
O Profissão Repórter, que vai ao ar nesta terça-feira, 30 de setembro de 2025, promete lançar luz sobre um dos temas mais urgentes e dolorosos da sociedade brasileira: o racismo. A edição vai apresentar histórias de pessoas que foram vítimas de discriminação racial e de injúria racial, revelando não apenas a violência dos episódios, mas também a trajetória de superação e a luta por justiça.
Sob a condução dos repórteres André Neves Sampaio e Nathalia Tavolieri, o programa acompanha de perto o trabalho dos Centros de Referência da Promoção da Igualdade Racial (CRPIR), criados pela prefeitura de São Paulo. Esses espaços se consolidaram como locais de acolhimento e orientação para pessoas que sofreram racismo, oferecendo gratuitamente suporte psicológico, assistência social e apoio jurídico.
Histórias que vão emocionar e provocar reflexão
A expectativa é de que a edição traga relatos marcantes, que mostram como o racismo ainda atravessa a vida de milhares de brasileiros. Segundo a produção, os depoimentos incluem situações de discriminação em locais públicos, ofensas no ambiente de trabalho, suspeitas infundadas em comércios e até episódios de exclusão em espaços de lazer.
Ao dar voz às vítimas, o programa busca mostrar que o racismo não se limita a casos isolados ou a atos explícitos de violência. Ele também se manifesta em microagressões cotidianas, em olhares desconfiados, em piadas ofensivas e em práticas institucionais que, muitas vezes, parecem invisíveis para quem não as sofre.
Cada história promete revelar a dor do preconceito, mas também a força de quem decidiu não se calar. Muitas das pessoas ouvidas procuraram os CRPIRs em busca de orientação, e suas trajetórias serão apresentadas como exemplos da importância do atendimento especializado.
O papel dos Centros de Referência
Criados para atuar como portas de entrada no atendimento a vítimas de racismo, os Centros de Referência da Promoção da Igualdade Racial têm se tornado um símbolo de resistência e cuidado em São Paulo.
O trabalho vai além da simples escuta. Nos centros, as vítimas encontram equipes multidisciplinares, compostas por advogados, psicólogos, assistentes sociais e educadores. O atendimento é humanizado e procura oferecer segurança e confiança a quem já chega fragilizado por episódios de violência.
Em parceria com a Defensoria Pública, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI), o Ministério Público, além de organizações sociais e universidades, os CRPIRs garantem um encaminhamento eficiente. O objetivo é que cada denúncia seja registrada, acompanhada e, sempre que possível, transformada em ação concreta de responsabilização.
Como funciona o atendimento
O Profissão Repórter mostrará, por exemplo, como funciona o processo de acolhimento em um CRPIR. Primeiro, há um momento de escuta qualificada, em que a vítima é incentivada a relatar com detalhes o que viveu. Esse passo é essencial para validar a experiência de quem muitas vezes sente medo ou vergonha de denunciar.
Depois, as equipes avaliam qual encaminhamento será necessário. Se houver indícios de crime, a vítima é orientada a registrar boletim de ocorrência, muitas vezes com acompanhamento jurídico. Em casos que exigem apoio emocional, psicólogos do centro oferecem atendimento inicial e indicam a rede especializada de saúde mental.
O suporte social também é relevante: há famílias que precisam de ajuda para lidar com os impactos econômicos e comunitários gerados pelo racismo. Nesse sentido, os CRPIRs também atuam para conectar essas pessoas a políticas públicas de inclusão.
A prevenção como caminho
Outro ponto que o programa vai destacar é o trabalho preventivo. Além de acolher vítimas, os CRPIRs desenvolvem atividades educativas em escolas, centros culturais e instituições públicas. São palestras, oficinas e seminários que abordam temas como história da população negra, racismo religioso, mercado de trabalho, representatividade e equidade.
Essas ações têm como objetivo reduzir a reprodução de comportamentos racistas e ampliar a consciência social. A lógica é simples, mas poderosa: quanto mais informação e sensibilização a população tiver, menor será a chance de repetir práticas discriminatórias.
Para especialistas, iniciativas como essa são fundamentais para enfrentar o racismo estrutural, que se manifesta não apenas em atos isolados, mas em desigualdades históricas e institucionais.
O racismo como problema estrutural
O Profissão Repórter pretende ainda trazer análises de pesquisadores e representantes de movimentos sociais para contextualizar o tema. O racismo, no Brasil, não é apenas uma questão de convivência — ele atravessa as relações de poder, a economia, o acesso a direitos básicos e a própria estrutura do Estado.
Estudos mostram que a população negra enfrenta mais dificuldades para acessar educação de qualidade, saúde, emprego formal e renda justa. Além disso, as estatísticas de violência revelam que negros são as principais vítimas de homicídios e da abordagem policial violenta.
Nesse contexto, iniciativas como os CRPIRs representam um avanço, mas ainda são insuficientes diante da dimensão do problema. O programa deve questionar: o que é preciso para que outras cidades também implementem políticas semelhantes? Como garantir recursos e continuidade a esses projetos?
A força do jornalismo
Ao colocar o tema em rede nacional, o Profissão Repórter reafirma a importância do jornalismo em dar visibilidade a problemas sociais muitas vezes silenciados. A edição não vai apenas informar: ela pretende humanizar os números, apresentar rostos e vozes, e provocar o público a refletir sobre o papel de cada um no combate ao racismo.
A escolha de mostrar tanto o sofrimento das vítimas quanto as práticas de acolhimento e prevenção também aponta para um caminho de esperança. O racismo é real e doloroso, mas pode ser enfrentado coletivamente com políticas públicas, justiça e consciência social..
















