
Depois de mais de duas décadas desde a última aventura no deserto, parece que o antigo Egito vai voltar a ganhar vida — e poeira — nas telonas. A Universal Pictures está desenvolvendo um novo filme de A Múmia, um dos maiores sucessos do estúdio nos anos 1990, e as novidades já estão sacudindo o mundo do cinema: Brendan Fraser (A Baleia, George, o Rei da Floresta e Viagem ao Centro da Terra: O Filme) e Rachel Weisz (Desobediência, Viúva Negra e Constantine) estão em negociações para reprisar seus papéis icônicos, segundo informações do Deadline.

O novo longa será dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, dupla conhecida como Radio Silence — os mesmos nomes por trás dos elogiados Casamento Sangrento e Pânico VI. O roteiro está nas mãos de David Coggeshall, enquanto Sean Daniel, produtor veterano da franquia, retorna para garantir que a essência original não se perca em meio às múmias digitais e efeitos de última geração. A produção ainda conta com o envolvimento da Project X Entertainment, responsável por títulos como Ready or Not e Scream. O projeto ainda está em fase inicial, sem data de estreia confirmada.
Um legado que nunca morreu
Para entender o peso dessa notícia, é preciso voltar às origens. A franquia é uma marca que atravessou quase um século de história do cinema. Tudo começou em 1932, quando Boris Karloff vestiu as ataduras do temível Imhotep, dando vida ao primeiro filme da franquia. A produção, dirigida por Karl Freund, definiu o padrão do terror clássico da Universal, ao lado de monstros como Drácula e Frankenstein.
Entre 1932 e 1955, a Universal lançou seis longas da série original, todos explorando o mito da múmia como uma força antiga, trágica e implacável. Os títulos incluíam A Mão da Múmia, A Tumba da Múmia, O Fantasma da Múmia e A Maldição da Múmia. Esses filmes consolidaram o personagem no imaginário popular e ajudaram a moldar o gênero de horror moderno.
A reinvenção dos anos 90
Em 1999, o diretor Stephen Sommers reinventou A Múmia para uma nova geração. O terror sombrio deu lugar à aventura de ação com toques de humor, e o público abraçou a mudança de braços abertos. Fraser brilhou como Rick O’Connell, o aventureiro corajoso e desajeitado, enquanto Rachel Weisz encantou como a bibliotecária e arqueóloga Evelyn Carnahan.
O sucesso foi imediato. O filme arrecadou mais de US$ 400 milhões e se tornou um fenômeno cultural. Sua mistura de efeitos práticos, CGI inovador para a época e carisma do elenco principal transformou A Múmia em um clássico moderno — o tipo de produção que passava na Sessão da Tarde e ninguém conseguia mudar de canal.
As continuações vieram logo em seguida. O Retorno da Múmia (2001) trouxe de volta o casal O’Connell, introduziu o vilão Escorpião Rei (vivido por Dwayne Johnson) e ampliou o universo da saga. Já A Múmia: Tumba do Imperador Dragão (2008), dirigido por Rob Cohen, levou a ação para a China antiga, com Jet Li e Maria Bello substituindo Rachel Weisz. Embora o terceiro filme tenha dividido opiniões, a trilogia consolidou um legado de mais de US$ 1,4 bilhão em bilheteria mundial.

A maldição dos reboots
Em 2017, a Universal tentou mais uma ressurreição com um reboot estrelado por Tom Cruise, prometendo inaugurar o “Dark Universe”, um universo compartilhado de monstros clássicos. A ideia era ambiciosa — conectar A Múmia, Frankenstein, O Lobisomem, O Homem Invisível e outros monstros lendários. Mas o feitiço virou contra o feiticeiro: o filme não convenceu o público nem a crítica. Apesar dos visuais impressionantes e do orçamento generoso, faltou coração e autenticidade. O projeto acabou enterrado junto com o próprio Dark Universe.
Mais do que nostalgia
Se há algo que A Múmia provou ao longo de suas muitas encarnações, é que boas histórias nunca morrem — apenas esperam o momento certo para despertar novamente. E talvez este seja o momento. Em uma era dominada por reboots e sequências, o desafio da Universal será trazer algo que não pareça apenas um exercício de nostalgia, mas uma nova aventura que emocione tanto quem cresceu com os filmes originais quanto quem os descobrir agora.





