Depois de anos de silêncio, boatos, mudanças de direção, reescritas e impasses, a franquia Truque de Mestre finalmente reapareceu nos cinemas. E o retorno não poderia ter sido mais emblemático: O 3º Ato estreou direto no topo das bilheterias dos Estados Unidos, como se estivesse lembrando ao mundo que ainda sabe provocar encantamento.

O filme arrecadou US$ 21,3 milhões no primeiro fim de semana (14 a 16 de novembro), uma marca expressiva para uma sequência tão tardia — e uma prova de que o charme dos Cavaleiros não diminuiu com o tempo. Se alguém achou que o prestígio da franquia tinha se perdido, os números deixaram claro: o público estava com saudade. As informações são do Box Office Mojo.

O desafio de estrear num mercado disputado

E não foi uma vitória simples. A mesma semana trouxe a estreia de “O Sobrevivente”, novo suspense adaptado de Stephen King, que chegou forte e arrecadou US$ 17 milhões. Mesmo assim, ficou em segundo lugar. Abaixo deles, “Predador: Terras Selvagens” resistiu como pôde com US$ 13 milhões — uma queda natural para a segunda semana, mas ainda assim um sinal de disputa pesada.

Fechando o ranking, dois filmes que vêm chamando atenção do público mais jovem, “Se Não Fosse Você” e “O Telefone Preto 2”, ambos impulsionados pela presença do ator Mason Thames. Mas mesmo com todos esses competidores, foi o terceiro capítulo dos mágicos-ladrões que tomou o topo — com direito a vibração nostálgica dos fãs.

A longa travessia até o terceiro filme

Dizer que o filme demorou para sair é quase um elogio. Foram anos de idas e vindas, mudanças de direção, roteiros refeitos, agendas incompatíveis… e aquele medo silencioso de que o projeto nunca veria a luz do dia.

A Lionsgate anunciou o terceiro filme ainda em 2015, antes da estreia de “Now You See Me 2”. Parecia simples: apenas continuar a franquia que já era querida. Mas o caminho acabou sendo tortuoso. Jon M. Chu, diretor do segundo filme, estava previsto para retornar, mas novos compromissos e mudanças criativas tiraram o plano do eixo.

Só em 2022, com a entrada de Ruben Fleischer, o projeto finalmente encontrou estabilidade. Fleischer trouxe algo que faltava: frescor, humor e energia, com a preocupação de manter o estilo do universo. Ele também foi o responsável por resgatar parte da essência perdida do segundo filme — e por dar aos fãs a sensação de reencontro.

O retorno do elenco original — e aquele gostinho de “finalmente!”

Jesse retorna como Danny Atlas, agora ainda mais impaciente, obsessivo e perfeccionista. O ator entrega um Danny envelhecido emocionalmente, mas com o mesmo brilho de quem acredita ser dono do melhor truque da sala. Eisenberg traz uma intensidade mais madura, mostrando que o personagem sofreu, cresceu e voltou mais reflexivo — ainda que sem abrir mão da arrogância charmosa característica.

Woody reprisa seu papel como Merritt McKinney, o mentalista sarcástico que domina a leitura fria e a hipnose. Ele continua dono das melhores tiradas cômicas, mas agora adiciona um toque de amargura, como alguém que viu demais, perdeu demais e precisa voltar a acreditar no grupo. Harrelson sabe equilibrar humor e humanidade de um jeito que faz Merritt parecer mais humano do que nunca.

Dave volta como Jack Wilder, e não é exagero dizer que seu personagem cresceu. Se antes era o “caçula inconsequente” do grupo, agora ele surge mais seguro, mais autêntico e mais consciente do próprio talento. Ainda assim, mantém a leveza que sempre o acompanhou — e as cenas de truques de cartas continuam entre as mais divertidas do filme.

Talvez o retorno mais comemorado pelo público, Isla Fisher veste novamente o figurino de Henley Reeves, a escapista destemida que encantou multidões no primeiro filme. Sua ausência no segundo longa sempre pareceu um ponto fora da curva, e finalmente ela volta trazendo força, emoção e aquele humor rápido que só ela tem. Henley está mais plena, mais experiente e com a mesma coragem que fez os fãs se apaixonarem lá atrás.

Mark Ruffalo retorna como Dylan Rhodes, dividido entre os traumas do passado e a responsabilidade de orientar um grupo que ainda o vê como líder. Ruffalo entrega uma performance mais melancólica, mais carregada de memória, sem perder a ironia que equilibra a narrativa.

E claro, ele: Morgan Freeman, como Thaddeus Bradley. Sempre misterioso, sempre elegante, sempre ambíguo. Nesse filme, Thaddeus se posiciona como uma espécie de guardião silencioso — alguém que sabe mais do que diz e que move peças no tabuleiro sem que ninguém perceba. Freeman entrega uma presença imponente, mesmo nas cenas em que mal precisa falar.

A nova geração que chega para bagunçar — e renovar — o jogo

Smith interpreta Charlie, um mágico autodidata que cresceu reproduzindo truques dos Cavaleiros na internet. Ele é talentoso, acelerado, curioso — e funciona como ponte entre o legado dos veteranos e a magia da nova era. Dominic vive Bosco, um ilusionista cerebral, estrategista e obcecado por combos de ilusão e tecnologia. Ele é o tipo de personagem que parece ter estudado cada truque conhecido — e que monta cenários inteiros dentro da própria cabeça. Bosco funciona como o cérebro analítico que contrapõe o improviso caótico de Danny.

Ariana interpreta June, uma personagem elétrica, irônica e cheia de recursos. Ela é o “fogo” da nova trinca — impulsiva, apaixonada, desafiadora — e traz uma energia que dialoga muito bem com Henley, criando uma espécie de laço entre gerações. Rosamund Pike encarna Veronika Vanderberg, líder de um sindicato global de diamantes e uma mulher que domina todos os quartos em que entra. Elegante, fria, calculista, com aquele olhar que diz “eu já sei o truque antes de você pensar nele”.

O charme dos truques reais — e a busca por autenticidade

Ruben Fleischer queria que o público sentisse que a magia estava acontecendo ali. Por isso, insistiu em efeitos práticos sempre que possível. Vários truques foram ensaiados por semanas, e o elenco passou por treinamentos reais com ilusionistas renomados. O resultado é nítido: as cenas têm textura, têm peso, têm presença. É magia “real” em plena era do CGI.

A première que trouxe a franquia de volta ao mundo

A grande estreia mundial aconteceu no Harbour Club, em Amsterdã, transformando o evento em um espetáculo próprio. Fãs, mágicos profissionais e jornalistas lotaram o local como se fosse o retorno de uma velha banda querida. Era quase um reencontro emocional entre público e franquia. No Brasil e em Portugal, o filme chegou no dia 13 de novembro, dois dias antes dos EUA — e rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais.

Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.

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