Nesta quinta-feira, 30 de outubro de 2025, o Conversa com Bial apresenta uma edição marcada por emoção e reflexão. O programa recebe as atrizes Klara Castanho e Karine Teles, além da diretora Susanna Lira, para discutir o filme Salve Rosa, produção recém-premiada em três categorias no Festival de Cinema do Rio. A obra aborda temas urgentes da contemporaneidade, como a superexposição nas redes sociais, o papel das famílias nesse processo e os impactos emocionais da fama precoce.

O longa conta a história de Rosa, uma menina de 13 anos interpretada por Klara Castanho, cuja vida muda radicalmente quando sua mãe, Dora, vivida por Karine Teles, decide transformá-la em influenciadora digital. O que começa como um gesto de incentivo e orgulho acaba se tornando um processo de controle e invasão, revelando o lado obscuro da busca por visibilidade e reconhecimento. A direção de Susanna Lira conduz o espectador a refletir sobre os limites entre amor e posse, cuidado e manipulação, realidade e imagem.

Durante a entrevista, Karine Teles analisa o comportamento de sua personagem e a complexidade das relações familiares retratadas no filme. A atriz destaca que, muitas vezes, o ambiente doméstico pode se tornar um espaço de opressão e abuso emocional, principalmente quando os pais confundem amor com domínio. Sua interpretação traz à tona a figura de uma mãe que, em nome de um ideal de sucesso, transforma a própria filha em instrumento de realização pessoal, apagando a individualidade da menina e desconsiderando seu bem-estar.

Klara Castanho, que acaba de completar 25 anos e iniciou a carreira ainda criança, reflete sobre o contraste entre sua trajetória artística e a exposição de jovens que crescem na era digital. Diferente da geração atual, Klara viveu uma infância sem redes sociais, em um ambiente profissional regulamentado, com acompanhamento e limites bem definidos. Ela observa que o fenômeno das redes trouxe uma nova forma de fama, mais imediata e menos protegida, em que crianças e adolescentes são alçados à visibilidade sem preparo emocional ou estrutura para lidar com o público.

A atriz também aborda os desafios da instabilidade que acompanha a vida pública. Em um mundo movido por curtidas, algoritmos e tendências passageiras, a noção de sucesso se torna efêmera e frágil. A ascensão repentina pode ser seguida por quedas abruptas, e poucos estão prontos para lidar com a oscilação constante entre o aplauso e o esquecimento. Salve Rosa expõe justamente essa vulnerabilidade, mostrando como a busca por relevância pode corroer vínculos afetivos e comprometer a construção da identidade.

A diretora Susanna Lira acrescenta profundidade à discussão ao contextualizar a obra dentro de um cenário social mais amplo. Segundo ela, vivemos em uma era em que a imagem se tornou uma forma de capital emocional e financeiro. A necessidade de ser visto e validado pelo olhar alheio cria relações artificiais e expectativas irreais, especialmente quando isso é imposto desde a infância. O filme propõe, portanto, um debate sobre como o desejo de reconhecimento pode se transformar em uma armadilha, tanto para os pais quanto para os filhos.

Com uma narrativa sensível e provocativa, Salve Rosa coloca o espectador diante de questões incômodas, mas necessárias. Até que ponto o amor justifica o controle? Onde termina o incentivo e começa a exploração? O longa não oferece respostas fáceis, mas convida à reflexão sobre o impacto psicológico e emocional de uma vida vivida sob holofotes — sejam eles de um set de filmagem ou de uma tela de celular.

Sob o comando de Pedro Bial, o programa amarra essas reflexões com profundidade e empatia. O apresentador conduz o diálogo para além do cinema, transformando a conversa em uma análise sobre o papel das famílias, da mídia e da sociedade na construção da identidade dos jovens. O episódio se destaca pela capacidade de unir arte e realidade, mostrando que, mais do que um drama familiar, Salve Rosa é um retrato do nosso tempo — um espelho da cultura digital e de suas consequências silenciosas.

Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.

COMENTE

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui