Conversa com Bial desta sexta (26) entrevista a atriz e produtora Denise Fraga

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Nesta sexta-feira, 26 de setembro, o Conversa com Bial recebe uma das atrizes mais respeitadas e queridas do Brasil: Denise Fraga. Conhecida por transitar com naturalidade entre a comédia e o drama, Denise participa do programa para falar sobre um tema delicado e profundamente pessoal — a experiência de lidar com a doença da mãe, diagnosticada com enfisema pulmonar. Ao mesmo tempo, a atriz também apresenta ao público seu novo trabalho no cinema, o filme Sonhar com Leões, uma tragicomédia que aborda a morte de maneira sensível e poética.

A delicadeza da vida real

No bate-papo com Pedro Bial, Denise abre o coração ao compartilhar como foi acompanhar a luta da mãe contra uma doença crônica, experiência que inevitavelmente influenciou sua forma de enxergar a vida e o trabalho artístico. Conhecida pela capacidade de transformar dor em reflexão e riso em crítica social, a atriz fala sobre como esses momentos a aproximaram ainda mais de uma visão mais ampla sobre empatia, acolhimento e a fragilidade humana.

Essa vivência pessoal conecta-se diretamente com o tema de seu novo longa, Sonhar com Leões, uma tragicomédia que discute a morte sem cair em clichês. A obra busca mostrar que até os momentos mais sombrios podem conter poesia e humanidade — algo que ecoa a própria filosofia de Denise como atriz e como cronista.

Uma carreira marcada pela versatilidade

Denise Rodrigues Fraga nasceu no Rio de Janeiro em 15 de outubro de 1964 e desde cedo encontrou na arte seu caminho de expressão. A estreia nos palcos aconteceu ainda nos anos 1980, ao integrar o Grupo Tapa, companhia teatral que revelaria novos talentos e ajudaria a consolidar sua formação. Em 1985, subiu ao palco em sua primeira montagem profissional, Conto de Inverno. No cinema, estreou no ano seguinte com o longa Com Licença, Eu Vou à Luta.

Pouco depois, em 1987, fez sua primeira aparição na televisão, na novela Bambolê, interpretando Amália. Mas seria nos anos seguintes que Denise se tornaria um rosto popular, sobretudo ao protagonizar a peça de comédia Trair e Coçar É só Começar. No papel da empregada Olímpia, entre 1989 e 1995, a atriz arrancou gargalhadas do público e conquistou diversos prêmios.

Da comédia ao drama: a atriz camaleônica

Apesar do talento para a comédia, Denise não se limitou a um gênero. Sua carreira é marcada pela coragem de experimentar e mergulhar em papéis complexos. Em 1999, brilhou no filme Por Trás do Pano, interpretando a atriz insegura Helena. A performance foi amplamente aclamada e premiada em festivais no Brasil e no exterior, incluindo o Festival de Gramado e o Festival de Havana.

Na televisão, ela conquistou ainda mais o público ao viver personagens cômicos, como em O Auto da Compadecida (2000) e nos seriados Retrato Falado e Fazendo História, exibidos no Fantástico entre 1999 e 2005. Esses trabalhos consolidaram sua imagem como uma intérprete versátil, capaz de equilibrar humor inteligente e crítica social.

O talento dramático, no entanto, também se destacou em obras como Queridos Amigos (2008), série da Globo elogiada pela sensibilidade. No teatro, peças como A Alma Boa de Setsuan confirmaram sua força nos palcos, rendendo-lhe prêmios como o APCA e o Qualidade Brasil.

Reconhecimento e premiações

Ao longo da carreira, Denise colecionou prêmios importantes que atestam sua relevância artística. Entre eles estão o Grande Otelo, dois Prêmios APCA, um Prêmio Guarani e dois Prêmios Qualidade Brasil.

Em 2011, venceu o Prêmio Guarani de Melhor Atriz Coadjuvante por As Melhores Coisas do Mundo. No mesmo ano, protagonizou o filme Hoje, no qual interpretou Vera, uma ex-militante política lidando com os fantasmas da ditadura. A atuação foi considerada uma das melhores de sua carreira, garantindo-lhe o Troféu Candango no Festival de Brasília e o Prêmio APCA de Melhor Atriz de Cinema.

No teatro, brilhou em montagens como Galileu Galilei, A Visita da Velha Senhora e Eu de Você, reforçando sua posição como uma das intérpretes mais completas da cena brasileira.

Novos desafios e a volta às novelas

Depois de 25 anos afastada das novelas, Denise voltou ao gênero em 2021 com Um Lugar ao Sol, na TV Globo, no papel da cantora fracassada Júlia. A personagem, cheia de fragilidades, foi bem recebida pelo público e pela crítica, mostrando mais uma vez a capacidade da atriz de se reinventar e de se conectar com histórias humanas, imperfeitas e reais.

No mesmo ano, recebeu indicação ao Grande Otelo de Melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação em Música para Morrer de Amor, reforçando sua presença também no cinema contemporâneo.

Além da atuação: cronista e palestrante

Denise não se limita às artes cênicas. Ela também é cronista e já publicou reflexões em veículos como a Revista Crescer, escrevendo sobre maternidade, cotidiano e relações humanas. Sua escrita, marcada pela sensibilidade e pelo olhar atento às pequenas coisas, ecoa a mesma delicadeza que ela leva ao palco e às telas.

Nos últimos anos, passou a atuar também como palestrante em eventos por todo o país, falando sobre empatia, relações interpessoais e a importância da arte no desenvolvimento humano.

Uma conversa que vai além da entrevista

A participação de Denise no Conversa com Bial é um espaço de troca e reflexão sobre a vida, a arte e a finitude — temas que ganham novos contornos quando narrados por uma atriz que sempre buscou colocar humanidade no centro de seu trabalho.

Ao falar sobre a doença da mãe, Denise mostra que mesmo os artistas consagrados carregam dores universais. Ao comentar seu novo filme, reafirma sua crença de que o humor e a tragédia podem caminhar juntos, iluminando a vida. E ao revisitar sua trajetória, celebra não apenas seus próprios sucessos, mas também a força transformadora da cultura.

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