Às vezes, um filme nos faz questionar os critérios usados para chegar aos cinemas. “O Homem do Saco”, dirigido por Colm McCarthy, não só nos deixa com essa pergunta, mas nos faz refletir se o próprio diretor sabia o que estava tentando criar. Vendido como uma “história de fantasmas antiquada”, o longa acaba sendo uma colcha de clichês mal costurados, sem tensão, emoção ou personalidade.
A premissa tem certo potencial: Patrick (Sam Claflin), um inventor em crise, volta para a casa de infância com sua família e começa a ser atormentado por pesadelos e uma entidade misteriosa. Até aí, parece uma fórmula conhecida, mas aceitável. No entanto, a execução é desastrosa. Os sustos previsíveis e os diálogos sem vida tornam difícil qualquer envolvimento emocional com a história.
Nos primeiros quinze minutos, já se percebe que o filme tem apenas dois truques: barulhos ensurdecedores e luzes piscantes. Cada cena que tenta criar tensão se transforma em uma piada involuntária, deixando o espectador mais entediado do que assustado.
O grande antagonista, o temido Homem do Saco, é apresentado como uma figura mística que sequestra apenas crianças boas. Uma ideia intrigante, mas que rapidamente se desfaz com um visual risível. Em vez de provocar calafrios, o monstro parece uma fantasia de Halloween retirada da lixeira de uma loja de descontos.
A construção da mitologia em torno do vilão também é rasa e sem criatividade. O roteiro não explora o suficiente para tornar essa figura verdadeiramente assustadora ou simbólica.
Colm McCarthy, que já mostrou competência em projetos anteriores, parece perdido aqui. O ritmo arrastado, combinado com uma direção apática, faz com que até os momentos de tensão pareçam forçados. O resultado é um filme que se leva a sério demais, sem oferecer nada que justifique essa pretensão.
“O Homem do Saco“ não é apenas um filme esquecível — é um exemplo de como não se fazer terror. Sem sustos, sem tensão e sem originalidade, o longa deixa uma lição: às vezes, é melhor que certas histórias nunca saiam do papel.