
A Mares Filmes traz aos cinemas brasileiros, a partir do dia 13 de novembro, o drama belga Corações Jovens, uma produção sensível e comovente que marca a estreia do cineasta e roteirista Anthony Schatteman no universo dos longas-metragens. Com uma abordagem delicada sobre o despertar do primeiro amor, o filme promete tocar o público adolescente e adulto com sua narrativa honesta, repleta de emoções e descobertas.
Selecionado na prestigiada seção Geração Kplus do 74º Festival Internacional de Cinema de Berlim, o longa teve sua estreia mundial em fevereiro deste ano, onde concorreu ao Urso de Cristal de Melhor Filme, reconhecimento que já sinaliza a força da produção e a qualidade da direção de Schatteman. A coprodução belga-holandesa combina olhares artísticos de duas tradições cinematográficas, resultando em uma obra que equilibra sensibilidade e realismo, sem recorrer a clichês adolescentes.

Um olhar íntimo sobre o primeiro amor
No centro da trama está Elias, um garoto de 14 anos interpretado por Lou Goossens, que se vê diante de sentimentos inéditos quando conhece seu novo vizinho, Alexander (Marius De Saeger). Alexander é descrito como confiante, carismático e um pouco teimoso, características que despertam a atenção e a curiosidade de Elias. A amizade entre os dois rapidamente se transforma em algo mais profundo, mas Elias ainda precisa lidar com o turbilhão emocional que acompanha o despertar do amor e da sexualidade.
O roteiro de Schatteman explora com maestria as dúvidas, os medos e a insegurança típicos da adolescência, sem nunca reduzir os personagens a estereótipos. Elias se sente dividido entre seu desejo por Alexander e o medo do julgamento alheio, especialmente diante de familiares e amigos. Essa tensão interna é o eixo do drama, refletindo a experiência universal de muitos jovens que descobrem o amor e a sexualidade em um mundo ainda cheio de regras não ditas.
“Eu queria mostrar o quanto o primeiro amor é intenso e confuso, mas também belo e formativo”, comentou Schatteman em entrevista recente. “Não se trata apenas de romance; trata-se de crescimento, de aprender a entender seus próprios sentimentos e de encontrar coragem para ser honesto consigo mesmo.”
Elenco e personagens
O elenco de Corações Jovens reúne talentos belgas que dão vida a personagens autênticos e emocionantes. Lou Goossens se destaca como Elias, trazendo sensibilidade e profundidade ao protagonista. Marius De Saeger, no papel de Alexander, entrega um jovem confiante, carismático e complexo, capaz de desafiar e inspirar Elias. Os pais de Elias, Geert Van Rampelberg (Luk) e Emilie De Roo (Nathalie), representam a autoridade e o carinho parental, enquanto Dirk Van Dijck, como o avô Fred, oferece conselhos valiosos e lições sobre o amor. Saar Rogiers, Jul Goossens, Wilm Opbrouck, Florence Hebbelynck e Olivier Englebert completam o elenco, acrescentando camadas de emoção e autenticidade às relações familiares e sociais, contribuindo para a riqueza da narrativa e para a verossimilhança da história.
Uma história que ressoa com todos
O filme não foca apenas no romance entre Elias e Alexander, mas também nos relacionamentos familiares e de amizade que moldam a vida do protagonista. Cada personagem desempenha um papel significativo na jornada de autodescoberta de Elias. Em especial, a relação com seu avô se destaca: em um momento decisivo, o conselho sobre o amor eterno e a coragem de amar novamente inspira Elias a enfrentar seus próprios medos e a lutar pelo coração de Alexander. Este momento é emblemático do tom humanista do filme, que valoriza o crescimento emocional e o aprendizado afetivo.
Reflexões sobre a adolescência e identidade
O drama de Schatteman se insere em um contexto maior de filmes que exploram a adolescência, mas se diferencia por tratar de forma natural e respeitosa o despertar homoafetivo de seu protagonista. A narrativa não busca chocar nem dramatizar excessivamente; pelo contrário, ela se aproxima do realismo poético, mostrando que o amor adolescente é intenso, porém, muitas vezes, cheio de hesitações e autoconflitos.
Ao acompanhar Elias tentando entender seus sentimentos, o público é convidado a refletir sobre a própria experiência de amor, amizade e aceitação. O roteiro evita respostas fáceis, reconhecendo que o crescimento pessoal e a descoberta da identidade são processos complexos, muitas vezes marcados por erros, dúvidas e pequenas vitórias.
A direção de Schatteman, em sua estreia, impressiona por seu cuidado com os detalhes: enquadramentos intimistas, diálogos que soam naturais e cenas que capturam gestos simples, mas carregados de significado. Cada olhar, cada gesto, cada silêncio é utilizado para transmitir emoções que palavras sozinhas não conseguiriam expressar.
Reconhecimento internacional
A escolha de Corações Jovens para a seção Geração Kplus do Festival de Berlim é um reconhecimento significativo. Esta seção é conhecida por valorizar filmes que dialogam com jovens, mas com qualidade cinematográfica suficiente para atrair audiências amplas e críticas exigentes. A indicação ao Urso de Cristal de Melhor Filme reforça a importância do longa e destaca o talento de Anthony Schatteman como uma nova voz promissora do cinema europeu.
Além de ser uma vitrine para o talento de Schatteman, o filme também demonstra a força das coproduções internacionais, neste caso entre Bélgica e Holanda. A colaboração entre os dois países permite não apenas um compartilhamento de recursos técnicos e criativos, mas também um enriquecimento cultural, refletido na autenticidade do cenário, no comportamento dos personagens e na abordagem das questões sociais e afetivas.
Corações jovens no Brasil
Para os espectadores brasileiros, Corações Jovens será lançado exclusivamente nos cinemas, uma oportunidade rara de vivenciar a experiência do longa em tela grande. A Mares Filmes, responsável pela distribuição, aposta na força emocional e na narrativa sensível do filme para conquistar o público.





