
O Globo Repórter desta sexta-feira, 17 de outubro, apresenta uma edição especial que aproxima realidade e ficção para discutir um tema ainda cercado de preconceitos e desafios: a maternidade solo na adolescência. A reportagem chega às telas às vésperas da estreia da nova novela das nove da TV Globo, Três Graças, marcada para segunda-feira, 20 de outubro. A trama acompanha três gerações de mulheres — a avó Lígia (Dira Paes), a mãe Gerluce (Sophie Charlotte) e a filha Joélly (Alana Cabral) — todas enfrentando os desafios de criar filhos sozinhas em uma comunidade periférica fictícia chamada Chacrinha, inspirada na Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo.
O programa conduz o espectador pelos bastidores da novela, mostrando o processo de construção das personagens pelas atrizes e revelando, ao mesmo tempo, histórias reais de mulheres que vivem situações semelhantes às das personagens. “Queremos contar uma história de emoção, superação e esperança. É um assunto que precisa ser discutido, compreendido e tirado do véu do tabu”, explica Sophie Charlotte, intérprete de Gerluce.
A protagonista adolescente da novela, Joélly Maria das Graças, interpretada por Alana Cabral, é uma jovem preta da periferia que engravida aos 15 anos, retratando uma realidade comum em muitas comunidades brasileiras. Fora das câmeras, a repórter Bette Lucchese conhece Yasmin Oliveira, filha de Ana Cristina, que também se tornou mãe na juventude. A reportagem evidencia como a maternidade precoce muitas vezes se repete entre gerações. “Minha mãe engravidou aos 18 anos e, ao interpretar Joélly, consigo sentir a dor, a angústia e os sonhos interrompidos que ela viveu. É uma experiência que me torna mais empática e me ajuda a compreender ainda melhor minha mãe”, conta Alana Cabral.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, 15% das famílias brasileiras são chefiadas por mães solo. Nos últimos doze anos, o número de lares liderados por mulheres passou de 9 para 12 milhões. Na Brasilândia, 136 mulheres participam de um instituto de apoio a mães solo, onde recebem orientação, suporte emocional e criam redes de solidariedade que fortalecem suas vidas e a comunidade em que vivem. O programa mostra como essas iniciativas transformam realidades e oferecem caminhos de superação para mulheres que muitas vezes se veem isoladas.
“Também queremos provocar reflexão nos homens. Ainda é muito comum a falta de responsabilização masculina e o abandono das mulheres durante a gravidez. A novela é uma ferramenta perfeita para estimular o diálogo sobre direitos, deveres e empatia”, afirma Dira Paes, que interpreta a avó Lígia.
A reportagem também se desloca até a Rocinha, a maior favela do Brasil, localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, para conhecer a história de Giovanna Moraes. Ela engravidou aos 15 anos e enfrentou medo, isolamento e preconceito, mas contou com o apoio incondicional da mãe para atravessar esse período difícil. “Quando descobri, já estava com seis meses de gravidez. Foi um choque enorme, mas minha mãe esteve comigo em todos os momentos, me apoiando e cuidando de mim e da minha filha”, relembra Giovanna.
Além de abordar histórias reais, o programa acompanha o autor Aguinaldo Silva, que revela como surgiu a inspiração para Três Graças: uma visita à Maternidade Leila Diniz, no Rio de Janeiro, onde conheceu jovens mães e estudou os impactos da gravidez precoce. Bette Lucchese mostra como essas experiências foram incorporadas à narrativa da novela, garantindo autenticidade e profundidade às personagens.
Entre ficção e realidade, o Globo Repórter desta sexta-feira explora temas como a repetição de padrões familiares, a importância do apoio das avós, os impactos sociais da gravidez precoce e a necessidade de políticas públicas voltadas para mães solo. Ao combinar dados estatísticos, relatos de vida e depoimentos das atrizes, a edição oferece um olhar sensível e completo sobre os desafios enfrentados por adolescentes e mulheres que criam seus filhos sozinhas.





