Rodrigo Tardelli chegou ao Rio Webfest no último sábado, 29 de novembro, com a serenidade de quem já conhece bem o festival, mas também com o brilho nos olhos de quem entende o peso e a responsabilidade de concorrer novamente. Sua atuação como Gael em Estranho Jeito de Amar rendeu ao ator sua quarta indicação ao prêmio de Melhor Ator no evento, um reconhecimento que ele considera simbólico não apenas para sua carreira, mas para todo o time por trás da produção. É um marco que reafirma seu espaço no audiovisual independente e celebra uma trajetória construída com persistência, afetos e histórias que atravessam quem assiste.

O ator participou do painel de criadores do festival ao lado do roteirista Leonardo Torres e da diretora Mariana Berardinelli, com quem divide a assinatura da série. A conversa se transformou rapidamente em um encontro de bastidores, memórias e reflexões sobre como uma produção nascida de forma independente conseguiu furar bolhas, mobilizar públicos e gerar debates urgentes sobre saúde emocional e relacionamentos contemporâneos. Ali, diante de uma plateia formada por criadores, fãs e profissionais do setor, Rodrigo parecia revisitar cada silêncio, cada cena e cada vulnerabilidade que Gael o exigiu.

Em meio à troca de experiências, Tardelli falou sobre o impacto pessoal do projeto. “Participar do painel de criadores do Rio Webfest falando sobre ‘Estranho Jeito de Amar’ foi especial. A série nasceu de forma independente e hoje move pessoas no Brasil inteiro. Estar indicado a Melhor Ator reforça a importância dessa história e o quanto ela toca quem assiste. É bonito ver esse impacto ganhar espaço e reconhecimento”, disse, deixando evidente que o peso da indicação vai muito além do simbolismo de um troféu.

A conversa entre o trio destacou aquilo que o público muitas vezes não vê: as dificuldades de filmar com recursos limitados, a necessidade de equilibrar sensibilidade e responsabilidade ao tratar de temas como dependência emocional e relações abusivas, e o cuidado para construir personagens que não sejam apenas retratos, mas pontes para quem vive situações semelhantes na vida real. Leonardo Torres, por exemplo, comentou como o roteiro nasceu de inquietações pessoais sobre afeto e autocuidado. Mariana Berardinelli relatou que dirigir atores em estados emocionais tão complexos é sempre um desafio, mas também um exercício de confiança e parceria artística.

Ao centro dessa engrenagem está Gael, personagem que deu a Rodrigo Tardelli não apenas indicações e prêmios, mas oportunidades de explorar camadas mais profundas de sua arte. A intensidade de Gael, marcada por traumas, fragilidades e tentativas de reconstrução, exige do ator uma entrega contínua que vai além do set. Talvez por isso sua interpretação tenha repercutido tão fortemente entre espectadores e críticos. A investigação emocional que Tardelli projeta no personagem é delicada, honesta e, em muitos momentos, desconfortavelmente real. É impossível sair ileso depois de acompanhar sua trajetória.

Essa conexão não se restringe à tela. Com mais de 15 milhões de visualizações, Estranho Jeito de Amar se tornou uma das webséries independentes mais comentadas dos últimos anos, especialmente por oferecer uma abordagem sincera de temas que costumam ser invisibilizados. A produção combina drama, introspecção e uma estética que valoriza o silêncio e a subjetividade, aproximando o público de dores e reflexões que muitas vezes vivem guardadas. O impacto pode ser medido tanto pela audiência quanto pelas mensagens que chegam diariamente aos criadores, vindas de pessoas que se viram refletidas ali, entre cenas e diálogos.

Para Rodrigo Tardelli, a indicação no Rio Webfest 2025 é mais uma etapa dessa caminhada. Já são 12 indicações como Melhor Ator em festivais internacionais, com quatro troféus conquistados e uma presença constante em mostras na Nova Zelândia, Ásia, Los Angeles e outros países que abraçaram a série. Cada premiação, no entanto, parece ganhar um novo significado à medida que o ator constrói uma carreira em que a sensibilidade é a base do trabalho.

Se o audiovisual independente tem desafios imensos, também tem a liberdade criativa de permitir que histórias como Estranho Jeito de Amar existam — histórias que surgem de inquietações reais, se alimentam de experiências humanas e encontram no público um espelho generoso. E é exatamente nesse lugar, entre arte e afeto, que a trajetória de Rodrigo Tardelli se fortalece. Sua presença no festival não é apenas a de um ator indicado, mas a de um criador que entende que contar histórias é, antes de tudo, tocar pessoas.

Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.

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