
Neste sábado, 11 de outubro, o palco do Altas Horas será tomado por uma energia única. Em comemoração aos 25 anos do programa, Serginho Groisman comanda uma edição especial que homenageia um dos maiores ícones da música e da cultura nacional: Caetano Veloso. Ao lado de nomes históricos como Gilberto Gil, Ivete Sangalo, Ney Matogrosso, Xande de Pilares, Mosquito, Kleber Lucas, Pretinho da Serrinha e dos filhos Tom, Zeca e Moreno Veloso, o cantor baiano celebra sua trajetória e revisita momentos que marcaram gerações.
Mais do que uma simples homenagem, o especial se transforma em um encontro de afetos, histórias e canções que traduzem a força da arte brasileira. O público pode esperar uma noite repleta de emoção, risadas, lembranças e, sobretudo, muita música boa — daquelas que atravessam o tempo e seguem ecoando na memória coletiva.
Uma noite de encontros e memórias
Desde sua estreia em 2000, o Altas Horas se consolidou como um dos programas mais democráticos da televisão brasileira. Jovens, veteranos, artistas, cientistas, esportistas e anônimos já dividiram o palco de Serginho Groisman em conversas cheias de humanidade. E, para marcar o jubileu de prata da atração, nada mais simbólico do que reunir Caetano Veloso — um artista cuja obra sempre defendeu a liberdade, a mistura e a pluralidade — e nomes que representam diferentes eras e estilos da música brasileira.
Serginho abre o programa com palavras de gratidão: “São 25 anos de muitas histórias, de encontros que marcaram a TV e o coração do público. E hoje, celebramos com um dos maiores artistas da nossa história. Caetano não é apenas um músico, é uma inspiração de vida e pensamento.”
Caetano e Gil: amizade, arte e revolução cultural
O reencontro de Caetano Veloso e Gilberto Gil é um dos momentos mais emocionantes da noite. Amigos há mais de meio século, os dois relembram o primeiro contato em Salvador, ainda nos anos 1960, quando a inquietação artística e a busca por novas sonoridades os uniram. Dali nasceria o movimento Tropicália, que revolucionou a música, o comportamento e o pensamento cultural brasileiro.
Entre risos e lembranças, Gil conta: “Quando a gente se encontrou, era como se já nos conhecêssemos de outras vidas. Foi um encontro de ideias, de liberdade, de amor pela música.”
Caetano, por sua vez, completa: “A Tropicália foi um gesto coletivo de coragem. A gente queria misturar tudo — o que vinha do Brasil, o que vinha do mundo. E, acima de tudo, queríamos ser livres.”
Os dois relembram episódios dos anos de exílio em Londres, falam sobre as mudanças políticas e artísticas que viveram e, claro, dividem o microfone mais uma vez para cantar “Cajuína”, em um dueto repleto de cumplicidade e emoção.
Ney Matogrosso e o impacto do primeiro olhar
Outro destaque é a presença de Ney Matogrosso, que revive a lembrança marcante de quando viu Caetano pela primeira vez. “Foi em Brasília, na década de 1970. Ele estava todo de rosa, e eu nunca tinha visto um homem usar aquela cor com tanta naturalidade. Aquilo me desmontou. Pensei: ‘Se eu for artista, quero causar o mesmo impacto que ele causou em mim’.”
O relato de Ney traduz o que Caetano sempre representou: a quebra de padrões, o desafio às normas e a coragem de ser quem se é. O momento termina com uma interpretação conjunta de “Sampa”, recebida com aplausos e emoção na plateia.
Ivete Sangalo: carinho, respeito e inspiração
Com seu carisma contagiante, Ivete Sangalo sobe ao palco para celebrar a influência de Caetano em sua trajetória. “Ele sempre foi uma presença importante na minha vida. Antes mesmo de o conhecer pessoalmente, Caetano já me estruturava como cantora e compositora. As canções dele me ensinaram sobre emoção e sobre o poder da palavra”, afirma.
A baiana e o conterrâneo dividem o microfone em uma performance de “Você é Linda”, um dos momentos mais aguardados da noite. A sintonia entre os dois — repleta de afeto e respeito mútuo — faz o público se levantar em aplausos.
A emoção do samba com Xande de Pilares e Pretinho da Serrinha
Representando o samba contemporâneo, Xande de Pilares e Pretinho da Serrinha levam ao programa um clima de roda e improviso. Xande relembra com humor a primeira vez que esteve com Caetano: “Fui na casa dele com Pretinho. Tinha um cavaco lá, e começamos a tocar. Caetano chegou e disse: ‘Nunca vi ninguém tocando essas músicas em samba’. Aí expliquei que aprendi a tocar violão lendo revistas e ouvindo as músicas dele. Foi um dia inesquecível.”
O encontro rende uma versão surpreendente de “Odara”, em ritmo de samba, com Caetano sorrindo e batucando junto aos músicos.
Kleber Lucas e a força espiritual da música
A presença de Kleber Lucas traz um tom de introspecção e espiritualidade à noite. O cantor e pastor relembra como Caetano inspirou nele a busca por uma fé livre e inclusiva. “A arte dele me ensinou que Deus também está na beleza, na dúvida e na coragem de cantar o que se sente”, diz.
Juntos, interpretam “Deus Cuida de Mim”, em um dueto de rara sensibilidade que arranca lágrimas da plateia e de Serginho Groisman.
Os filhos e o legado de Caetano
O clímax da noite chega quando Tom, Zeca e Moreno Veloso se unem ao pai no palco. Os quatro tocam e cantam “Leãozinho” e “Muito Romântico”, recriando o ambiente familiar que tantas vezes encantou o público em shows e transmissões anteriores.
Zeca emociona ao dizer: “O maior presente que recebemos do meu pai foi o amor pela música, mas também o olhar generoso sobre o mundo. Caetano nos ensinou que ser artista é ser humano antes de tudo.”
Um repertório que atravessa gerações
Entre histórias e risadas, Caetano ainda presenteia o público com clássicos que marcaram sua carreira, como “Divino Maravilhoso”, “Você Não Me Ensinou a Te Esquecer”, “Sozinho” e “Desde Que o Samba É Samba”. A banda, conduzida por Pretinho da Serrinha, imprime novos arranjos sem perder a essência poética das composições.
Cada canção é recebida com entusiasmo pela plateia, que aplaude de pé um artista cuja obra segue viva e pulsante.
25 anos de Altas Horas: um marco na televisão
Ao final, Serginho Groisman reflete sobre o significado do momento: “Quando penso nesses 25 anos, lembro de todas as gerações que passaram por aqui. Hoje, ter Caetano e tantos artistas incríveis é mais do que uma celebração — é um retrato da história cultural do Brasil. O Altas Horas sempre foi um espaço de liberdade, e Caetano representa exatamente isso.”
O especial também presta pequenas homenagens aos convidados, resgatando trechos de suas carreiras e mostrando como, de maneiras diferentes, todos foram tocados pela música de Caetano Veloso.





