
Nesta segunda-feira, 29 de setembro de 2025, o programa Conversa com Bial recebe Gerald Thomas, diretor e dramaturgo de renome internacional, cuja carreira atravessa mais de 40 anos de experimentação, criatividade e revolução estética. Nascido em Nova Iorque, Thomas construiu um percurso marcado pela ousadia e pelo rigor, tornando-se referência no teatro brasileiro e internacional. Na entrevista, ele revisita sua trajetória, fala sobre influências fundamentais, compartilha histórias de bastidores e apresenta novos projetos que prometem manter viva sua presença nos palcos do mundo.
Gerald Thomas Sievers nasceu em 1º de julho de 1954, em Nova Iorque, mas foi no Brasil que sua carreira se consolidou, com extensões para Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos. Desde a juventude, demonstrou fascínio pelo teatro experimental, mergulhando em estudos no La MaMa Experimental Theatre Club, espaço icônico da vanguarda nova-iorquina. Ali, Thomas se aprofundou na obra de Samuel Beckett, adaptando e dirigindo peças do dramaturgo, e começou a moldar seu olhar crítico e inovador sobre a cena contemporânea.
Nos primeiros anos, trabalhou com Julian Beck e o Living Theatre, inicialmente em Paris, dirigindo adaptações de obras como All Strange Away e That Time. A participação de Beck em uma das peças adaptadas por Thomas, fora do contexto do Living Theatre, marcou um ponto singular na trajetória do dramaturgo. Essas experiências internacionais se tornaram alicerces do estilo experimental e ousado que caracterizaria toda a sua produção artística.
Companhia Ópera Seca: palco de inovação
Em 1985, Gerald fundou a Companhia Ópera Seca, marco fundamental de sua carreira e veículo para desenvolver sua estética singular. Entre suas peças mais celebradas estão Eletra com Creta, A Trilogia Kafka, The Flash and Crash Days e M.O.R.T.E., obras que combinam rigor formal, experimentação e provocação estética.
A Companhia Ópera Seca se tornou sinônimo de reinvenção dramática, reinterpretando clássicos e construindo novas linguagens cênicas. Thomas não apenas revisita autores consagrados como Beckett e Heiner Müller, mas desafia o público a repensar o teatro contemporâneo. Seus espetáculos transformam o palco em laboratório sensorial, integrando corpo, som, luz e espaço de maneiras inéditas.
Parcerias com grandes nomes do teatro brasileiro
Ao longo de sua trajetória, Thomas dirigiu artistas icônicos do teatro nacional, como Fernanda Montenegro, Antonio Fagundes, Rubens Corrêa, Sérgio Britto, Tônia Carrero, Marco Nanini e Ítalo Rossi. Cada colaboração refletia sua habilidade de extrair performances únicas, muitas vezes subvertendo expectativas e convenções tradicionais.
Essas parcerias ajudaram a consolidar a Ópera Seca como referência de inovação no país. Thomas sempre buscou provocar, questionar normas e explorar novas formas dramáticas, garantindo que seu trabalho permanecesse relevante e instigante ao longo de décadas.
Reconhecimento internacional
O trabalho de Gerald Thomas ultrapassou fronteiras. Suas peças foram apresentadas em mais de 15 países, incluindo apresentações no Lincoln Center, em Nova Iorque; no Teatro Estatal de Munique, Alemanha; e no Wiener Festwochen, Viena. Participações em festivais internacionais, como o Festival de Taormina, Itália, e transmissões em redes televisivas, ampliaram ainda mais seu impacto.
Nos anos 1980, Thomas colaborou com Heiner Müller e com o compositor Philip Glass, unindo música e teatro de forma inovadora. Essa sinergia sonora e cênica tornou-se marca registrada de sua obra, fortalecendo sua presença no cenário artístico global.
Estilo e abordagem estética
O estilo de Thomas é reconhecido por sua intensidade, experimentalismo e ousadia. Ele transforma textos clássicos e contemporâneos em experiências cênicas completas, explorando espaço, ritmo, gestualidade e música. Suas peças abordam questões existenciais, literatura clássica e temas contemporâneos, sempre com olhar provocador e crítico. Essa abordagem multidimensional consolidou seu reconhecimento internacional e o tornou referência para novas gerações de diretores e atores.
















