Dirigido pelo russo Kirill Serebrennikov e já nos cinemas, o filme retrata a homossexualidade de Tchaikovsky, o pintor russo mais famoso de todos os tempos (estrelado por Odin Biron) e as consequências em sua esposa, Antonina Miliukova (estrelado por Alyona Mikhaylova). Que de maneira inocente acredita que tem como mudar o marido que foi pressionado a casar, na esperança de que cessem os comentários maldosos sobre ele.
Com fotografia em tons escuros e sombras difusas, com figurinos surrados, locais sombrios, muitos pedintes definhando… Acompanhamos a história do casal principal em que pode-se dizer, ambos são vítimas. Enquanto mulheres se desesperavam para contrair um matrimônio naquela sociedade russa do século XVIIII, em que ter o nome de um marido lhe causava uma espécie de privilégio e segurança. Os homens eram oprimidos pelo machismo e exerciam a sua supremacia.
Antonina vai perdendo a sanidade e colapsando mentalmente, com ritmo cadenciado e com algumas repetições. Kirill elaborou um retrato não totalmente realista daquela época, tomou liberdades poéticas que vieram a calhar muito bem no longa metragem. Vale a pena conferir a imersão em uma Rússia homofóbica nos cinemas. Porém, dessa vez com a Antonina sendo mostrada de forma revisada e empática. E não como em todas as outras vezes em que era retratada como promíscua. Muito importante adentrar nessa história no mês da mulher.