
Neste sábado, 26 de julho de 2025, o Cine Aventura da Record TV traz para a tela um thriller de ação que mistura espionagem, conspirações governamentais e um protagonista marcado pelo peso de escolhas difíceis. Agente das Sombras (Blacklight), estrelado por Liam Neeson, é um filme que pode não ter brilhado nas bilheterias, mas carrega uma trama cheia de tensão e dilemas morais que ressoam para além do gênero de ação tradicional.
Um herói que vive nas sombras
Liam Neeson é, há muito tempo, sinônimo de personagens intensos, durões, porém com uma vulnerabilidade sutil que torna seus papéis memoráveis. Em Agente das Sombras, ele interpreta Travis Block, um agente secreto veterano que age longe dos holofotes — um “consertador” do governo, encarregado de missões clandestinas que muitos sequer sabem que existem.
Block é um homem taciturno, quase uma sombra que se move silenciosamente pelo submundo da espionagem. Sua história pessoal está marcada por perdas e arrependimentos, elementos que Liam Neeson sabe imprimir com a costumeira naturalidade e profundidade. O personagem não é apenas mais um “herói de ação”; ele é alguém que luta contra seus próprios fantasmas, ao mesmo tempo em que encara ameaças reais.
Essa complexidade faz de Travis Block um protagonista interessante, especialmente quando a narrativa o coloca em uma encruzilhada: continuar obedecendo ordens de um sistema corrupto, ou proteger sua família e a verdade, mesmo que isso signifique enfrentar seus antigos aliados.
Conspirações, segredos e uma corrida contra o tempo
A trama de Agente das Sombras ganha força quando Block descobre a existência da chamada “Operação Unidade”, um programa ultrassecreto do governo que, sob a batuta de Gabriel Robinson (interpretado por Aidan Quinn), diretor do FBI, executa cidadãos inocentes para manter uma ordem obscura e preservar interesses políticos escusos.
O choque de Block ao descobrir a verdade sobre a Operação Unidade transforma a missão. Não se trata mais apenas de cumprir ordens, mas de impedir que seu próprio mundo — especialmente sua família — seja destruído. O risco torna-se pessoal, e a adrenalina da corrida contra o tempo mantém o espectador preso na tela.
A jornalista Mira Jones, papel de Emmy Raver-Lampman, surge como uma aliada inesperada, trazendo informações e coragem para enfrentar um sistema opressor. Já Dusty Crane, vivido por Taylor John Smith, é um agente que, embora no lado oposto, se encontra em conflito moral, contribuindo para a complexidade dos personagens.

Produção e atmosfera: o olhar australiano
Diferente de muitas produções hollywoodianas convencionais, o filme foi filmado majoritariamente em Melbourne, na Austrália, com cenas intensas de perseguição rodadas em Canberra. Essa escolha traz um frescor visual à obra, com cenários urbanos pouco explorados em filmes de espionagem americanos, o que ajuda a criar uma atmosfera única.
A direção apostou em sequências de ação realistas, evitando exageros digitais para privilegiar cenas mais cruas e palpáveis. Além disso, a trilha sonora, assinada por Mark Isham, é um destaque, equilibrando tensão, mistério e emoção, o que amplifica o clima sombrio do filme.
Apesar do orçamento de cerca de 43 milhões de dólares, a produção enfrentou dificuldades para cativar o público em larga escala, arrecadando aproximadamente 16 milhões mundialmente. Mas isso não diminui seu valor para quem aprecia histórias que desafiam o espectador a pensar sobre poder, ética e justiça.
O peso do roteiro e a crítica: uma recepção dividida
Agente das Sombras recebeu avaliações mistas, que podem ser compreendidas à luz dos desafios que o roteiro e a execução enfrentam. Muitos críticos apontaram falhas na construção da narrativa e nos diálogos, considerando-os clichês e pouco explorados. A trama, embora com potencial, por vezes tropeça na previsibilidade e falta de inovação.
Porém, há quem defenda o filme como uma obra que remete aos clássicos dramas de conspiração dos anos 70, com aquela atmosfera paranoica e desconfiança institucional que tanto marcou o cinema daquela época. O crítico Joe Leydon, da Variety, destacou esse aspecto, ressaltando que o filme traz uma sensação nostálgica aos fãs do gênero.
Para o público, a recepção foi mais equilibrada, principalmente entre os fãs do gênero de espionagem e ação. Muitos apreciaram a performance de Liam Neeson, que traz para o personagem uma combinação de força e fragilidade que poucos atores conseguem expressar.
Temas que vão além da ação
Apesar de se apresentar inicialmente como um thriller de ação, o filme toca em temas sociais e políticos relevantes e atuais. O abuso de poder dentro das instituições governamentais, o dilema ético enfrentado por agentes que atuam em nome da segurança nacional, e o impacto devastador dessas operações secretas na vida de pessoas inocentes, são pontos que permeiam a narrativa.
A personagem Sofia Flores, uma ativista cujo assassinato serve como gatilho para toda a trama, representa essa luta pela justiça e pela verdade em meio a um sistema que prefere silenciar vozes incómodas. Sua morte simboliza o custo real das conspirações — vidas ceifadas em nome de interesses maiores.
Além disso, o conflito interno de Travis Block, dividido entre lealdade ao seu país e a necessidade de proteger quem ama, é um retrato dos dilemas morais que tantos agentes enfrentam, questionando até que ponto o “fim justifica os meios”.
A construção de personagens e a força do elenco
Liam Neeson é, sem dúvida, o coração do filme. Sua experiência em papéis dramáticos e de ação — lembrando títulos como Busca Implacável, Sem Escalas e A Vigilante — o capacita a levar um personagem complexo e cheio de camadas, evitando a caricatura do típico herói de ação.
Emmy Raver-Lampman, conhecida por sua participação em séries como The Umbrella Academy, acrescenta uma energia vibrante como Mira Jones, a jornalista determinada que não teme enfrentar o perigo em busca da verdade. Sua química com Neeson acrescenta humanidade e leveza à trama carregada.
Taylor John Smith, que interpretou o agente Dusty Crane, traz nuances interessantes ao papel do agente em conflito, um homem dividido entre o dever e a consciência. Já Aidan Quinn, veterano ator que participou de filmes como Um Dia de Fúria e Sob o Sol da Toscana, compõe um antagonista convincente, frio e calculista.
O que esperar do Cine Aventura
Quem optar por assistir ao filme no Cine Aventura poderá esperar uma experiência que combina momentos de alta tensão, ação e cenas de suspense com reflexões sobre lealdade, justiça e moralidade. O longa traz sequências de perseguição, embates estratégicos e um enredo que, apesar de seus altos e baixos, mantém o espectador atento.
A narrativa, em sua essência, é sobre o preço de viver entre sombras — tanto literalmente, na vida de um agente secreto, quanto figurativamente, no peso das decisões que moldam destinos. É uma história sobre o indivíduo contra o sistema, e o que acontece quando o que deveria proteger acaba se tornando uma ameaça.
Um filme para fãs do gênero e admiradores de Liam Neeson
Se você é fã dos filmes de ação e suspense que exploram o universo da espionagem, ou acompanha a carreira de Liam Neeson desde seus papéis icônicos, Agente das Sombras é uma boa pedida para o seu sábado à noite. A obra traz uma mistura de adrenalina e drama, ainda que não seja perfeita em todos os aspectos.
Além disso, o filme pode ser visto como um convite a refletir sobre temas importantes em tempos de desconfiança nas instituições e a disseminação de teorias da conspiração. Ele questiona o preço da segurança e as consequências de decisões que, tomadas às escondidas, podem destruir vidas.
Onde assistir
A exibição na Record TV acontecerá no Cine Aventura, a partir das 15h00. Além da transmissão na televisão aberta, o longa americano está disponível em plataformas de streaming por assinatura, como Telecine e Adrenalina Pura, para quem quiser assistir com mais conforto e pausa para absorver os detalhes.





