A atuação de Angelina Jolie como Maria Callas é um verdadeiro espetáculo de interpretação. Jolie traz à vida a célebre diva operística com uma presença arrebatadora, unindo graça, intensidade e uma profundidade emocional que transcende as limitações do roteiro. Sua performance não apenas captura a essência de Callas, mas a transforma no eixo magnético do filme, reafirmando sua posição como uma das maiores atrizes de sua geração.

No entanto, o brilho de Jolie não consegue iluminar completamente as falhas estruturais da narrativa. O filme promete explorar o complexo dilema de identidade de Maria Callas – uma mulher dividida entre a figura pública imponente e os anseios íntimos de sua vida privada. Embora essa dualidade ofereça um terreno fértil para uma história envolvente, a execução carece de sutileza e profundidade, entregando uma protagonista que, ao invés de multifacetada, parece fragmentada e incoerente. O roteiro aborda as tensões internas de Callas de forma superficial, deixando de explorar com força emocional a humanidade por trás da lenda.

A estrutura narrativa do filme agrava esses problemas. O ritmo é inconsistente, os saltos temporais muitas vezes confundem mais do que esclarecem, e a falta de uma direção clara prejudica a coesão da trama. Embora alguns diálogos sejam bem elaborados e existam momentos que sugerem um potencial maior – como interações marcantes entre personagens secundários – essas faíscas não são suficientes para sustentar o enredo como um todo. A atmosfera, que deveria ser rica em nuances, oscila entre o exagero e a frieza, afastando o espectador da imersão emocional.

Apesar de sua ambição artística, o filme falha em atingir o impacto que claramente almeja. Há uma desconexão evidente entre a grandiosidade temática que o projeto busca e a execução final. Enquanto Angelina Jolie brilha intensamente, o restante da produção parece incapaz de acompanhar seu nível, resultando em uma obra que, embora visualmente bela e tecnicamente competente, carece da alma necessária para honrar sua protagonista.

No fim, Maria Callas se revela uma oportunidade perdida. A poderosa atuação de Jolie merecia um filme que fosse tão ousado e profundo quanto sua interpretação. Em vez disso, o longa entrega uma narrativa que tenta ser grandiosa, mas aterrissa no terreno seguro da mediocridade, frustrando as altas expectativas que seu elenco e proposta inicial inspiravam.

Avaliação geral
AVALIAÇÃO GERAL
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Esdras Ribeiro
Além de ser o fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras Ribeiro também desempenha o papel de Diretor de Arte na Agência Arte de Criar Digital. Possui formação em Design Gráfico e atualmente está cursando Publicidade e Propaganda na Faculdade Estácio.
critica-angelina-jolie-brilha-em-maria-callas-mas-o-filme-nao-alcanca-sua-grandezaA atuação de Angelina Jolie como Maria Callas é o ponto alto do filme, com uma performance magnética que transborda intensidade e profundidade emocional. No entanto, a narrativa falha em acompanhar sua grandiosidade, apresentando uma protagonista fragmentada e uma história superficial. Problemas como ritmo inconsistente, estrutura irregular e falta de coesão comprometem o impacto emocional da obra. Apesar de momentos promissores, o filme não explora plenamente o dilema de identidade de Callas, resultando em uma experiência que almeja grandiosidade, mas entrega apenas um esforço mediano.

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