Foto: Reprodução/ Internet

A chegada de “Wicked: Parte 2” aos cinemas marcou um daqueles raros momentos em que a expectativa do público encontra o tamanho da produção. Lançado no fim de novembro, o filme estreou como um verdadeiro fenômeno. A sequência dirigida por Jon M. Chu conquistou a maior abertura de 2025 na América do Norte, confirmando que o universo de Oz continua mais vivo do que nunca na imaginação dos fãs.

Nos primeiros dias, o longa arrecadou 68,6 milhões de dólares somando pré-estreias e o dia oficial de lançamento. É um número expressivo para qualquer produção, mas ganha ainda mais relevância ao colocar o filme no topo do ranking do ano. A Variety observou que cerca de 12,6 milhões desse valor veio de sessões antecipadas, realizadas antes da quinta-feira.

Caso essas exibições não fossem incluídas, o título de maior abertura pertenceria a “Um Filme Minecraft”, que somou 57,11 milhões. Mesmo assim, o desempenho de “Wicked: Parte 2” evidencia um apetite muito claro do público por produções grandiosas, musicais épicos e personagens que atravessam gerações.

Um projeto longo, complexo e muito aguardado

A história da produção de “Wicked” para os cinemas começou há mais de uma década. A Universal Pictures e o produtor Marc Platt anunciaram os planos em 2012, porém vários fatores atrasaram o desenvolvimento. Houve mudanças de cronograma, ajustes de roteiro, incertezas criativas e, mais recentemente, a paralisação causada pela pandemia.

A virada veio em 2021, quando Cynthia Erivo e Ariana Grande foram oficialmente confirmadas como protagonistas. A escolha movimentou a internet, renovou o interesse do público e trouxe energia nova para o projeto. O diretor Jon M. Chu, conhecido pela sensibilidade musical e visual, assumiu a responsabilidade de conduzir a adaptação. A decisão de dividir a obra em duas partes surgiu da preocupação em preservar momentos essenciais do musical, respeitando a jornada emocional e política das personagens.

As filmagens ocorreram na Inglaterra entre dezembro de 2022 e janeiro de 2024, com uma pausa durante a greve do SAG-AFTRA em 2023. Foi um processo longo, planejado nos mínimos detalhes, que envolveu cenários elaborados, coreografias complexas e um extenso trabalho de pós-produção.

A estreia e a recepção dividida

Antes de chegar oficialmente aos cinemas, a segunda parte da trama teve uma première especial no Suhai Music Hall, em São Paulo, no início de novembro. A sessão reuniu fãs, influenciadores e críticos, criando um clima de celebração para o lançamento mundial.

O filme estreou no Brasil em 20 de novembro e no dia seguinte nos Estados Unidos. As primeiras avaliações foram mistas. Embora o público tenha abraçado a continuação com entusiasmo, parte da crítica avaliou que o segundo capítulo não alcança a mesma força emocional do anterior. Ainda assim, a escala da produção, os números musicais e a fidelidade ao material original garantem momentos impactantes o suficiente para justificar o projeto ambicioso.

O enredo: uma Oz mais sombria, mais política e mais dividida

A narrativa da continuação aprofunda as consequências dos eventos do primeiro filme. Passaram-se cinco anos desde que Elphaba foi acusada de traição. Agora isolada na floresta, ela se dedica a lutar pelos direitos dos animais, usando sua magia para proteger aqueles que foram silenciados pela tirania do Mágico.

Glinda, por sua vez, está em uma posição completamente diferente. Nomeada porta-voz oficial do governo, ela se vê presa entre o dever e a consciência. O noivado com Fiyero reforça sua imagem pública, mas também acentua seu conflito interno. Glinda tenta acreditar que está fazendo o correto, mesmo quando tudo ao redor parece se desfazer.

As tensões aumentam quando Elphaba visita sua irmã, Nessarose, governante de Munchkinland. A visita desencadeia uma série de acontecimentos que revelam feridas antigas e criam novas perdas. O caso do jovem Boq, transformado em Homem de Lata após uma tentativa de magia que deu errado, ilustra o quão frágeis e perigosas são as relações dentro da família e do reino.

Quando um tornado atinge Oz e traz Dorothy Gale para o centro dos conflitos, a história entra em sua fase mais dramática. A morte de Nessarose leva Elphaba a enfrentar Glinda, e as duas se veem à beira de uma ruptura definitiva. É um momento que mistura dor, arrependimento e desilusão.

A força da amizade e o peso de se posicionar

A segunda metade do filme intensifica o embate entre as personagens, mas também ilumina os vínculos que as conectam. Elphaba, cansada de ser alvo de ódio, decide se entregar para proteger Glinda. A cena em que as duas se despedem é um dos pontos mais sensíveis da narrativa e reforça que, apesar de caminhos diferentes, a amizade delas continua sendo o coração da história.

O Mágico enfrenta sua própria verdade quando descobre que é o pai biológico de Elphaba. A revelação o desestabiliza, levando-o a abandonar Oz. Glinda assume o controle político do reino, revisa leis e reorganiza o governo, procurando honrar o legado da amiga.

Enquanto isso, Elphaba e Fiyero, agora transformado em espantalho, planejam uma fuga silenciosa. A falsa morte da protagonista é o único caminho para que ela consiga sobreviver e desaparecer de vez do imaginário coletivo de Oz. O casal deixa o reino às sombras, caminhando para um futuro incerto, mas juntos.

Um elenco afinado e mais maduro

Ariana Grande e Cynthia Erivo entregam interpretações emocionalmente mais densas do que na primeira parte. Seus duetos e confrontos dramáticos dão vida ao conflito central, que não é apenas mágico, mas humano.

Michelle Yeoh se destaca com uma presença forte e ameaçadora como Morrible. Jeff Goldblum traz um Mágico mais vulnerável, enquanto Jonathan Bailey exibe um Fiyero dividido entre dever e paixão. Ethan Slater, Marissa Bode, Bowen Yang e Bronwyn James completam o elenco com papéis que ampliam a dimensão política e afetiva da trama.

Jon M. Chu aproveita cada música, cenário e movimento de câmera para construir um espetáculo visual que conversa com a linguagem teatral da Broadway, mas sem abrir mão da grandiosidade cinematográfica.

Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.

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