
No universo do cinema, onde grandes franquias costumam dominar as bilheterias e sequências infinitas parecem ser a regra, de vez em quando surge uma produção que surpreende e resgata a força da história original. Esse é o caso de A Hora do Mal, filme de terror e mistério que estreou em agosto de 2025 com uma força inesperada, conquistando o público e a crítica e dominando as bilheterias ao redor do mundo.
Dirigido por Zach Cregger, um nome que tem chamado atenção nos últimos anos por sua abordagem inovadora dentro do gênero, A Hora do Mal chegou às telas nos Estados Unidos com uma arrecadação impressionante de US$ 42,5 milhões só no primeiro fim de semana — e somando US$ 70 milhões globalmente. E o mais surpreendente: seu orçamento modesto, de US$ 38 milhões, fez com que o filme se tornasse lucrativo praticamente desde o seu lançamento.
Uma história que mistura medo e humanidade
Ao contrário de muitos filmes do gênero que se apoiam apenas no susto fácil, o filme entrega uma trama que toca o emocional e instiga a mente. A narrativa começa com um desaparecimento inexplicável: dezessete crianças da mesma turma somem de suas casas, em uma pequena cidade da Pensilvânia, deixando uma única sobrevivente para contar o que aconteceu.
A partir desse ponto, o longa constrói um clima de tensão crescente, envolvendo autoridades, familiares desesperados e um mistério que parece desafiar todas as explicações lógicas. O filme é uma mistura delicada entre horror sobrenatural e o drama de personagens reais, cada um lutando para lidar com o medo, a perda e a culpa.
Personagens que marcam e performances que impressionam
Um dos pontos mais elogiados por críticos e espectadores é o elenco, que traz nomes experientes e promissores, capazes de dar vida a personagens complexos e muito humanos.
Julia Garner brilha como Justine, a professora da turma desaparecida. Sua interpretação vai além do papel tradicional de educadora — ela representa a angústia de quem se sente responsável e impotente diante de um desastre inexplicável. Josh Brolin, como o policial Paul Morgan, e Alden Ehrenreich, interpretando Archer Graff, pai de uma das crianças desaparecidas, também entregam performances intensas, mostrando as múltiplas faces do medo e da esperança.

O olhar sensível de Zach Cregger
Para quem acompanha a trajetória de Zach, o diretor não é estranho ao universo do terror com alma. Após o sucesso de Barbarian (2022), Cregger decidiu mergulhar em uma história mais pessoal e ambiciosa, inspirada em perdas reais e em reflexões sobre o tempo e a memória.
A perda do amigo próximo Trevor Moore teve grande impacto em sua escrita, que buscou criar um roteiro capaz de conectar o público não só pelo medo, mas pela emoção sincera e pelo questionamento sobre a fragilidade humana.
Influências de grandes obras, como Magnolia e A Visit from the Goon Squad, são perceptíveis na forma como o roteiro entrelaça personagens, memórias e eventos traumáticos, criando um terror que é tanto psicológico quanto sobrenatural.
Desafios e mudanças no caminho até a tela
A jornada do longa-metragem até o lançamento não foi fácil. Greves em Hollywood em 2023 e conflitos de agenda causaram mudanças significativas no elenco original. Pedro Pascal, Renate Reinsve e outros nomes tiveram que se afastar, abrindo espaço para Josh Brolin, Julia Garner e Benedict Wong.
Mesmo com os contratempos, a produção manteve a essência e a força do roteiro, e a equipe mostrou resiliência para manter a qualidade do filme.
A escolha de Atlanta como local das filmagens, com a construção da escola primária que centraliza a trama, foi estratégica para dar realismo e peso à narrativa, contando ainda com um grande número de crianças no set — mais de 170 em alguns dias —, o que exigiu uma logística cuidadosa.
Nota máxima no Rotten Tomatoes
O filme chegou a alcançar a incrível marca de 100% de aprovação no Rotten Tomatoes, com base em 42 avaliações, um feito raro para qualquer gênero — e ainda mais para o terror. Essa pontuação o coloca em uma seleta lista de produções do gênero que conseguiram esse nível de unanimidade, ao lado de obras renomadas como His House, outro filme original que também chamou atenção nos últimos anos. Esse reconhecimento inicial confirmou a força da narrativa de Zach Cregger e a qualidade da produção como um todo.
Com o passar dos dias e o aumento do número de críticas, a produção manteve seu prestígio e hoje ostenta 95% de aprovação, com mais de 230 avaliações no Rotten Tomatoes. Esse número reforça o impacto duradouro que o filme vem tendo no público e na crítica, destacando-se não apenas como um suspense eficiente, mas como uma obra de terror inteligente e emocionalmente rica. É uma prova clara de que o filme vai muito além do susto imediato, explorando camadas profundas de mistério, medo e humanidade.
O sucesso crítico de A Hora do Mal evidencia como o terror pode ser um veículo para histórias densas e bem construídas, capazes de ressoar com o público e a crítica ao mesmo tempo. A obra de Cregger mostra que, quando há um roteiro sólido, atuações intensas e uma direção cuidadosa, o gênero pode surpreender e emocionar, quebrando barreiras e conquistando seu espaço no cenário cinematográfico contemporâneo.
O futuro do terror segundo Zach Cregger
Se a estreia d o filme já foi tão impactante, o que esperar do futuro do diretor? O cineasta demonstra com esse filme que está comprometido em reinventar o gênero, trazendo histórias que emocionam e desafiam. Seu olhar atento para a complexidade humana, combinado com uma direção segura e criativa, promete novas obras que podem continuar a surpreender e ampliar o alcance do terror.
















