
O Halloween chegou à Reserva Imovision com uma programação intensa e cheia de contrastes. Entre o medo visceral, o drama humano e o espetáculo visual, a plataforma reúne produções que ultrapassam os limites do entretenimento e exploram o que há de mais profundo na experiência emocional do público. São histórias sobre o medo, a perda, o amor e a transformação — cada uma delas revelando uma face diferente do terror contemporâneo.
Os criadores do cultuado Creep (2014) retornam com The Creep Tapes, uma antologia de terror em formato found footage que transforma a câmera em instrumento de medo. O protagonista é Peachfuzz, um assassino que atrai vítimas com falsas promessas de emprego e as convence a filmar sua rotina “normal”.
Os episódios finais da primeira temporada — “Brandt” e “Mãe (e Albert)” — encerram esse ciclo com intensidade crescente. Em “Brandt”, uma jovem aceita gravar um homem em um quarto de hotel por mil dólares e descobre tarde demais o preço da ingenuidade. Já “Mãe (e Albert)” leva o horror ao espaço doméstico, quando uma mulher recebe a visita inesperada do próprio filho — uma aparição que transforma uma noite comum em um pesadelo íntimo e devastador.
The Creep Tapes é mais do que uma série de sustos. É um retrato do medo como consequência da confiança, uma reflexão sobre até onde se vai em busca de aceitação e segurança em um mundo cada vez mais isolado.
Vencedor de aplausos em Berlim e indicado ao Urso de Ouro, Um Pedaço do Céu é o contraponto sensível da programação. Ambientado em uma vila nos Alpes, o longa acompanha o relacionamento entre Anna e Marco, um casal jovem que vê o amor se fragilizar diante da doença. Um tumor cerebral altera o comportamento de Marco, colocando em xeque não apenas a relação, mas também a maneira como a comunidade os enxerga.
O filme fala de resistência — a resistência de amar alguém quando o amor se torna uma forma de dor. Anna tenta preservar o vínculo que os uniu, mesmo quando o homem que ela conhecia começa a desaparecer aos poucos. O resultado é um drama comovente, de uma delicadeza rara, que transforma a tragédia em poesia.
Em Booger: Instinto Felino, o luto se manifesta literalmente. Anna, devastada pela morte da melhor amiga, vê sua realidade ruir quando o gato de Izzy foge e a morde. A partir daí, transformações físicas e psicológicas começam a surgir, revelando um processo de mutação que mistura culpa, dor e instinto.
O longa combina o horror corporal com uma reflexão sobre a perda e a identidade. Ao mesmo tempo em que o corpo de Anna muda, sua percepção da amizade e da vida também se altera. O grotesco serve como metáfora do que o luto provoca — uma lenta dissolução daquilo que se era, até que reste apenas o que é possível suportar.
Encerrando a programação de Halloween, Dragula: Titans retorna em sua segunda temporada com a competição mais sombria e exuberante da cultura drag. No episódio “Casamento Gótico”, as queens enfrentam provas insanas em um universo que mistura horror, performance e ironia.
A nova edição conta com participações especiais de Bonnie Aarons, a icônica “Freira” dos filmes de terror, e da roteirista Akela Cooper (Maligno, M3gan, A Freira 2). O episódio celebra o grotesco como arte e o sangue como metáfora da criação. Cada desafio é uma performance de resistência, onde o corpo se torna palco de libertação e desafio.
















