Globo Repórter desta sexta (03/10) revela por que o mundo analógico encanta as novas gerações

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Nesta sexta-feira, 3 de outubro de 2025, o Globo Repórter mergulha em um movimento que vem ganhando força justamente em meio à era digital: o resgate do mundo analógico. Em um tempo em que quase tudo cabe em telas luminosas, toques instantâneos e conexões rápidas demais, cresce entre os jovens uma busca por experiências que pedem calma, tato e presença. O programa mostra como práticas que pareciam ter ficado no passado — ouvir discos de vinil, escrever cartas à mão, revelar fotografias em papel, colecionar quadrinhos ou reunir amigos em torno de jogos de tabuleiro — voltaram a ocupar espaço no cotidiano. Não como simples lembrança nostálgica, mas como formas genuínas de afeto, de expressão cultural e de resistência ao ritmo frenético da vida digital.

Entre as histórias apresentadas, a atração destaca a cantora Liniker, que lançou seu álbum Caju em vinil duplo. Gravado de forma analógica e acompanhado de pôster e fotos inéditas, o projeto conquistou sete indicações ao Grammy Latino 2025. Em conversa com a repórter Bianka Carvalho, Liniker explica como esse formato devolve outra dimensão à música: “É como se a música respirasse junto com a gente. O processo tem cheiro, textura, tempo”.

Em São Paulo, o DJ 440 (Juniani Marzani) abre as portas da festa criada em homenagem ao vinil, hoje reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife. Ele descreve o ritual de colocar um disco para tocar — observar a capa, ler os créditos, virar o lado — como uma experiência quase meditativa. Para ele, cada detalhe é parte de uma imersão que o streaming não consegue oferecer.

O programa também acompanha um grupo de estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que pesquisa técnicas sustentáveis de revelação fotográfica. Utilizando ingredientes do dia a dia, como chá de hibisco, guaraná e café, eles reinventam a fotografia artesanal de forma criativa e ecológica. A coordenadora Joyce Abbade explica que, além de diminuir o impacto ambiental, essa prática educa para a paciência: “É preciso respeitar o tempo da imagem. A vida não se revela na pressa.”

A artista visual Joana Bastos reforça a mesma ideia: ao assistir a imagem surgir lentamente no papel, o jovem entende que nem tudo precisa acontecer na velocidade de um clique. O ato de esperar se transforma em aprendizado e parte da própria obra.

Na reportagem de Liliana Junger, o destaque é a iniciativa de Mariana Loureiro, criadora do Clube do Envelope de Papel. O projeto conecta mais de quatro mil pessoas em todo o Brasil através da troca de cartas. Mariana acredita que escrever à mão é mais que comunicação: é um gesto de cuidado. “Cada palavra carrega o tempo de quem escreveu. Receber uma carta é segurar um pedaço da vida do outro”, resume ela, emocionada ao falar do impacto do clube.

Se a comunicação encontrou refúgio no papel, a diversão também ressurge longe das telas. Em Belo Horizonte, os espaços conhecidos como luderias transformaram os jogos de tabuleiro em protagonistas. Amigos, famílias e até casais se reúnem em torno das mesas para rir, traçar estratégias e disputar partidas que resgatam o prazer do convívio. A experiência mostra que, no tabuleiro, o mais importante não é vencer, mas compartilhar momentos.

Quadrinhos que guardam memórias

No Rio de Janeiro, o músico e colecionador Heitor Pitombo abre sua casa e revela estantes cheias de gibis. Para ele, as histórias em quadrinhos vão além do entretenimento: funcionam como patrimônio cultural, guardiões de memórias afetivas e inspiração para novas gerações. Folhear uma edição antiga, sentir o cheiro do papel e revisitar personagens de infância é, para muitos, um mergulho em lembranças que atravessam décadas.

O sentido de desacelerar

Ao reunir relatos de diferentes lugares e pessoas, o Globo Repórter mostra que o analógico não é um saudosismo vazio. É um convite a repensar a relação com o tempo, com a arte e com os outros. Seja colocando a agulha sobre um vinil, aguardando a revelação de uma fotografia ou esperando ansiosamente o carteiro trazer uma carta, o que se busca é viver experiências mais lentas, palpáveis e humanas.

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