![A COR PURPURA](https://almanaquegeek.com/wp-content/uploads/2024/02/A-COR-PURPURA-1068x712.jpg)
Baseado no musical da Broadway de mesmo nome, o filme A Cor Púrpura enfrenta a difícil tarefa de ser comparado com dois trabalhos anteriores muito importantes e, ao final, não alcança a excelência de nenhum deles.
A nova adaptação de A Cor Púrpura narra a história de Celie (interpretada por Fantasia Barrino), uma mulher virtuosa que sofre abusos do pai, é engravidada por ele e separada de seus dois filhos. Posteriormente, é vendida para ser criada por Mister (interpretado brilhantemente por Colman Domingo, indicado ao Oscar). Sua única ligação forte com o mundo é sua irmã Nettie (interpretada por Halle Bailey na adolescência e pela cantora Ciara na fase adulta), mas elas perdem contato depois que Nettie quase é estuprada e é expulsa de casa.
As cenas musicais são verdadeiramente encantadoras, bem filmadas e estreladas por grandes vozes que também interpretaram esses papéis nos palcos da Broadway, incluindo a própria protagonista Fantasia Barrino, reprisando o papel de Celie no filme, e Danielle Brooks, que interpretou Sophia no revival do musical em 2015.
A história é profundamente intensa, desde o livro até as adaptações. Neste novo filme, dirigido por Blitz Bazawule (Black Is King), o drama intenso ainda está presente, mas é suavizado por números musicais e blocos que dividem os momentos da vida de Celie. Nesse ponto, o filme abraça a musicalidade com cautela: deseja ser um musical, porém, teme se entregar totalmente à teatralidade, correndo o risco de parecer apenas um filme com música — que, aliás, são ótimas!
Apesar da qualidade dessas cenas musicais, é desconfortável como momentos intensos ou importantes são interrompidos abruptamente pelas músicas. Essa escolha compromete não apenas o ritmo do filme, mas também dificulta nossa conexão genuína com as personagens em determinados momentos — especialmente considerando que o filme retrata cerca de quarenta anos da vida de Celie. Além disso, é estranho que demore tanto para nos conectarmos com ela, sem mencionar a presença de coadjuvantes importantes.