
Nesta quarta-feira, 1º de outubro de 2025, o The Noite com Danilo Gentili vai exibir uma entrevista especial que promete emocionar o público e trazer à tona uma das pesquisas médicas mais inovadoras do Brasil. A doutora Tatiana Sampaio, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o paciente Bruno Drummond compartilharão uma história de ciência, superação e esperança. A pesquisa da UFRJ, focada no tratamento de lesões na medula espinhal, vem ganhando atenção internacional por abrir novas possibilidades de recuperação funcional em casos antes considerados irreversíveis.
Polilaminina: inovação baseada na própria biologia humana
Tatiana Sampaio é a criadora da polilaminina, um medicamento experimental derivado da laminina, proteína presente naturalmente no corpo humano, fundamental para a regeneração de tecidos nervosos. “A polilaminina cria um ambiente propício para que os neurônios se reconectem e restabeleçam funções motoras. É um caminho totalmente baseado na biologia do próprio corpo”, explica Tatiana.
A escolha da substância não foi aleatória. Estudos anteriores mostraram que a laminina tem papel essencial na sustentação e comunicação das células nervosas. A inovação da polilaminina consiste em potencializar essa função, estimulando a regeneração celular de forma controlada e direcionada.
Décadas de pesquisa para um único avanço
O desenvolvimento da polilaminina levou 26 anos, passando por experimentos em células isoladas, testes em animais e, finalmente, protocolos clínicos em humanos. “Transformar uma hipótese em uma aplicação clínica segura e eficaz é o trabalho de toda uma vida”, afirma Tatiana, destacando a complexidade e a paciência exigidas por cada etapa da pesquisa.
A cientista enfatiza que cada fase foi crucial: “Não se trata apenas de testar um composto, mas de garantir segurança, eficácia e compreensão profunda do mecanismo biológico por trás da regeneração nervosa. Foram anos de dedicação, planejamento e trabalho em equipe.”
O caso de Bruno Drummond: da tetraplegia à esperança
Em 2018, Bruno Drummond sofreu um grave acidente de carro que resultou em tetraplegia completa. “Não lembro do acidente. Só despertei após a cirurgia, sem conseguir mexer o corpo, exceto o pescoço”, relembra. Inicialmente, os médicos disseram que ele provavelmente permaneceria em cadeira de rodas pelo resto da vida.
A situação começou a mudar quando um dos cirurgiões mencionou a pesquisa da UFRJ. Com a aprovação de familiares médicos, Bruno foi incluído no protocolo experimental da polilaminina. “Meu tio leu o estudo e uma tia neurocirurgiã aprovou minha participação. Foi assim que tudo começou”, explica.
O tratamento consistiu na aplicação direta da polilaminina na medula lesionada. Em apenas três semanas, surgiram os primeiros sinais de recuperação: movimentos discretos nos dedos dos pés, que gradualmente avançaram para os músculos das pernas. A fase seguinte envolveu fisioterapia intensiva por aproximadamente um ano, até que Bruno conseguiu caminhar novamente, surpreendendo médicos e familiares.
Avanços científicos e impacto global
Para Tatiana, cada progresso de Bruno representa o resultado de décadas de pesquisa cuidadosa. “Testamos a polilaminina em células isoladas, depois em ratos e cães, até chegarmos aos humanos. Cada fase foi essencial para garantir segurança e eficácia. Momentos-chave do avanço científico são frutos da dedicação individual de cada pesquisador, mas também do esforço coletivo da equipe”, afirma.
Além da recuperação física, a polilaminina representa um avanço significativo para a ciência. Lesões completas na medula espinhal, antes consideradas irreversíveis, agora apresentam novas possibilidades de tratamento. O medicamento protege os neurônios, orienta o crescimento de novas conexões e cria condições ideais para a regeneração, superando obstáculos históricos como morte celular e inflamação.
Dimensão emocional e social da recuperação
A experiência de Bruno também evidencia o impacto psicológico e social do tratamento. Recuperar funções motoras após tetraplegia exige adaptação emocional, reintegração social e ressignificação da vida cotidiana. “Cada pequeno avanço era celebrado como uma grande vitória. Sem o apoio da minha família e da equipe médica, nada disso teria sido possível”, afirma.
O caso reforça a importância de considerar não apenas o aspecto clínico, mas também o humano e emocional da recuperação. Pacientes que vivenciam avanços significativos necessitam de suporte multidisciplinar, incluindo fisioterapia, psicologia e acompanhamento social, para garantir que a reintegração seja completa.















