
O universo do futebol é repleto de glórias, idolatrias e histórias de superação. Mas, por trás das quatro linhas, também existem sombras: corrupção, abuso de poder, exploração e dramas pessoais de jovens que tentam transformar um sonho em carreira. É exatamente nesse território de contradições que vai mergulhar a nova série original do Globoplay, inicialmente batizada de Mata-Mata e agora oficialmente intitulada Último Lance.
O projeto, protagonizado por Cauã Reymond, entrou em pré-produção no início de agosto de 2025 e já movimenta bastidores. A plataforma busca jogadores profissionais de futebol entre 18 e 35 anos, além de árbitros e estudantes de arbitragem, para compor o elenco e dar mais autenticidade às cenas. As gravações começam em novembro, no Rio de Janeiro, e a estreia está prevista para 2026.
Uma trama de reinvenção e bastidores sombrios
A narrativa acompanha um ex-jogador de futebol que, após encerrar a carreira precocemente, encontra no trabalho como agente de atletas uma forma de se reinventar. Longe da fama dos estádios, mas ainda ligado à bola, o protagonista vive o dilema de reconstruir a própria identidade, ao mesmo tempo em que se depara com um mercado cruel e competitivo.
Ao lado dele estará uma jovem advogada — personagem ainda mantida em sigilo — que se torna sua parceira de confiança. Ela não apenas o ajuda nos aspectos legais do novo ofício, mas também se torna um elo fundamental em sua tentativa de criar um espaço mais justo para jovens jogadores.
A série não pretende romantizar esse universo. Pelo contrário: trará à tona questões pesadas e pouco exploradas na ficção brasileira, como o assédio sexual sofrido por atletas em formação, o consumo de drogas nos bastidores do esporte, e a exploração emocional e financeira de jovens talentos. Com apenas oito episódios, Último Lance promete ritmo ágil e denso, abordando cada tema com realismo e intensidade.
O time criativo: Thiago Dottori e Lucas Paraizo
O roteiro está a cargo de Thiago Dottori, conhecido por seu trabalho em Psi e no longa Turma da Mônica – Laços. Dottori é responsável pela redação final e já declarou em entrevistas que vê em Último Lance uma oportunidade de unir sua paixão pelo futebol com uma crítica social contundente.
A supervisão de texto ficará sob a responsabilidade de Lucas Paraizo, roteirista de prestígio na Globo, aplaudido por produções como Sob Pressão e Os Outros. A presença de Paraizo é um indicativo claro de que a série buscará equilíbrio entre a dramaticidade intensa e a construção de personagens verossímeis, que refletem dilemas reais da sociedade.
Cauã Reymond: entre o craque e o agente
A escolha de Cauã como protagonista não é à toa. O ator, que construiu uma carreira sólida com papéis complexos e desafiadores, chega à nova série logo após concluir as gravações do aguardado remake de Vale Tudo, no qual interpreta César Ribeiro.
Em Último Lance, Cauã dará vida a um ex-jogador que precisa enfrentar não apenas a frustração do fim da carreira nos gramados, mas também os dilemas morais de seu novo trabalho. A linha narrativa deve explorar o lado humano desse personagem: um homem dividido entre sua paixão pelo futebol e a necessidade de sobreviver em um meio onde a ética muitas vezes é colocada em segundo plano.
Cauã já revelou em outras oportunidades que sempre teve uma relação próxima com o esporte. Na juventude, praticou surfe e jiu-jítsu, e nunca escondeu o fascínio pelo futebol. A preparação para viver esse novo papel deve incluir treinos técnicos, pesquisa de campo e conversas com ex-jogadores e agentes reais, numa busca por naturalidade nas atuações.
De modelo a protagonista: a trajetória de Cauã
Para entender o peso da presença de Reymond em Último Lance, é preciso revisitar sua trajetória. Nascido no Rio de Janeiro em 20 de maio de 1980, Cauã iniciou a carreira como modelo, ainda na adolescência, desfilando em cidades como Milão, Paris e Nova York. Chegou a trabalhar para grandes estilistas e fotógrafos renomados, mas sua paixão pela interpretação falou mais alto.
Estudou no lendário Actor’s Studio, em Nova York, com a coach Susan Batson — a mesma que preparou astros como Nicole Kidman e Tom Cruise. O salto para a televisão aconteceu em 2002, quando interpretou o vaidoso Mau-Mau em Malhação. Dois anos depois, estreava em novelas no sucesso Da Cor do Pecado.
Dali em diante, vieram personagens marcantes: o michê Mateus de Belíssima, o carismático Halley de A Favorita, o ciclista Danilo de Passione e o sertanejo Jesuíno de Cordel Encantado. Em Avenida Brasil, deu vida a Jorginho, filho da inesquecível Carminha (Adriana Esteves), consolidando-se como um dos grandes atores de sua geração.
No cinema, também brilhou em filmes como Divã, Se Nada Mais Der Certo e Tim Maia. Mais recentemente, conquistou público e crítica ao interpretar irmãos gêmeos em Um Lugar ao Sol, mostrando versatilidade e profundidade dramática.
















