Intervalos, de Cléo Busatto, convida o leitor a redescobrir o silêncio e a beleza das pequenas pausas

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Foto: Reprodução/ Internet

Em meio ao ritmo acelerado da vida contemporânea, onde a pressa parece dominar até os gestos mais simples, a escritora Cléo Busatto lança Intervalos, um livro que se propõe a desacelerar o olhar e restaurar o encanto pelas miudezas do cotidiano. Longe de grandes acontecimentos, a obra é uma celebração das pausas, dos silêncios e das emoções que se escondem nas frestas do tempo.

Desde as primeiras páginas, o leitor é conduzido a um território de delicadeza e introspecção. Os textos de Busatto são curtos, mas densos; fragmentos que traduzem sentimentos universais com a precisão de quem enxerga poesia onde a maioria só vê rotina. O livro é um convite à contemplação — à escuta da própria alma e ao reencontro com o que é essencial.

Com essa passagem, Cléo sintetiza o espírito da obra: a busca por uma alma viva, alimentada por experiências simples e genuínas. Sua escrita mistura lirismo e reflexão, revelando uma autora que se dedica a capturar o invisível — as nuances do sentir, os gestos que escapam, os instantes que parecem insignificantes, mas que guardam profundidade.

Nos textos, emergem temas como amor, solidão, envelhecimento, espiritualidade, desejo, memória e pertencimento. Cada fragmento carrega um pedaço de humanidade: o cheiro do pão recém-assado, a lembrança da avó, o toque da água num banho ritual, o silêncio de um Ano-Novo introspectivo. São momentos aparentemente comuns, mas que, sob o olhar da autora, ganham força simbólica e emocional.

O livro é ilustrado por Karina Busquets, cuja arte visual dialoga com a prosa de forma orgânica e sensível. Os desenhos, delicados e minimalistas, não apenas acompanham os textos — eles os expandem. As ilustrações criam pausas visuais que reforçam a proposta de desaceleração e contemplação, tornando a leitura uma experiência estética completa.

Mais do que um conjunto de contos, a obra literária é uma jornada poética sobre o tempo e o autoconhecimento. Cléo Busatto escreve como quem oferece um abrigo: suas palavras acolhem e convidam à escuta, lembrando que há beleza no simples ato de existir. Em um mundo cada vez mais barulhento, seu livro surge como um gesto de resistência — uma pausa necessária para ouvir o sussurro da vida.

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