz de carregar um filme ousado desse porte, esse alguém é Timothée Chalamet. O ator se tornou símbolo de sua geração desde Me Chame Pelo Seu Nome e consolidou sua popularidade com papéis em blockbusters como Duna. Agora, além de protagonista, ele atua como coprodutor de “Marty Supreme”, o que reforça sua participação ativa em decisões criativas.
Para viver Marty Mauser, Chalamet mergulhou em meses de treinamento intensivo de tênis de mesa, orientado por Diego Schaaf e pelo ex-olímpico Wei Wang. Safdie exigiu veracidade absoluta nas cenas esportivas, gravadas em 35 mm pelo renomado diretor de fotografia Darius Khondji. Chalamet chegou a realizar suas próprias acrobacias e até comprometeu temporariamente a visão ao filmar com óculos e lentes de contato combinados, recurso que reduzia o brilho natural dos seus olhos para dar ao personagem um ar mais introspectivo. O resultado é um papel que exige não apenas preparo físico, mas também entrega emocional.
Elenco improvável e fascinante
O filme também chama atenção pelo elenco curioso e plural. Ao lado de Chalamet, nomes consagrados e inesperados dividem espaço, criando um mosaico de talentos que vai do mainstream ao underground. Gwyneth Paltrow surge como Carol Dunne, uma figura de peso na trajetória do protagonista, enquanto Fran Drescher interpreta a mãe de Marty, trazendo uma mistura de humor e dramaticidade. Odessa A’zion participa em papel ainda mantido em sigilo, enquanto Kevin O’Leary, conhecido por Shark Tank, dá vida a Milton Rockwell, personagem ligado ao mundo corporativo do esporte.
A lista continua com presenças surpreendentes: Tyler Okonma (o rapper Tyler, The Creator), Abel Ferrara (cineasta cult atuando como ator), além de nomes improváveis como o mágico Penn Jillette, a atriz Sandra Bernhard, o artista francês Philippe Petit e até o ex-jogador de basquete Tracy McGrady. Segundo a equipe, mais de 140 não-atores foram escalados para dar realismo às cenas de campeonatos e bastidores, um recurso característico do estilo de Safdie.
Bastidores de filmagens intensas
As gravações começaram em Nova York, em setembro de 2024, e se estenderam até dezembro do mesmo ano. Em fevereiro de 2025, a equipe seguiu para o Japão, país em que o tênis de mesa ocupa lugar de destaque cultural, conferindo ao filme uma atmosfera autêntica e global.
O veterano Jack Fisk assina o design de produção, recriando desde cenários intimistas até arenas de competição em escala épica. Safdie e Khondji buscaram referências visuais em filmes esportivos dos anos 1970, apostando em uma fotografia granulada e visceral. Essa escolha estética reforça a ideia de que a narrativa, embora ambientada no presente, carrega uma aura atemporal.
















