
Uma animação brasileira está comovendo plateias ao redor do mundo ao tratar com lirismo e profundidade temas como identidade, desejo e pertencimento. Vencedor do prêmio de Melhor Curta L no 14º Festival Rio LGBTQIA+, Como Nasce um Rio, dirigido por Luma Flôres, é um exemplo do poder do cinema em criar pontes afetivas entre vivências individuais e coletivas.
Produzido pela Mulungu Realizações Culturais em parceria com a Anomura Filmes, o curta mergulha na jornada íntima de Ayla, uma personagem LGBTQIA+ em processo de descoberta e reconciliação consigo mesma. Longe de seguir uma narrativa convencional, a obra propõe uma experiência sensorial, onde som, imagem e movimento compõem uma linguagem simbólica que emociona, convida à escuta e evoca memórias.

Uma fábula visual sobre corpo, tempo e identidade
Com 8 minutos de duração, Como Nasce um Rio não busca explicações fáceis ou discursos didáticos. A proposta da diretora Luma Flôres é outra: abrir espaço para o silêncio, a contemplação e a fluidez — como um rio que encontra seus próprios caminhos. O curta traduz em poesia visual a vivência de alguém que aprende a aceitar os próprios desejos e a viver o corpo como território de existência.
A fotografia de Maíra Moura Miranda, a trilha sonora de Andrea Martins e a montagem delicada de Karol Azevedo completam uma estética que se distancia do óbvio. O filme não fala sobre resistência com gritos, mas com sutileza. E talvez seja justamente por isso que ele reverbera com tanta força.
Reconhecimento que atravessa fronteiras
Após o prêmio no Festival Rio LGBTQIA+, um dos mais importantes do país no debate de gênero e diversidade, Como Nasce um Rio segue colecionando reconhecimentos internacionais. A animação já foi selecionada para o Tribeca Film Festival, em Nova York, para o Melbourne International Animation Festival, na Austrália, e para o Anifilm, na República Tcheca. Em sua nova fase, o curta entra na programação do 78º Edinburgh International Film Festival, um dos mais tradicionais do mundo, além de festivais na Suíça, Hong Kong, Canadá, Croácia e Kosovo.
No Brasil, o filme também foi destaque no XX Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador, vencendo tanto o júri oficial quanto o júri das associações BRADA, API e GAMA, que destacaram a força estética e a relevância política da obra.
Produção independente, identidade coletiva
Por trás do curta está a Mulungu Realizações Culturais, produtora baiana que tem se consolidado como referência na realização de conteúdos autorais com protagonismo de mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+. O histórico da empresa inclui longas como Menarca, Receba! e o documentário Cais, além da coprodução de Mulheres Negras em Rotas de Liberdade, projeto filmado no Brasil e na África com participação de nomes como Sueli Carneiro, Luedji Luna e Conceição Evaristo.
















