
A Sessão da Tarde desta segunda-feira, 17 de novembro, traz um daqueles filmes que conseguem transformar a rotina em uma pausa de encantamento. Em meio às tarefas do início da semana, a Globo exibe Truque de Mestre, um longa que combina o ritmo envolvente de um thriller policial com o fascínio atemporal da mágica de palco. A produção, lançada em 2013 e dirigida por Louis Leterrier, é estrelada por um elenco que por si só já é um convite ao sofá: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Isla Fisher, Woody Harrelson, Dave Franco, Mélanie Laurent, Morgan Freeman e Michael Caine.
Mais do que uma história sobre quatro ilusionistas carismáticos que executam assaltos aparentemente impossíveis, o filme oferece uma reflexão sutil sobre justiça, exposição, crença e sobre como a ilusão pode revelar mais do que esconde. É entretenimento, mas também é narrativa humana — e talvez seja por isso que tenha conquistado o público desde o lançamento, mantendo-se atual e cativante.
Parte do encanto do filme vem do elenco, que demonstra química e entrega diante de uma trama exigente. Jesse Eisenberg cria um Danny Atlas carismático e firme (A Rede Social, Zumbilândia); Woody Harrelson dá vida à irreverência do mentalista Merritt (Jogos Vorazes, O Mensageiro); Isla Fisher oferece presença física e emocional marcante (Debi & Lóide 2, Penetras Bons de Bico); Dave Franco completa o quarteto com energia e agilidade juvenil (Vizinhos, Nerve).
Do outro lado, Mark Ruffalo sustenta a narrativa policial com naturalidade (Spotlight, Os Vingadores), ao lado de Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios, Sem Perdão). Já Morgan Freeman (Um Sonho de Liberdade, Seven) e Michael Caine (Batman: O Cavaleiro das Trevas, O Grande Truque) representam a experiência e a ambiguidade moral que circunda o universo da mágica.
Um espetáculo de magia que começa pela surpresa
No centro da trama estão Os Quatro Cavaleiros, grupo formado por mágicos que dominam diferentes técnicas e estilos de ilusionismo. Cada um deles representa um fragmento desse universo de truques, manipulação e performance: Danny Atlas (Jesse Eisenberg), o líder seguro e cerebral; Henley Reeves (Isla Fisher), especialista em números arriscados e escapismo; Merritt McKinney (Woody Harrelson), mentalista que lê pessoas com desconcertante precisão; e Jack Wilder (Dave Franco), jovem habilidoso em truques físicos e infiltrações. As informações são do AdoroCinema.
A narrativa ganha corpo quando, misteriosamente, cada um recebe uma carta de tarô que os leva a um apartamento vazio em Nova York. Ali, uma figura desconhecida lhes entrega um plano grandioso, quase impossível. Um ano mais tarde, o grupo estreia em Las Vegas com um espetáculo que desafia qualquer lógica — um número final que simula, em tempo real, o roubo de um banco em Paris. O público vibra, a imprensa surta e as autoridades imediatamente entram em alerta.
A investigação que move a trama — e desafia o espectador
Com o assalto em Las Vegas, o FBI entra em cena. O agente Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) é designado para capturar o grupo e se vê obrigado a trabalhar ao lado da agente da Interpol Alma Vargas (Mélanie Laurent), cuja postura calma e investigativa contrasta com o temperamento impulsivo do americano. A relação entre os dois cresce em tensão, dúvidas e interação — um toque humano que equilibra a adrenalina e a lógica fria da investigação.
Para tentar entender como os ilusionistas conseguem realizar assaltos tão impecáveis, Dylan e Alma buscam a ajuda de Thaddeus Bradley (Morgan Freeman), um desmistificador profissional de mágicos. Thaddeus não apenas conhece os truques de palco mais famosos, como também tem prazer em revelá-los ao público. Ele garante que tudo não passa de ilusão, engenharia e manipulação psicológica.
A presença de Thaddeus oferece ao filme uma camada quase filosófica: ele representa o olhar de quem vê além do encantamento e enxerga a estrutura — enquanto o público, muitas vezes, prefere abraçar o mistério. Ao longo da história, essa perspectiva será colocada à prova.
Os assaltos que desafiam a lógica — e encantam pela ousadia
Um dos pontos mais marcantes de Truque de Mestre é a forma como os assaltos são coreografados. Cada ação dos Cavaleiros parece parte de um número de palco — elegante, calculado e imprevisível.
No primeiro show, em Las Vegas, o grupo “teletransporta” um espectador para dentro de um cofre em Paris. No segundo, em Nova Orleans, tiram milhões de dólares das contas bancárias de um magnata controverso e distribuem o dinheiro ao público, capturando a empolgação coletiva com um toque de crítica social.
O terceiro número leva a narrativa ao limite: um espetáculo urbano montado a céu aberto, em Nova York, com multidões, drones, fumaça, holofotes e um exército de fãs perseguindo pistas. Tudo isso transforma o filme em uma experiência quase imersiva, como se o espectador estivesse acompanhando um show ao vivo.
A reviravolta final que marcou uma geração de espectadores
Se Truque de Mestre permanece tão popular até hoje, muito disso se deve à revelação final — uma das mais bem construídas do cinema comercial recente. Quando o filme revela que o agente do FBI, Dylan Rhodes, é na verdade o mentor por trás de tudo, a história ganha novos contornos. Tudo o que parecia incongruente se encaixa, tudo o que parecia aleatório encontra lógica.
Mais importante do que a surpresa é a motivação: Dylan é filho de Lionel Shrike, um mágico que morreu em um truque mal executado após ser humilhado publicamente por Thaddeus Bradley. Sua vingança é emocional antes de ser criminal. Ele não quer apenas punir culpados, mas também restaurar a dignidade perdida do pai.
Essa camada emocional torna a trama mais profunda. É nesse ponto que o filme deixa de ser apenas entretenimento e se torna também um comentário sobre memória, dor, injustiça e reparação. A mágica, aqui, vira metáfora para uma busca humana por pertencimento e reconhecimento.





