No Conversa com Bial desta quarta-feira, 17 de setembro de 2025, o apresentador Pedro Bial recebe dois nomes consagrados do teatro brasileiro: Amir Haddad e Renato Borghi. Pela primeira vez dividindo o mesmo palco em uma peça, os amigos e colegas de longa data conversam sobre o espetáculo, a experiência de atuar juntos e os caminhos que os tornaram referências da dramaturgia nacional. Além disso, Amir e Borghi compartilham histórias de bastidores, experiências de direção e memórias de décadas dedicadas à arte cênica.
Trajetória de inovação e didática teatral
Nascido em Guaxupé, Minas Gerais, Amir Haddad cresceu em uma comunidade árabe ortodoxa antes de se mudar com a família para Rancharia, no interior paulista. Mais tarde, foi para São Paulo, onde ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo. Entretanto, no último ano, decidiu abandonar o curso para se dedicar integralmente ao teatro, dando início a uma carreira marcada pela inovação e pela versatilidade.
Amir começou sua trajetória artística no Teatro Oficina, ao lado de nomes como José Celso Martinez Corrêa e Renato Borghi. Entre 1958 e 1960, dirigiu e atuou em peças como Cândida, de George Bernard Shaw, e A Ponte, de Carlos Queiroz Telles, além de encenações marcantes como Vento Forte para Papagaio Subir. Em 1965, mudou-se para o Rio de Janeiro para assumir a direção do Teatro da Universidade Católica, ampliando sua visão artística e consolidando seu estilo único, capaz de transitar entre produções populares e o teatro mais tradicional.
Em 1980, fundou os grupos A Comunidade, vencedor do Prêmio Molière pelo espetáculo A Construção, e Tá na Rua, levando o teatro para praças e ruas, conectando a arte à comunidade de maneira inovadora. Amir também dirigiu clássicos como O Mercador de Veneza, de Shakespeare, e produções musicais de artistas renomados, incluindo Ney Matogrosso e Beto Guedes. Paralelamente, mantém uma atuação didática relevante, coordenando oficinas, seminários e cursos, formando gerações de atores e diretores no Brasil e no exterior.
Ator, autor e intérprete marcante
Renato de Castro Borghi nasceu no Rio de Janeiro em 1937, mas construiu grande parte de sua carreira em São Paulo. Formado em Direito em 1960, Renato integrou ainda jovem o movimento amador do Teatro Oficina, estreando profissionalmente em 1958 na montagem de Chá e Simpatia, de Robert Anderson, no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, participou de peças clássicas como A Incubadeira, A Engrenagem, e atuou sob a direção de nomes icônicos como José Celso Martinez Corrêa e Augusto Boal.
Borghi alcançou reconhecimento nacional ao interpretar Abelardo I em O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, performance que lhe rendeu os prêmios Molière e APCT. Outro destaque de sua carreira inclui o papel de Papa em Galileu Galilei, de Bertolt Brecht, e a encenação de Na Selva das Cidades, de Bertolt Brecht, ao lado de Othon Bastos. Conhecido por sua irreverência, sarcasmo e capacidade de improvisação, Borghi construiu um repertório de personagens complexos, combinando técnica clássica com o humor popular.
Além da atuação, Renato é autor de peças premiadas, como Lobo de Ray-Ban e Decifra-me ou Devoro-te, e fundou o Teatro Vivo e o Teatro Promíscuo, realizando montagens significativas como Édipo de Tabas, Tio Vânia e Jardim das Cerejeiras, ao lado de grandes nomes do teatro brasileiro. Sua versatilidade inclui desde tragédias clássicas, como Édipo Rei, até vaudevilles como Com a Pulga Atrás da Orelha, consolidando-o como uma das maiores referências do teatro nacional.
Um encontro de gerações no palco
O programa promete mostrar não apenas a amizade entre Amir e Renato, mas também a convergência de estilos e experiências distintas que marcaram o teatro brasileiro ao longo de seis décadas. Entre lembranças de premiações, desafios de direção e aventuras em montagens de rua, os dois artistas refletem sobre a importância de manter viva a tradição teatral ao mesmo tempo em que buscam inovação e conexão com o público contemporâneo.
