
O Domingo Maior de hoje, 23 de novembro, aposta em um dos filmes mais impactantes da última década: “Infiltrado na Klan” (BlacKkKlansman), dirigido por Spike Lee (Faça a Coisa Certa, Céus e Infernos, O Plano Perfeito). Misturando tensão, humor ácido e um senso de urgência política, o longa resgata uma história real que parece dialogar diretamente com o presente, mesmo ambientada nos anos 1970.
A produção acompanha Ron Stallworth, interpretado por John David Washington, um jovem policial negro do Colorado que tomou uma decisão ousada e quase impensável para a época. Em 1978, ele conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan, uma das organizações supremacistas brancas mais violentas dos Estados Unidos. A investigação começou por telefone, onde Ron fingia ser um homem branco e simpatizante dos ideais racistas do grupo. À medida que a operação avançava, outro policial (branco) precisava aparecer pessoalmente nas reuniões para manter a farsa. (Via: AdoroCinema)
O resultado foi uma parceria improvável, tensa e ao mesmo tempo brilhantemente construída, principalmente por causa da atuação de Adam Driver, que vive o policial que se passa por Ron nos encontros presenciais com os membros da Klan. A operação secreta durou meses e expôs planos de ataques, linchamentos e crimes de ódio organizados pela seita. Para além do suspense policial, Spike Lee transforma a história numa crítica direta ao racismo estrutural, mostrando como discursos de ódio se espalham, encontram espaços e se disfarçam ao longo das décadas.
Um filme que mistura indignação, humor e esperança
“Infiltrado na Klan” não é apenas sobre a investigação. É também sobre o peso emocional de ser um homem negro enfrentando um sistema que muitas vezes tenta silenciar, apagar ou intimidar. Spike Lee equilibra momentos de ironia e sátira com cenas duras, sem medo de provocar o espectador.
A narrativa vibra justamente por saber rir do absurdo que atravessa a história como quando Ron liga para o líder da Klan, interpretado por Topher Grace, e é recebido com entusiasmo, mesmo descrevendo preconceitos abertamente racistas.
Ao mesmo tempo, o filme respira através de personagens como Patrice (Laura Harrier), que levanta discussões sobre identidade, resistência e ativismo negro num período de profundas tensões sociais nos EUA.
Elenco comprometido e direção afiada
O elenco do filme atua com uma entrega que dá corpo e verdade à história. John David Washington (“Tenet”, “Malcolm & Marie”, série “Ballers”) interpreta Ron Stallworth com firmeza, carisma e nuances que revelam tanto a coragem quanto a vulnerabilidade do personagem. Adam Driver (“História de um Casamento”, “Paterson”, franquia “Star Wars”) dá vida a Flip Zimmerman mergulhando no conflito identitário de um policial judeu infiltrado em um grupo supremacista, trazendo tensão e sensibilidade à narrativa.
Laura Harrier (“Homem-Aranha: De Volta ao Lar”) ilumina a história com presença marcante, enquanto Topher Grace (“That ‘70s Show”, “Homem-Aranha 3”), Ryan Eggold (“The Blacklist”, “New Amsterdam”) e Jasper Pääkkönen (“Vikings”, “O Atentado ao Hotel Taj Mahal”) completam o time com atuações que reforçam a força política, emocional e crítica do filme.
Na versão exibida na TV, a dublagem brasileira com Marcelo Campos, Alfredo Rollo, Samira Fernandes e Felipe Zilse mantém a força das interpretações originais, reforçando a intensidade e a humanidade que o longa pede.
Um sucesso de crítica, bilheteria e relevância
Lançado em 2018, o filme arrecadou mais de US$ 89 milhões em todo o mundo, contra um orçamento de US$ 15 milhões, um ótimo desempenho para um filme de forte teor político. Nos Estados Unidos, estreou com US$ 10,8 milhões e garantiu a Spike Lee seu melhor fim de semana de abertura desde Plano Perfeito (2006). A produção também ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, marcando um dos momentos mais celebrados da carreira do diretor.





